A base para as trocas humanas é feita pela confiança entre as partes. Para confiar em alguém, preciso ter certeza que a pessoa não vai me trair, ameaçar ou enganar.
Todas as trocas são feitas, assim, baseadas em determinada taxa de confiança.
Se resolvemos ir mais fundo no assunto, perceberemos que a capacidade que tenho de confiar no outro está imersa pelas mídias que tenho disponível a cada momento da história.
Numa cidade pequena, por exemplo, é a oralidade que estabelece canais de confiança entre as pessoas.
Todo mundo sabe da vida de todo mundo, pois a fofoca rola solta – maneira humana de contar aos outros possíveis problemas que podem ocorrer com determinadas pessoas.
Quando crescemos demograficamente, principalmente no último século e, por necessidade, tivemos que morar em megalópolis, a fofoquinha de botequim sofreu u abalo.
Foi necessário novo paradigma para gerar confiança diante da nova complexidade.
Surge o o marketing dos meios eletrônicos, que estabelece novo modelo de confiança: vertical, centralizado e massificado.
Quem aparece na Tevê, é de confiança, quem não aparece, hummm, desconfio.
Saímos, assim, da confiança oral da fofoca das pequenas cidades – que funcionava bem em menor escala – e partimos para a Confiança 2.0, massificada dos grandes centros urbanos.
Obviamente, que isso gerou problemas:
- Houve forte verticalização do consumo a favor das grandes marcas;
- Tornou impraticável, pelo custo dos anúncios nas mídias disponíveis, a confiança mais horizontal em larga escala.
Tivemos, assim, ao longo de décadas, a hiper-verticalização da confiança, gerando forte concentração social, econômica e também política.
Simplesmente, pela incapacidade de geração de confiança mais horizontal e personalizada – faltava mídia!
O novo século trouxe novo ambiente midiático e, com ele, a nova linguagem digital, com forte impacto no modelo de confiança.
Podemos dizer, assim, que criamos a Confiança 3.0.
Hoje, no Mercado Livre posso comprar bateria de celular de um cidadão do Piauí, que nunca vi mais gordo ou deixar minha filha entrar no Uber sem receio de achar que o motorista vai sequestrá-la.
A nova Linguagem Digital, baseada na nova Reputação Participativa e apimentada pela Inteligência Artificial, permite que cada fornecedor seja hiper- fiscalizado por muito gente.
Começamos a desenvolver o que podemos chamar de confiança horizontal de desconhecidos em larga escala.
Criamos oportunidade para recriar as organizações num mundo cada vez mais habitado.
Sem a Confiança 3.0 não haveria Youtube, Facebook, Uber ou Bitcoin.
A Confiança 3.0 deveria estar no topo das novidades mais disruptivas do século, mas não está.
É mudança mais cultural do que tecnológica, o que não entra no radar dos teóricos marqueteiros de plantão.
É a Confiança 3.0 permite ganho escala e exponencialidade.
Desconhecidos passam a trocar e fazer negócios.
Não, não entramos na Era de Aquário e nem é a solidariedade de Jesus que chegou ao coração dos homens, que, graças aos céus, estão mais colaborativos.
É a nova mídia, mané!
É isso, que dizes?