Vamos falar hoje da “Editora de pessoas” – ou “Editora de encontros”.
Eis o resultado do exercício em sala de aula:
NOVA EDITORA 2.0 – uma produtora de idéias
Nomes sugeridos:
Pensamentos líquidos
Diante da mudança possível no cenário:
- Problema de mentalidade/quebra de paradigma
- Queda do preço/sebos online/cópias piratas
- Aumento de títulos/falta de tempo de leitura
- Novo público jovem com outras demandas
- Aumento cada vez maior da interatividade
- Mudança de canal de distribuição/mercado digital/livros digitais/tablets/venda de livros por capítulos
- Novos modelos de negócio/Novos concorrentes
- Independência dos autores publicando e vendendo seus próprios produtos
- Conhecimento sólido passando para o líquido, menos consolidado.
Sugerimos ao cliente da editora tradicional que ele deve ponderar e problematizar para tomada de decisão:
a) Pensar na hipótese de criar uma nova editora, como uma empresa em separado (independente de criação, ou não de novo CNPJ), com equipe própria e modelo cultural de gerenciamento de funcionários colaborativo;
b) Deve escolher executivo compatível com novo paradigma e visitar empresas inovadoras em gestão colaborativa, seguida de capacitação estratégica;
c) A editora deixará de vender “livros” e se caracterizará com venda de idéias, através basicamente da promoção de eventos presenciais ou on-line, grandes, pequenos, customizado para empresas, grupos, etc;
d) Será feito acordo com pensadores/articuladores/estimuladores/linkadores que adaptarão seus pensamentos para um modelo de interação com suas platéias;
e) Tais encontros serão documentados e disponibilizados em plataforma que será gratuita e/ou paga ou terá venda de patrocínio, a discutir melhor;
f) Por fim, serão feitos sub-produtos dos encontros por demanda, que podem ser nos mais diferentes formatos, conforme pedidos feitos pelos consumidores.
Bom, é preciso registrar que na avaliação final depois que colocamos no ar o exercício, a turma se dividiu:
– Parte não acha viável o projeto acima, alegam que, de maneira geral, no que entendi: o Brasil não compra conhecimento, autores famosos não vão topar esse processo, pois vão perder dinheiro, é algo para década que vem, etc….
– Outra parte, disse na turma, ou já no elevador, que é preciso experimentar, que as resistências ao novo apareceram também na turma.
O que nos leva para uma discussão rica e interessante.
Entrei na sala com mais certeza desse modelo de negócios, do jeito que está aí em cima, talvez tenha influenciado a turma mais do que o necessário.
Porém, saí com uma certeza líquida de que o grande negócio e a grande questão para quem vende “informação e conhecimento” – mídia e editoras é se concentrar em outras questões, bem mais profundas e diferentes do que as que estão hoje no mercado, o que baliza melhor o desafio:
O salto que tive no papo com a turma é que essas questões nos levam a pensar em modelos de projetos nos quais mudamos completamente a ideia de escolas, universidades, editoras, etc…
Se pararmos para pensar elas se organizaram assim por causa de um dado contexto, a editora acima chamada de 2.0, na verdade, é uma escola sem fronterias móvel, flutuante, andarilha, online e offline, reunindo novos profissionais não mais detentores de conhecimento fechados.
As relações se estabelecem por um critério de meritocracia.
São pessoas mais articuladores de coletivos, com profundo grau de discussão, que se constrói na troca humana, além do acesso aos livros.
O que dá muito o que pensar.
Foi muito boa a discussão com a Dig 8…
Quinta será o último dia, com direito a conhecimento líquido no bar. 😉
Acho essencial a noção de que uma editora vende ideias e não livros. Assim como uma empresa de ônibus na verdade soluciona o problema de transportar indivíduos de um ponto a outro por um baixo custo, sendo futurista ao extremo, podemos dizer que no futuro “empresas de ônibus” possam vender bilhetes de espaçonaves. Enfim, acho que o que fica de principal é que a empresa deve saber exatamente o que ela realmente vende (qual demanda ela atende), em uma escala bem mais ampla do que a de um livro ou de um meio de transporte específico.
Nesse sentido, acho a ideia de editora 2.0 (com suas palestras-show) sugerida na aula bastante interessante sim, mas não tão simples quanto pareceu. Considero a preocupação com custos de implementação importantíssima, pois não adianta ter boas ideias e não conseguir vendê-las.
Para solucionar esse empasse, o que eu pensei durante a aula mas acabei não compartilhando é que o primeiro passo para essa empresa se tornar 2.0 é investir em CRM (ou qualquer coisa parecida com isso). Antes de conhecer seus produtos/serviços, ela deve conhecer a fundo seus clientes. Trançando a partir disso estratégias de segmentação cada vez mais refinadas.O problema de explosão de conteúdo poderia ser amenizado através dessa filtragem, que não diria o que é bom ou ruim, mas o que foi feito para você (consumidor).
Assim, a nova editora venderia ideias não de um jeito engessado (seja ele um livro ou uma palestra), mas de um jeito especifico para cada tipo de público.
Acredito que a ideia de palestra-show atende a demanda de conhecimento (líquido), mas o mercado de ideias envolve certo tipo de produto como Harry Porter, como as mensagens de auto-ajuda, que estão longe de se encaixar em um modelo de construção colaborativa feita ao vivo. As pessoas gostam de histórias prontas.
Durante a aula, foi sugerido que nesses casos seria como ir a uma peça de teatro. Eu acho que não. Eu uma peça, por mais que a platéia transmita sua energia para o palco, o texto foi ensaiado e o enredo tem seu desfecho definido. Continuaria não sendo uma construção 2.0.
Por isso, acho que uma grande editora (que publica muito entretenimento e está há 40 anos no mercado) que deseja se tornar 2.0 deve saber que apenas um certo tipo de nicho poderá ser atendido nesse formato palestra-show. Os demais nichos podem sim (e por que não?) ser atendidos através de livros de papel, livros digitais, podcats (como sugeriu o Leonardo) e mais uma infinidade de novas mídias, até mesmo por leituras orais (como na sugestão de peças de teatro).
Concluindo: a editora será uma nova editora se passar a realmente entender o seu público e segmentá-lo. Acho que esse seria o primeiro passo para uma verdadeira mudança.
Mas vamos discutir isso melhor no chope 2.0. rs
Nicole, diria que vc entendeu o espírito do chope, ou melhor da coisa rs
É refazer o caminho para saber qual é o problema a ser resolvido, começar do zero, deixando tudo que se sabe de lado.
O que amadureci é que “vender conhecimento líquido” é o grande novo nicho do mercado…quem conseguir desvendar esse mistério estará bem posicionado.
E isso exige muita reflexão e prática, tentando e errando.
O que acho que o Brasil não é muito um local para inovadores, mas…
valeu comentário e visita,
Nepô.
Sobre a aula de ontem, Nepô!
Na minha perspectiva, o grande ‘pulo do gato’ em toda a discussão sobre a Nova Editora 2.0 aconteceu quando saímos da caixa e olhamos o macro, atentamos para uma problemática que está na essência da comunicação e não no formato.
Há a necessidade latente de quebrar paradigmas, reformar com profundidade a cultura organizacional tanto na empresa, na escola, na universidade como na própria sociedade como um todo.
Ao ‘sair da caixa’ nos deparamos com problemas bem mais profundos. A superficialidade em coisificar a informação no formato de um livro nos deixou limitados. E a partir do momento que esse formato foi abolido da nossa discussão, os horizontes se abriram a ponto de chegarmos ao pensamento líquido, menos consolidado e sem fronteiras.
Diversos itens foram levantados sobre quais mudanças relevantes deveriam acontecer em uma empresa para que a nossa consultoria 2.0 tivesse êxito. Itens esses, já expostos no seu blog.
Ao final da aula, cheguei à conclusão de que o modelo proposto é viável sim e, apesar da tradicional resistência ao novo, devemos olhar com muita atenção aos problemas da falta de tempo, da melhoria da qualidade da informação e à construção de um novo tipo de conhecimento, sem fronteira, inovador e colaborativo.
Forte abraço!
Fabiano, é isso, o mais importante do encontro foi o método e não seu resultado, o pessoal viu como desossar o frango, agora como cada um vai cozinhar..é por conta do cozinheiro, valeu a força.
Nepô.
Falar sobre a editora 2.0 me fez pensar em um monte de coisas,no público, nos temas na organização da empresa, na divulgação, no lucro, nos palestrantes e em como a editora movimentaria o mercado editorial.
Inicialmente meu foco era o público que a editora atrairia. Quem são os pensadores líquidos? Ou melhor, quem quer construir conhecimento líquido? Como construir e gerir uma empresa nesse modelo? Como vender um produto que muda continuamente, que não é uma certeza?
Continuei pensando e percebi que descobrir e conquistar público e obter lucro seria uma questão de tempo e estratégia e não um empedimento.
Ouvindo os colegas comecei a pensar no modelo de gestão para um negócio 2.0, em como articular as pessoas que comporiam a empresa dentro do novo paradigma.
Entendi que antes de pensar em um produto, formato, tema ou estratégia de divulgação eu precisaria me “editar” no modo 2.0, assim como todos os envolvidos, para levar a editora adiante.
Já no caminho para casa continuei refletindo sobre a mudança que o mundo 2.0 exige na postura da empresa, como cada vez mais é preciso ser o que se vende e entender que empresa e público são pessoas que querem ser tratadas por pessoas e como pessoas. Entendi que o primeiro passo para a editora 2.0 seria a definição estratégica, um modo de gestão orientado para o coletivo. Mas como seria isso? Ainda estou com muitas perguntas na cabeça, alguns livros para ler e muitos posts para escrever…