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Uma revolução social é pinto, diante do galinheiro da revolução informacional – Nepôda safra 2011;

Na atual crise teórica, filosófica, paradigmática da Revolução da Informação a maior dificuldade que temos de rever alguns conceitos é sobre a influência das tecnologias da inteligência (como gosta Lévy) na vida social.

(Já usei também tecnologicas cognitivas, fica a critério de cada um.)

É bom, antes de tudo, separar tecnologias.

Não é incomum, até em palestras que participei, de alguém comparar a revolução informacional em curso com a chegada da luz elétrica, da locomotiva ou do avião.

Sim, são revoluções tecnológicas importantes, mas aqui é um tipo de mudança tecnológica particular e específica: a passagem de uma tecnologia intelectual, que expande a nossa capacidade cognitiva, para outras que expandem outras impotências humanas (ver no escuro, ir mais longe, mais rápido, voar).

A capacidade de pensar define como nos organizamos e isso tem uma relação direta com o controle da informação e, por sua vez, com o poder.

O que deve ser chamada a atenção para não haver confusão.

Assim, o primeiro passo para criar uma lógica menos ilógica com a chegada da Internet é estudar o passado das mudanças das tecnologias da inteligência, tal como a fala, a escrita e suas vertentes, escrita manual, impressa, depois a difusão da voz, via rádio, e das imagens, via tevê.

Amplia-se ainda pelo telégrafo,  telefone, celular, que expandiu nossa capacidade de conversar ainda dentro da perspectiva das tecnologias da inteligência.

Esta é uma barreira que precisa ser superada para não nos perdermos na lógica da estrada.

Há em curso uma mudança radical em uma tecnologia da inteligência. Que tem causas e consequências específicas que devem ser estudadas sob esse ponto de vista!

O segundo passo a ser dado é separar mudanças diversas de diferentes tecnologias da inteligência.

Há várias formas de se chegar a essa diferença, já vi inúmeras, mas a mais eficaz e a que me ajudou a afinar o fenômeno é o impacto que essa nova tecnologia intelectual exerce sobre o ambiente de poder estabelecido pela sociedade.

As tecnologias da inteligência são as que mais influenciam em mudanças radicais na forma que organizamos a sociedade!

O rádio, a tevê, o telefone, o fax foram, sem dúvida, novas tecnologias da inteligência importantes para o mundo provocaram diferentes mudanças, estuda-se profundamente seus aspectos até hoje.

Porém, a sua capacidade de criar novos canais na sociedade, abrindo o leque para novos atores, não se mostraram efetivos. Foram criados e utilizados basicamente por aqueles que já detinham já os instrumentos do poder.

Foram tecnologias da inteligência que reforçaram e ampliaram, aliás, o poder que existia, obviamente, com mudanças sutis e cosméticas aqui e ali, mas não de forma radical, como vemos na rede.

Tais tecnologias da inteligência tinham cláusulas de barreiras altas, eram caras, nem todos podiam operá-las.

Além disso, o controle sobre aqueles que ousavam desafiá-la não era tão complexo, vide a repressão às rádios piratas.

Ou seja, outro passo que temos que dar é que há diferentes tecnologias intelectuais.

As que permitem uma oxigenação social, ferramentas que permitem a circulação de novas ideias na sociedade, a baixo custo, como foi o caso da fala, da escrita, principalmente a partir da difusão da prensa.

Tais tecnologias rompem com o controle informacional anterior, sendo uma ampla estrada para mudanças sociais de larga expressão.

E, de outro, lado tecnologias da inteligência que mantém o controle informacional, como foi o rádio e a tevê.

Ao olharmos a Internet, portanto, temos que descartá-la como uma uma mudança tecnológica qualquer como a chegada da luz elétrica, por exemplo.

Mas uma mudança de uma tecnologia da inteligência.

E ainda um tecnologica da inteligência barata e oxigenadora, que cria um descontrole de poder, ou seja, radical.

Por fim, é preciso quebrar outro mito, este mais difícil, pois a adesão coletiva à uma tecnologia da inteligência propicia (não faz por si só) mudanças sociais. Podemos chamar de:

A mão invisível da informação.

Ou seja, o descontrole informacional permite novas ideias circulando e quem quer mudar o que não lhe agrada passa a ter um canal privilegiado para isso.

Assim, revoluções da informação são barrigas grávidas de revoluções sociais.

Explico.

Gutenberg, ao lançar a prensa, tinha o objetivo de vender panfletos na porta da Igreja de forma mais barata.

Estava há milênios de anos luz da sua mente imaginar que a difusão da escrita impressa iria ajudar tanto o mundo nas mudanças que se seguiram.

Tal como a revolução francesa, industrial, americana, o surgimento do próprio capitalismo e até a sua crítica, o comunismo, todos movimentos feitos a base da troca de ideias no papel impresso.

Idem com o surgimento da Internet nos EUA, que tinha fins militares.

Ou seja, os estudos da história da informação que se iniciam fortemente impulsionados pela Internet já demonstram que temos que rever a maneira que a história é pensada, tanto pelos historiadores não-marxistas, como por estes.

De alguma forma, ambos terão que rever o papel das tecnologias da inteligência em mudanças radicais na sociedade, a partir de um ambiente na qual as ideias ficam mais baratas para circular e são incontroláveis pelo poder vigente.

Diante disso, cria-se um novo cenário e abre-se uma nova etapa humana, dentro da qual as lutas internas, de poder, de classe, econômicos, começam a duelar, na qual as velhas teorias podem ser aplicadas, porém, dentro de um novo patamar de correlação de forças.

Na pós-revolução da informação os cidadãos passam a ter mais poder de mudança e embaralham de forma diferente as antigas teorias.

É um elemento macro a mais a ser pensado e incorporado na fórmula final de cada um dos campos que estudam a sociedade.

Que dizes?

 

 

 

4 Responses to “A mão invisível da informação”

  1. Lendo essa matéria lembrei-me de uma coisa interessante:

    Sócrates Vs. Gutemberg.

    Sócrates nada deixou escrito por temer que os seus pensamentos escritos influenciassem as mentes dos que a lessem, tornando-as preguiçosas, ou que mudasse o modo de ver de cada um das coisas.

    Já Gutemberg pagou pra ver no que isso poderia dar.

  2. Só pra acrescentar:
    Sócrates – 469 a 399 AC
    Gutemberg – 1398 a 1468
    Quase dois mil anos de diferença entre a morte de um e o nascimento do outro. O quanto já teria mudado se a prensa tivesse sido criada na época de Sócrates? Considerando-se uns 10 mil a 15 mil anos de civilização humana registrada científicamente.

  3. Outro fato, que não me lembro onde li e nem o nome do personagem, mas que um dos diretores/coordenadores da Biblioteca de Alexandria, no início de sua existência (da Biblioteca), criou uma máquina semelhante à maria fumaça e o mesmo teria sido aconselhado a não desprender energia com o feito, pois existiam muito escravos para fazerem os transportes dos blocos de pedra que eram utilizados para fazer os grandes monumentos e moradias de reis da época, que eram de grça e não tinham custo nenhum. Imaginem se a “maria fumaça” tivesse sido criada naquela época. A política do poder e de oprimir os semelhantes provocaram uma retroação à humanidade inimaginável.

    • Carlos Nepomuceno disse:

      João, respondendo tudo junto…

      Pelo que vi e li, cada tecnologia se dissemina em uma época, mas a visão da mesma ocorre antes, lembre de Da Vinci com asa delta e helicóptero, por exemplo.

      A Grécia teve seu surto em função da criação do alfabeto que facilitou em muito a escrita, foi uma prensa da época que permitiu um grande avanço.

      Legal seus comentários, compuseram bem o post, abraços, grato pela visita, Nepô.

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