As pessoas comparam liberalismo com comunismo, socialismo, ou outros ismos.
Complicado.
O liberalismo, a meu ver, é uma topologia de poder, uma forma de se preocupar com a forma e não com o conteúdo social.
Um liberal de raiz é aquele que acredita que é no somatório da ideia de cada pessoa que se chega na melhor sociedade possível.
Assim, a defesa de uma sociedade liberal não é de conteúdo, mas de forma. De estruturar modelo em que seja possível que cada um possa contribuir para que a Inteligência Coletiva se viabilize.
O problema é que o liberalismo não se faz de fora para dentro, mas de dentro para fora, por isso é algo mais demorado e de longo prazo.
Uma sociedade mais autônoma exige que cada pessoa tenha mais autonomia de decisão, E isso implica situações de melhoria de vida, de escolaridade e oportunidades econômicas.
Quanto maior for autonomia de decisão de cada cidadão em uma dada sociedade, mais as ideias liberais serão defendidas e terão repercussão.
E vice-versa.
Quanto menor for autonomia de decisão de cada cidadão em uma dada sociedade, menos as ideias liberais serão defendidas e terão repercussão.
Quando há dependência para a tomada de decisões, se tenderá a seguir o conteúdo de algo maior, vindo de fora, como um pacote fechado.
Ideologias conteudistas, em que se define o futuro de uma determinada maneira, ganharão espaço na sociedade.
Se reduzirá a taxa de produção de Inteligência Coletiva, tanto em termos de ideias, como de produtos e serviços.
Há dois fatores que devem ser contabilizados como variante desse aumento ou redução da adesão de ideias liberais no mundo e em determinada sociedade:
- o aumento demográfico;
- as tecnologias cognitivas disponíveis.
Se há aumento radical, como tivemos no mundo nos últimos 200 anos, obviamente que conjunto enorme de habitantes não terão escolaridade.
Terão baixa autonomia e precisará de um centro forte para poder tomar decisões, o que vai reduzir a taxa de inteligência coletiva descentralizada.
E teremos, por tendência, o aumento de ideologias conteudistas e centralizadoras, como temos visto tanto na América Latina, como no Oriente Médio e, de certa forma, em todos os países.
O liberalismo, assim, é como se fosse uma sanfona.
Quando aumentamos a autonomia de pensamento, teremos mais liberalismo e vice-versa.
Falta ainda a percepção do papel das Revoluções Cognitivas no movimento liberal.
Livro recomendado.
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