Muitos dizem que o futuro é incerto.
Mais ele pode ser mais ou menos incerto.
Vivemos um momento complexo e as organizações tradicionais estão cometendo alguns equívocos diante do futuro, que tem ficado mais incerto do que deveria ou se gostaria. Depois de 20 anos vivendo de estratégia digital, com mais de 450 projetos executados, cheguei a uma conclusão simples: nosso modelo de estratégia para o atual cenário está equivocado.
Podemos dizer, assim, que temos duas opções estratégicas:
- – a Estratégia Indutiva – é aquela que partimos dos dados do mercado para construir um cenário;
- – a Estratégia Dedutiva – é aquela que construímos um cenário para depois recolocar os dados nele.
Podem me perguntar.
Qual é a melhor? Você é contra a Estratégia Indutiva? Por quê a Dedutiva?
Por partes.
Não existe um remédio melhor, pois cada doença pede um tratamento.
- – um xarope é bom para uma dor de garganta;
- – assim como um anti-biótico é bom para uma pneumonia.
Ninguém pode ser anti-xarope ou anti-antibiótico, se não forem colocados diante do problema a ser debelado.
Estratégia, como medicamentos, são adequados, dependendo do contexto.
- Quando temos um cenário estável em que os modelos de negócios mudam pouco, sem dúvida, a Estratégia Indutiva tem o melhor custo/benefício, pois o cenário é conhecido. Quanto mais dados tivermos, melhor será o resultado, pois os paradigmas principais não mudaram tanto.
- Quando temos um cenário instável em que os modelos de negócios mudam muito diante da lógica tradicional, sem dúvida, a Estratégia Dedutiva tem o melhor custo/benefício, pois o cenário passa a ser desconhecido. Quanto mais compreendermos o novo cenário, mais fácil será reordenar os dados, pois os paradigmas principais mudaram bastante e precisam ser repensados.
Sem dúvida, depois da chegada da Internet, há turbulências evidentes nos modelos de negócio, tal como ocorreu na mídia, na indústria da música, no turismo, no setor de software, das telecomunicações, dos hotéis, nas cidades, na forma de consumir, aprender, se relacionar, interagir.
Os jovens de hoje já não se comportam como nós e algo muito profundo está acontecendo com a própria espécie humana. Não existe organizações que vendam produtos para marcianos, por enquanto. Saber o que está acontecendo com a nossa espécie, com mais consistência, é algo fundamental para quem quer estar com a sua organização competitiva mais adiante.
Percebe-se mudanças não tradicionais, que pedem mais aprofundamento e, por causa disso, o melhor remédio neste contexto é adotar como ferramenta de análise a Estratégia Dedutiva.
A Estratégia Dedutiva refaz, antes de ir aos dados, os paradigmas, procura compreender as causas das respectivas mudanças, procurando na história, quebrando antigas certezas para, só então, voltar ao mercado para reanalisar os dados.
É uma espécie de desintoxicação de paradigmas para se olhar de novo o cenário. Como diz um pensador brasileiro, Gil Giardelli, não podemos querer andar por novos caminhos com velhos mapas.
Nos projetos que tenho desenvolvido usando a Estratégia Dedutiva, chegamos por exemplo a algumas conclusões que soam completamente insólitas para um estrategista tradicional:
- – Não é a primeira vez que uma Internet surge no mundo, é um fenômeno chamado “Revolução Cognitiva”, que tem o poder de mudar profundamente as organizações sociais;
- – Que estamos diante de uma mudança da Governança da Espécie (um conceito novo) na qual iremos adotar um modelo de comunicação matemática, baseado em algoritmos, na qual poderemos dialogar com milhares de pessoas ao mesmo tempo para tomada de decisões mais precisas em termos de serviços e produtos;
- – Que os modelos de governança das atuais organizações estão decadentes, perdendo valor a cada dia, diante das novas e que alguns negócios simplesmente deixarão de existir, ou serão comprados a preço de banana pelos novos players, como já estão sendo.
Aparentemente, tudo isso vai parecer algo absurdo e sem lógica, pois foge do que estamos acostumados a pensar ao longo dos últimos 200 anos, quando inventamos as empresas como as conhecemos hoje.
Mas nossas empresas são filhas da Revolução Cognitiva do Papel Impresso, que se iniciou em 1450 e que agora fecham um ciclo, se abrindo outro.
São conclusões que só uma Estratégia Dedutiva pode oferecer para uma organização que quer enfrentar esse desafio.
Ou seja.
Organizações que querem estar ou mesmo liderar o futuro precisam ter novas ferramentas para traçar seu destino e isso começa por conhecer e adotar a Estratégia Dedutiva como seu primeiro passo.
Quem tiver a melhor Estratégia Dedutiva, ou as melhores teorias sobre o que está acontecendo, estará na frente dos demais.
É isso, que dizes?
Adorei este artigo, muito bom mesmo. Tenho um blgo sobre Estratégia Digital, que também fala destes assuntos. Podes ver em http://www.estrategiadigital.pt/