O medo da morte é o temor principal da espécie.
Somos a única do planeta que sabe que vai morrer.
O boi no pasto talvez seja mais meditativo e zen por causa disso.
Se o ser humano se tornasse imortal, por hipótese, haveria uma radical mudança no consumo de religiões.
As organizações religiosas perderiam importantes verbas de financiamento.
Teriam que ser mais filosóficas e menos emocionais.
Como diz Nietzsche, o ser humano inventa de tudo por uma certa covardia de encarar os abismos da existência.
Assim, se existe uma cultura básica, primeira, emergencial, é a cultura religiosa.
Se pudéssemos comparar com o computador, seria a linguagem de máquina que coordena a placa-mãe, o resto é sistema operacional e aplicativos.
É algo entranhado emocionalmente no ego, com baixo capacidade de se atingida pela reflexão.
O Brasil tem, de forma hegemônica, uma cultura católica, de uma organização religiosa centralizada, com um monarca (papa), bem no estilo messiânico.
Ele, com todos os luxos e contradições, nos protege.
No país, mesmo as organizações evangélicas, são culturalmente católicas.
Ou seja, os pastores são muito mais messias do que em igrejas protestantes de outras partes do mundo.
É um protestantismo católico.
A crise que passamos agora no país a na América Latina é justamente da nossa incapacidade dessa cultura centralista lidar com a explosão da complexidade demográfica.
O Brasil saltou de 30 para 200 milhões em apenas 100 anos!
Um centro redentor e salvador, na sua forma e conteúdo, é cada vez mais obsoleto para tanta complexidade.
Somos um país radicalmente centralista num mundo que pede descentralismo radical.
Esperamos que Messias religiosos, de carne e osso nos salvem, quando a saída para este mundo complexo são algoritmos científicos.
Precisamos de ética filosófica reflexiva e não de dogmas emocionais.
A crise é o reflexo do código de máquina da placa-mãe.
Profunda.
Muito bom, como sempre!