Já disse aqui neste canal que a grande divisão do pensar e agir humano está na resposta da seguinte pergunta:
“Por que estamos aqui?”.
Se há para esta resposta um propósito geral da espécie, necessariamente, alguém sabe qual é o melhor caminho.
Há um centro que se aproxima mais daquela verdade, ou daquele propósito.
O resto das pessoas que não sabem precisam saber, através de quem sabe.
E este alguém – que sabe – se sente com vontade de criar correntes políticas ou doutrina religiosa – ou ambos – para que o Sapiens vá naquela direção.
É, a meu ver, a origem dos pensamentos autoritários, dogmáticos. totalitários, que podemos chamar de base filosófica centralizadora.
Existe uma separação entre quem sabe e quem não sabe o caminho.
E o mundo será separado entre aqueles que mais sabem e aqueles que ainda não sabem e deveriam saber.
É um pensamento filosófico intermediador, centralizador.
Por outro lado, se não há propósito geral da espécie, ninguém sabe qual é o caminho.
E o objetivo do Sapiens será apenas viver como as demais espécies.
Esse pensamento admite que o ser humano é capaz de refletir sobre a sua vida de forma mais consciente que outras espécies, mas isso não nós dá o direito de achar que temos algo de muito especial.
Simplesmente, nossos conflitos existenciais existem, mas não precisamos criar algo para preencher esse vazio.
Esta é a base do pensamento filosófico libertário, do conceito de ordem espontânea, inteligência coletiva ou cultura de participação.
E do que podemos chamar de filosofia descentralizadora.
Cada pessoa sabe alguma coisa na sua luta diária pela sobrevivência e é o somatório dessa sabedoria distribuída que nos permite avançar de forma descentralizada como espécie sem nenhum propósito.
Não há um guia ou centro, mas caminho que é construído de baixo para cima e de forma horizontal.
É um pensamento filosófico não-intermediador.
A base do Descentralismo 3.0, que também chamo de quando em vez de Liberalismo 3.0.
Podemos dizer, ainda, para concluir, que:
- Quando temos eras de mídias centralizadoras, a tendência é que o pensamento filosófico intermediador, centralizador, ganhe escala como ocorreu no século passado.
E vice-versa.
- Quando temos eras de mídias descentralizadoras, a tendência é que o pensamento filosófico desintermediador, descentralizador, ganhe escala, como assistiremos neste novo milênio.
É isso, que dizes?