A decadência do catolicismo político brasileiro
Como defendi no livro “Deus 3.0:
reflexões sobre o conceito de Deus a partir de mudanças tecnológicas” há uma relação íntima entre o pensamento religioso e filosófico de um dado lugar e época.
A religião toca a emoção das pessoas e a filosofia navega sobre este mar.
O Brasil tem formação cristão-católica.
Os portugueses vieram ao Brasil no início da Reforma Protestante e vieram criar uma ilha de proteção às ideias Luteranas.
Não só vieram trazer o catolicismo, mas questionar o Luteranismo.
Lutero, que promoveu, a partir da chegada do papel impresso, uma revolução religiosa, a partir da Alemanha defendeu algumas ideias, como vemos na figura abaixo:
Figura 2 – Os conceitos luteranos
Na verdade, a ideia básica era reintermediar o Papa e abrir espaço para uma descentralização das ideias de Cristo.
Não é à toa que as ideias Luteranas têm se disseminado com muito mais velocidade no mundo, pois criaram uma espécie de franquia cristã.
Igrejas de todos os tipos, com diferentes pastores e interpretações, vão se espalhando pelo mundo, algo parecido com o movimento dos Alcoólicos Anônimos (Ver mais no livro “Levar adiante” de Bill Wilson) ou dos Escoteiros (na história de Sir Baden Powell – escutem no Escriba Café).
A república e o capitalismo devem muito aos movimentos de Lutero, que ao reintermediar o Papa, ao mesmo tempo abriu espaço para reintermediar o rei.
Cresce no Brasil o movimento Lutero, como o aumento de influência das igrejas filhas da reforma, o que pode explicar, em certa medida, algumas mudanças que estamos passando.
O PT é filho do catolicismo, de um centro forte, no qual boa parte do pensamento marxista se baseou. Marx quis acabar com a religião, que chamava opio do povo para colocar outro ópio no lugar.
O catolicismo político, do qual o marxismo é uma das vertentes, traz esse conceito do centro forte e redentor, que seria o Estado e algum líder carismático para substituir o Papa e este a Jesus e a Deus.
O problema do catolicismo já depois da Idade Média foi justamente a incapacidade de lidar com o aumento da complexidade do mundo.
Quanto mais gente houver no planeta, mais as religiões, a política e a economia precisarão se descentralizar.
Só existe uma forma de combater a complexidade: aumentar a capacidade de tomada de decisão mais racional e lógica de cada indivíduo.
O que estamos assistindo no Brasil é o fim de uma era. Diria que é o fim de um ciclo que veio desde 1500 em que os missionários católicos vieram ao país para evitar que as ideias de Lutero se tornassem hegemônicas no país.
Não sou luterano e nem evangélico, muito menos religioso.
Parece-me, porém, que movimentos religiosos mais descentralizados, sem um centro forte, vão ajudar de alguma forma o país a se modificar em direção a mudanças mais abertas na economia, mesmo que venham com uma carga de conservadorismo nos costumes.
O que muitos vêm como um retrocesso pode ser um grande avanço, se analisarmos a histórica com mais detalhe.
PS – isso não quer dizer que não haja descentralizadores entre católicos. Falo aqui de questões mais subjetivas.
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