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Tenho insistido em dizer que o Sapiens caminha para o Descentralismo ao longo da macro-história.

Podemos entender descentralismo como o aumento gradual da capacidade de cada indivíduo  tomar decisões ao longo da vida.

O descentralismo é algo que caracteriza a essência humana, como defendi aqui. 

Faz parte do que é natural da nossa espécie.

Podemos dizer que o Sapiens 3.0, filho do digital, toma e tomará cada vez mais decisões, do que o Sapiens 2.0, filho da escrita e o 1.0, da oralidade.

Por sermos espécie tecno-cultural não temos limites demográficos, mas precisaremos necessariamente alterar a forma como nos relacionamos e nos organizamos ao longo do tempo para lidar melhor com novo patamar de complexidade.

O Sapiens 1.0,  Oral,  por exemplo, tinha  teto demográfico intransponível, pois a oralidade era incapaz de permitir o aumento da participação de cada indivíduo nas decisões.

Sociedades Orais tinham necessariamente que viver sob determinado tipo de centralização. A complexidade não podia ser distribuída por falta de tecnologias cognitivas e, portanto, havia  limite de crescimento demográfico.

Quando estudarmos – sob esta nova ótica – antigas civilizações que entraram em colapso, veremos sempre os efeitos destes dois fatores em relação:

  • o aumento da complexidade demográfica;
  • que acaba por bater na capacidade de descentralização de decisões, por falta de mídias adequadas.

A passagem de ambiente organizacional mais centralizado para mais descentralizado demanda, assim, sempre mudanças cognitivas individuais para permitir descentralização.

Cada individuo terá que ter mais capacidade de decisão –  a única forma que permite lidar com a Complexidade Demográfica no longo prazo.

O cérebro precisa ser mais bem preparado para tomar decisões mais lógicas (educação) e ter melhor ferramenta de apoio (tecnologia cognitiva).

Quando uma sociedade aumenta a complexidade necessariamente vai precisar –  para não entrar em colapso –  de nova educação, novas mídias e, por fim, novo modelo de organização, que permita a descentralização das decisões.

Quando isso não é possível, tende à centralização e crises cíclicas e permanentes.

É isso, que dizes?

 

2 Responses to “O Descentralismo Irreversível”

  1. […] Qualquer estudo mais eficaz do novo milênio tem que analisar estas três tendências em separado e como elas se potencializam em direção à grande macrotendência do milênio: a descentralização, como detalhei aqui. […]

  2. […] Nossa espécie vive sob a égide da Complexidade Demográfica Progressiva. Mudanças na comunicação e na administração não são opcionais, mas obrigatórias. […]

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