Se quisermos entender o século XXI, temos que compreender o fato mais importante para o Sapiens nos dois séculos anteriores: o crescimento populacional.
Outras espécies grupais não crescem demograficamente. Ou se separam em universos diferentes ou eliminam as pontas: mais jovens, mais fracos, mais idosos.
Toda espécie viva e social tem modelo de Administração da Espécie, que consegue administrar determinado Patamar de Complexidade Demográfica.
O Sapiens vive sob a égide da Complexidade Demográfica Progressiva, o que nos obriga a inovação permanente em todas as áreas, incluindo nas tecnologias de troca responsáveis pela informação, comunicação e administração.
Nada explica melhor as mudanças tão disruptivas no século XXI do que o gráfico acima.
O aumento de complexidade demanda que, mais dia ou menos dia, a espécie precisará, para não entrar em crises profundas, descentralizar decisões.
A descentralização das decisões é a única forma que temos de tomar decisões melhores diante da complexidade galopante.
Descentralizar significa criar sistemas econômicos, sociais e políticos, que permitam a maior participação das pontas em relação ao centro. Mas para isso é preciso além da vontade cultural, a capacidade tecnológica.
Sim, há intervalos centralizadores, mas a macro-história demonstra que a forma mais duradoura e sustentável para resolver as crises demográficas é a descentralização.
Não é uma bandeira política, mas um dado da espécie.
A atual Revolução Cognitiva é um fenômeno cíclico e recorrente que dá início a um macro-ciclo de descentralização comunicacional, da informação, das trocas e da administração.
Dependendo das tecnologias que chegam e do tamanho da complexidade, isso será mais ou menos disruptivo.
A palavra de ordem do século XXI é, assim, descentralização.
Vejamos:
- Na comunicação, tivemos a descentralização das fontes, que permite o surgimento dos blogs, dos canais de vídeo e áudio;
- Na administração e nas trocas, estamos vendo a descentralização da avaliação de ideias, processos, produtos e serviços, que permite o Waze e o Uber;
- Na informação, o surgimento do movimento Peer-to-Peer, que elimina a necessidade de um centro armazenador, que viabilizou o Napster, o PopCorn Time e agora o Bitcoin.
No Peer-to-Peer não há um centro armazenador, pois cada usuário guarda um pouco dos dados gerais e uma rede descentralizada consegue organizar tudo, no que se chama Blockchain (corrente de blocos, ou simplesmente um registro público de transações).
Tal Tecnocultura permite que mudanças profundas ocorram na sociedade, pois é impossível controlar as trocas entre os membros da rede, pois não há um centro a ser eliminado, fiscalizado ou perseguido.
Da mesma forma que cada consumidor passa a ser um comunicador, um gerente, mas também, numa rede Peer-to-Peer um armazenador descentralizado.
Nossa sociedade, estamos aprendendo isso agora, se estrutura sob uma Plataforma informacional, comunicacional e administrativa baseada nos limites das tecnologias existentes.
A nova sociedade será feita entre os limites atuais e os limites – ainda muito distantes – das novas tecnologias.
O Bitcoin, moeda descentralizada, permite o enfraquecimento de todo o modelo financeiro e governamental montado até aqui e a possibilidade de surgimento de uma nova ordem mundial.
O Bitcoin é o Napster do dinheiro e será, ao longo do tempo, tão disruptivo como aquele.
Pós-Escrito do livro: