Vamos aos argumentos.
Vejamos.
- O ser humano é uma tecno-espécie, por isso não tem limite demográfico;
- Quanto mais crescemos, mais tecnologias criamos, mas isso tem impactos no nosso modelo hegemônico de governança;
- Se analisarmos outras espécies, bandos menores têm, de maneira geral, líderes mais marcados e sólidos, pois têm a capacidade de ajudar o bando a resolver seus problemas de sobrevivência;
- Espécie mais numerosas vão criando centros menos poderosos e vão dando mais liberdades para as pontas;
- O extremo dessa liberdade são os insetos, em particular, as formigas, que estabelecem um modelo de governança-comunicação, a partir dos rastros.
Cada membro do formigueiro é responsável por avisar o restante por descobertas relevantes.
O centro é incapaz de lidar com essa complexidade.
Nossa tecno-espécie vem transitando do modelo mais centralizador para o mais descentralizador, pois reinventamos as tecnologias de comunicação, o que nos faz mudar o modelo de governança para modelos cada vez mais autônomos, se analisarmos macro ciclos.
(O século passado, por exemplo, é um refluxo da descentralização em função do aumento demográfico e dos limites das mídias, que nos levaram à centralização.)
Quanto mais gente no planeta, mais as pontas têm que ganhar autonomia, pois o centro fica incapaz de resolver os problemas cada vez mais complexos.
Assim, surge movimento sociais, na área política, nestas passagens que vão defender o poder da ponta diante do centro, que é uma tradução social-política de um macro-movimento da espécie.
Sim, já disse aqui que os movimentos liberais não são criados, mas intuídos.
Tivemos três passagens e três ciclo macro-liberais.
- – A nossa fase oral – que nos legou a Governança 1.0, com centros fortes e aldeias pequenas, quando tivemos os movimentos Gregos, republicanos, movidos pelo alfabeto, que nos abriu as portas para um novo ciclo liberal;
- – a nossa fase oral-escrita – que nos legou a Governança 20, com centro menos fortes, que nos permitiu criar cidades maiores e com isso tivemos a chegada da república e do capitalismo;
- – a nossa emergente fase oral-escrita-digital – que vai nos legar a Governança 3.0, com centros ainda menores, que nos permitirá viver com mais qualidade em megalópolis, na criação da pós-república e do pós-capitalismo.
A cada uma destas fases o movimento de fortalecimento dos indivíduos aparece, que podemos chamar de movimentos liberais, que defendem social-politica-economicamente esse empoderamento do indivíduo, uma metodologia fundamental para a adequação da sociedade humana ao seu novo tamanho.
Acredito que o liberalismo pode ser expresso por movimentos de descentralização de poder, de empoderamento do indivíduo, que surgem na sequência de mudanças de mídia e de picos demográficos. E, por isso, conseguem ser mais permanentes e eficazes, pois permitem criar ambientes decisórios (em todos os campos) mais sofisticados do que os modelos anteriores. Nem pior ou melhor, mas mais adequados ao novo tamanho da espécie.
Nosso novo ciclo de descentralização, o Liberalismo 3.0, será uma migração do modelo oral-escrito, que nos legou a República e o Capitalismo para um novo ciclo, no qual o indivíduo, através de rastros poderá ter muito mais autonomia e poder.
Vamos para lideranças muito mais líquidas, que terão mais autonomia para poder lidar melhor com a nova complexidade demográfica.
Assim, o Liberalismo 3.0 é a percepção e a defesa desse novo Homo Sapiens 3.0 que surge, embalado pelas Redes Digitais, que permitirá um ambiente social mais compatível e preparado para nos levar de 7 bilhões e ir adiante.
Essa mudança não é apenas cultural, ou social, política, ou econômica, mas tecno-biológica, pois iremos nos adaptar a esse novo ambiente social, alterando a plástica cerebral.
(Não há ainda comprovações científicas, mas dedutivamente parece o mais lógico.)
Cabe aos liberais contemporâneos, ou pós liberais, ou liberais 3.0, ou todos que defendem um mundo mais digitalmente descentralizado, abrir as barreiras culturais e legais, que hoje impedem a evolução desse movimento irreversível.
Quanto mais tempo durar a passagem, mas sofrimento será gerado para a espécie, que viverá os limites da atual governança que é incompatível com a atual complexidade.
É isso, que dizes?