Vimos aqui o que mídias altera a sociedade.
O novo milênio traz nova mídia que chamamos genericamente de “Digital”, que significa a chegada de novos canais e nova linguagem.
Nestes momentos, a sociedade se abre para nova Era Cognitiva Civilizacional, pois se troca, ao longo do tempo, a placa-mãe, é refeito o sistema operacional e depois os aplicativos.
O que temos que discutir é até onde vai essa mudança, qual o grau de disrupção que temos pela frente?
Nesta nova era Cognitiva Civilizacional podemos constatar que na primeira etapa tivemos um “banho de loja” nas linguagens anteriores (gestos, oralidade e escrita), que se digitalizaram e se descentralizaram.
É o que chamamos de Digital – Parte I, massificação de novos canais e adaptação/massificação das linguagens existentes.
Porém, esta é apenas a primeira parte da mudança com o Digital, que é provocada pelos novos canais.
O que vai ter o maior impacto não é essa primeira etapa, mas a segunda: a chegada da nova linguagem.
O Digital – Parte II.
Tenho chamado de “Linguagem dos Cliques”, ou “Linguagem Digital”.
Os cliques são linguagens de trocas muito simples e primitivas, se comparadas às demais, porém muito úteis para uma espécie com 7 bilhões de membros.
Permite que uma série de problemas coletivos passem a ter soluções mais compatíveis com a atual complexidade demográfica, o que antes não era possível.
São os cliques que permitem, por exemplo, o surgimento do Waze, do Uber, do Mercado Livre ou do Youtube. Só os canais digitais não permitiriam tais projetos.
Os cliques deixam rastro a cada visita, compra, comentário, compartilhamento que permitem que melhores decisões sejam tomadas pela experiência individual que é compartilhada por muito mais gente – o que antes não era possível.
Os cliques fazer parte de um tipo de linguagem utilizada por espécies mais numerosas, como a das formigas e permite que possamos iniciar a experimentação de novo modelo da administração sem gerentes, ou líderes-alfas.
Marca o início da passagem de Sapiens Sonoro para Sapiens por Rastros.
Pela primeira vez, desde que saímos das cavernas estamos deixando de ser uma espécie que adotou a classe administrativa mamífera e passa para a insecta.
Os cliques, diferente dos gestos, ou da oralidade ou das escritas, é uma linguagem disruptiva. Todas as outras foram incrementais ou, no máximo, radicais.
É disruptiva, pois permite que possamos praticar um modelo de administração, que nos abre nova classe administrativa.
Por isso, sob este ponto de vista, temos dois sapiens: o antes e depois dos cliques, sendo assim a Civilização 2.0 e não a 3.0, como até eu sugeria.
Independente a classificação, precisamos encara o grande desafio que temos: entender e agir com a dimensão que o momento exige.