Tive um debate recentemente com pesquisadores de ciências sociais, que analisaram um dos meus livros.
Criticaram um pouco a forma, alguns pontos específicos.
Depois de pensar alguns dias, percebi o que havia me incomodado naquelas críticas.
Não estavam focados como eu no problema.
No fundo, é uma das principais crises do pensamento científico atual.
Preocupa-se com a forma (de como está produzido) e não com o conteúdo (com o objetivo do mesmo).
Todo meu esforço intelectual tem como objetivo reduzir o sofrimento diante das incertezas da Revolução Digital. Preparar um chão firme para que administradores possam tomar decisões mais eficazes.
Uma crítica ao meu trabalho deve levar em conta esse tipo de foco. E ser criticado por não conseguir atingir esse objetivo.
Uma crítica pertinente seria a de considerar o problema irrelevante, o que não o é.
É emergente e extremamente necessário.
Assim, vamos para a segunda etapa.
Consegue atingir o que se propõe?
Ouço críticas e procuro ajeitar questões de forma que são pertinentes a aumentar a capacidade de comunicação com o meu público alvo.
E de coerência quando fatos questionam afirmações ou há uma incoerência na própria narrativa.
Para isso, servem os debates, principalmente em sala de aula.
Quando colocamos a forma acima de tudo, no fundo, estamos deixando o campo da ciência, que é a solução de problemas mais sofisticados, que exigem esforço maior.
Para entrar em duas áreas não correlatas, as artes, que se preocupa basicamente com a linguagem ou a religião que procura dar respostas ao que não temos capacidade ainda de responder por lógica científica.
(Nunca teremos essa capacidade, por isso sempre haverá espaço para a incerteza.)
Diria que as críticas ao meu trabalho por aquelas pessoas fazem parte de um fenômeno que podemos chamar de Conhecimento Eunuco, feito apenas para passar o tempo, como um jogo de palavras cruzadas que sai todo fim de semana no jornal.
Como hobbie é ótimo, mas como método científico, descartável.