Veja os vídeos em que debato o tema (vídeo 1):
Vídeo 02:
De maneira geral, ainda mais em fins de Eras Cognitivas, há uma espécie de doença filosófica que podemos chamar de “Matrixismo Agudo”.
Tal transtorno afetivo-cognitiva se reflete numa baixa taxa de autonomia de pensamento. Podemos dizer que a taxa da percepção de cada indivíduo é mais construída de forma para dentro do que de dentro para fora.
Isso é fruto de um longo período de concentração de mídia que provoca tal pandemia em todos os Sapiens, independente da região em que vive, mas com impactos distintos em cada uma delas.
As pessoas perdem a capacidade de refletir sobre os fatos, pois são incentivadas a reduzir a diversidade em função do aumento da Complexidade Demográfica Progressiva, aliada a falta de mídias descentralizadoras.
Primeira, vamos tentar apresentar como percebemos os fatos, ou a realidade se preferirem e depois podemos falar da Pandemia existente. Vejamos um diagrama de como percebemos o mundo:
Note que há um espaço intermediário entre os fatos e a identidade, que é uma espécie de “sala intermediária”, na qual refletimos sobre o que vimos e sentimos e que pode alterar a nossa identidade, de como nos vemos e pensamos o mundo.
Quando temos longos períodos de concentração de ideias, produtos e serviços na sociedade há uma redução desta sala intermediária e “colamos” nossa identidade aos fatos, como vemos abaixo:
Note que deve haver um jogo constante entre os fatos e a identidade, sofisticando a percepção. Melhor: admitindo que não temos capacidade de enxergar os fatos diretamente, mas filtramos, a partir da nossa identidade.
Nossa percepção é algo volátil, temporário, fluido e que é fortemente influenciada pelo conjunto de fatores, que compõem nossa identidade, a saber:
Deve-se criar espaço individual em que cada um reflete sobre fatos e questiona como pensava sobre eles, alterando algo na percepção, num jogo constante entre certeza e dúvida, como vemos abaixo:
Há um processo de aprendizagem, que se baseia em observação dos fatos, reflexão e mudança.
Esta é a base da Certeza Provisória e do Trabalho Significativo, que nos permite avançar num determinado conhecimento sobre determinado problema sempre num processo de certeza e dúvida.
Vejamos agora, de novo, como é a radiografia de alguém que sofre de Matrixismo Agudo:
Note que não há mais espaço de reflexão individual.
Há a junção entre identidade e fatos.
A pessoa vai olhar para os fatos, independente do que ocorra, da mesma maneira. Há um acoplamento da identidade com os fatos de forma que não se consegue mais olhar para os fatos com filtros perceptivos.
Tal quadro nos leva ao diagnóstico do Matrixismo Agudo, que pode ser crônico, ou não.
Os casos crônicos são aliados a um Matrixismo de viés religioso, político, ideológico em que a percepção cristalizou uma identidade da pessoa. A “sua tribo” pensa daquele jeito. Ou por transtornos psicológicos particulares.
O que não quer dizer que uma coisa seja excludente da outra.
O Matrixismo agudo conjuntural, que atinge a maioria, é apenas a incapacidade ou a falta de “musculação” da área de reflexão/percepção.
Que pode ser feito, através da prática constante de reflexão, a partir de um dado problema. E isso exige outro aspecto do problema: o auto-compromisso com um legado.
Vejamos a origem da palavra:
Comptomisso vem do Latim COMPROMISSUS, particípio passado de COMPROMITTERE, “fazer uma promessa mútua”, formado por COM, “junto”, mais PROMITTERE, “prometer, garantir”. Mitterre vem de missão, de pró-missão. Se comprometer é assumir antes que vai cumprir uma dada missão depois.
Antes de se comprometer com os outros, a pessoa precisa se comprometer com ela mesma com sua vida, dar um sentido que a permita ser alguém diferente dos demais.
Auto-compromisso com a sua missão individual.
Algo como.
Tenho uma vida e vou dar a ela algum significado que faça sentido para mim e que reduza de alguma forma o sofrimento geral. E aí temos também uma divisão entre o que vem de fora e o que vem de dentro.
A moral é a circulante na sociedade, incluindo as leis, que são resultados de morais passadas registadas.
Temos a nossa percepção do que é bom e mau para nós e os demais e podemos desenvolver uma ética individual.
A ética individual é a capacidade de reflexão entre a percepção e a moral, que nos permite ter um espaço para dizer sim e não, apesar da moral vigente.
Eu crio uma ética que me guia, apesar dos acontecimento da vida. No Matrixismo Agudo temos o seguinte quadro:
A moral da sociedade passa a ser a minha moral.
Ou a moral da minha tibo, no caso do Matrixismo crônico passa a ser a minha moral.
Não há espaço para que seja construída uma ética individual de auto-compromisso da pessoa com ela mesma e dela com a sociedade.
No fundo, o que ocorre em ambos os casos é a vida em Matrix.
A pessoa, como sugere o Zeca Pagodinho, deixa a vida te levar.
Isso é algo que ocorre na sociedade de maneira geral, mas há uma pandemia de Matrixismo Agudo ao final de Eras Cognitivas, por alguns motivos:
- aumento demográfico, que gera aumento de demandas obrigatórias;
- demandas obrigatórias aumentam a complexidade;
- aumento de complexidade exige aumento de oferta;
- que precisa, para atender as demandas obrigatórias, reduzir as secundárias;
- há tendência de centralização e incentivo à baixa de diversidade;
- concentra-se a circulação de ideias, produtos e serviços;
- o ensino passa a ser incentivador do Matrixismo.
Ao final de Eras Cognitivas, quando finalmente temos ferramentas para alterar a sociedade, criando espaços de reflexão e éticas individuais, não estamos preparados para isso.
O processo de tratamento é o de prática reflexiva tanto de aprendizagem quanto ética.
Compromisso individual e coletivo com a reflexão e a ética, fugindo da moral estabelecida. É a inovação filosófica de cada um consigo mesmo e com os outros.
Os dois temas discuto nos meus dois livros:
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