Note bem que um pensamento totalitário é aquele que exclui um segmento da população por algum motivo e tem um projeto de poder baseado em um pensamento único ou similar. É um reino dos iguais.
Ou seja, todos que viverem em uma dada sociedade, considerada ideal, devem pensar dentro de um mesmo pensamento.
Assim, a meu ver, não existe e nunca existirá um pensamento totalitário moderado.
A pessoa imagina um projeto de país que ele acha melhor, que é excludente na sua base, seja contra uma raça, religião, classe social.
O que um totalitário vive não são graus de moderação, mas graus de conjuntura.
Se eu posso, ou não, criar este país do pensamento parecido.
Assim, o problema do totalitarismo é que ele está embutido na sociedade, com um falso manto de moderação, mas não é moderação, é apenas capacidade de criar, ou não, a sociedade que ele imagina ideal, na qual o outro será excluído.
Podemos viver com totalitários fundamentalistas e achar folclóricos, mas teremos crises profundas quando o grupo de pensamento deste pessoal chega ao poder e todos os seus apoiadores começarem a apoiar atos e ações consideradas completamente anti-éticas ou anti-civilizatórias em nome de um bem maior.
Pois descobriremos que havia uma falsa moderação.
O que havia, na verdade, era uma falta de espaço para exercer o totalitarismo, que sai da toca.
Assim, percebe-se que, ao questionar o projeto totalitário de seu amigo, você passa a ser seu inimigo, pois há um projeto de poder futuro excludente, a todos aqueles que não pensam daquele jeito.
Você só é amigo se pensar do meu jeito. E vão se criando guetos dos que pensam do mesmo jeito. Pode-se criar uma falsa amizade, mas que vai se tornar cada vez mais polêmica, quando o projeto totalitário avançar. O amigo de hoje pode ser o inimigo de amanhã tranquilamente.
O marxismo e a sua cultura vibra nessa direção, bem como, os projetos fundamentalistas, que têm um projeto de estado religioso. São pré-republicanos e não admitem uma cultura da convivência dos opostos.
É um problema de filosofia estruturante e não de método.
Muita gente conseguiu superar essa cultura totalitária e abraçar a república ao longo dos últimos séculos, que tem como base justamente a convivência de contrários, a partir de regulares eleições, que vão definindo o que a sociedade quer experimentar.
Nenhum dos grupos dentro de uma república, entretanto, por mais que não goste do outro, admite e aceita que o outro possa governar, ou sua maneira de pensar.
No totalitarismo não há o pensamento do outro como um pensamento válido, pois há uma verdade e um projeto de poder que precisam ser exercidos de forma única.
Por mais republicano que digam que são, no fundo, a maneira de pensar e de sentir a voz discordante é totalitária, pois se pensa (e muitas vezes se age) para que o outro não tenha voz.
Não existe a possibilidade de alguém se dizer marxista, que acredita que a luta de classes é a base da história e se dizer republicano.
Se o dono dos meios de produção é o inimigo nunca poderá haver uma república. A república é justamente a superação da luta de classes e a superação do marxismo e do conceito de esquerda e direita.
Discute-se o tamanho do estado e outros fatores, mas essa questão fica superada, como mais um ponto a ser debatido num ambiente democrático.
Por isso, um amigo totalitário tem um tipo de relação com você quando o grupo dele não está no poder e outra quando está, pois amplia-se nele o lado excluidor do pensamento do outro.
O totalitário às vezes não se dá conta do mal que faz aos outros com esse tipo de atitude.
E nem se dá conta, muitas vezes, o que um projeto desse tipo pode causar a um país, pois ele não consegue perceber que a sua filosofia e a sua metodologia vai nos levar a uma sociedade cada vez mais centralizada e violenta, onde outros terão que ser silenciados, de alguma forma.
Todos passam a ser uma espécie de corrente fechada contra um inimigo maior e imaginário.
- Assim, é preciso combater um totalitário dele mesmo.
- E a sociedade deles, pois toda a exclusão gera violência.
O que acontece hoje no Brasil, com um governo populista de cultura fortemente marxista é um aumento radical da taxa de totalitarismo no Brasil, com pessoas que sempre se mostraram falsamente moderadas e agora estão expressando plenamente a sua filosofia de pensar, que sempre foi essa, mas se expande.
Elas não eram moderadas, eram apenas totalitárias sem espaço para exercer a sua forma de ver o mundo.
Por isso, as relações pessoais com os marxistas estão cada vez mais complicadas.
É isso, que dizes?