Muito se fala que vivemos crise de representação política.
Re-presentar é ato de alguém se fazer presente no lugar de outro para decidir por ele.
Desde que o Sapiens é Sapiens, temos diferentes modelos de representação, que foram evoluindo no tempo, conforme fomos aumentando Patamar de Complexidade Demográfica.
Passamos pelos chefes de tribos, imperadores, monarcas absolutos e, finalmente, chegamos aos presidentes e primeiros ministros, incluindo os antigos nobres – hoje, parlamentares.
Veja que a democracia começa na Grécia, na praça, presencial, oral, de forma direta, sem intermediários.
O crescimento demográfico, entretanto, tornou tal modelo obsoleto. Democracia direta era compatível com a quantidade de pessoas que decidiam.
E aí temos fórmula importante para pensar o futuro da política: quanto mais gente tivermos no planeta, mais sofisticada terá que ser a administração da atividade.
Precisamos urgentemente de decisões de mais qualidade para a nova quantidade.
A prática de eleição, de tempos em tempos, para que pessoas, num lugar distante, decidam absolutamente tudo por nós, me parece, definitivamente, esgotada.
O problema da atual política, assim, não é apenas trocar pessoas más por boas, mas modificar, por completo, o conceito filosófico-administrativo de como decidimos coletivamente.
A história demonstra que o aumento radical da taxa de ética de determinada sociedade não vem apenas do indivíduo para o sistema, mas principalmente do sistema para o indivíduo.
É preciso aprimorar, de forma disruptiva, a fiscalização e controle sobre as organizações políticas.
Temos, assim, algumas macro-tendências para a política no novo milênio:
- descentralização e distribuição das decisões por localidades, cada vez com mais autonomia;
- uso intenso de novas tecnologias digitais para debate e decisão;
- criação de modelo de Reputação Digital, ao estilo Uber, que pode afastar representantes que não tenham as “estrelas” necessárias;
- e, por fim, uso intenso de inteligência artificial para apontar problemas e desvios, incluindo ajuda na elaboração de leis.
Já temos primeiro balão de ensaio com a chegada do Uber no mundo dos táxis: em muito pouco tempo, aumentamos a taxa de transparência e de ética naquele atendimento.
O que precisamos fazer agora é adaptar a uberização à atividade política, para que nossos netos não deixem mais o rabo, como é hoje, balançar tanto o cachorro.
É isso, que dizes?
Em áudio:
https://youtu.be/XLCnnEs8JPc