Existe corrente na filosofia chamada pragmatismo.
Que acredita que a verdade é o que funciona.
Nada contra.
- Desde que se entenda que o que funciona hoje não é para sempre, pois o contexto é mutante;
- E de que tudo que funciona tem relação de custo/benefício, que pode ser disruptiva. Há sempre um custo de migração entre contextos a ser avaliado.
O pragmatismo tem certa ilusão de continuidade definitiva. E funciona melhor, muito bem, quando os contextos estão estáveis.
E é venenoso quando vivemos momentos de ruptura, como agora.
Contextos criam, assim, mentalidades, que se tornam obsoletas em novos contextos disruptivos.
Toda tentativa entender o futuro disruptivo, via pragmatismo, sempre será feita dentro daquele contexto e mentalidade.
O pragmatismo em contextos disruptivos é espécie de bússola sem imã, pois está preso ao “sopé da montanha”.
Quando contextos, como agora, no novo milênio, entram em processo disruptivo, o pragmatismo se torna nocivo.
Por quê?
As ferramentas de análise de futuro e melhoria de processos se baseiam:
- Na experimentação;
- E troca de experiências.
O problema é que tais ferramentas de análise não conseguem compreender a mudança de contexto, pois tudo estará dentro da mesma mentalidade.
A verdade está no que funciona, mas o que fazer quando o que funciona entra em disrupção?
O método pragmático terá custo muito maior , pois não vai conseguir atuar sobre as mentalidades e nem ter visão mais clara do novo contexto.
O futuro não pode ser compreendido com pesquisa e conversa dentro da mesma mentalidade, com o mesmo método de análise.
Há necessidade de se incorporar, como ferramenta prática:
- A análise e evolução dos contextos históricos (historicismo);
- E um trabalho crítico sobre as mentalidades, que entram em processo de mutação (revisão filosófica).
É por isso, faz tempo, que abracei a escola canadense de comunicação e não autores americanos para entender o futuro.
Americanos têm boas sacadas e os melhores empreendimentos, mas não são os que têm as melhores ferramentas para compreender o que virá.
Estão intoxicados de pragmatismo.
O pragmatismo é, assim, armadilha quando temos macro rupturas de contexto, pois sua máxima “a verdade é o que funciona” perde o sentido.
É preciso ter ferramentas práticas para rever o contexto e a mentalidade. E, só então, voltar ao pragmatismo dentro de novo paradigma.