O que uma coisa se relaciona com a outra?
Tudo.
O estudo que tenho feito demonstra que o que promove a descentralização política, social e econômica é a complexidade demográfica.
O que estou dizendo é o seguinte.
Quanto mais gente tivermos no mundo, mais as ideias liberais serão escutadas.
Ou melhor.
Quanto maior for a complexidade, mais teremos que apostar em redes descentralizadas, auto-gestão, alternância de poder e de competição.
A complexidade pede descentralização.
Os pensadores liberais são sensitivos que percebem as novas possibilidades de auto-gestão.
Quando alguém disser que é liberal e não quer alternância de poder ou de competição, é um falso-liberal.
O liberalismo, entretanto, trabalha em ciclos definidos pelas tecnologias cognitivas.
Quando temos um pico populacional e não temos tecnologias cognitivas que nos permitem descentralizar o poder, teremos controle. Isso pode ser visto principalmente de 1800 para cá, principalmente no século passado, com a chegada do rádio e da televisão.
Defendo a ideia que sem o rádio e a televisão o mundo seria um caos, pois cresceu muito em pouco tempo e precisou centralizar as redes para organizá-las.
O nazismo e o comunismo só foram viáveis por causa dessa centralização de mídia.
As bases do liberalismo, pós 1450, foram de descentralização da mídia do papel impresso.
Foi um período liberal, no qual se criou o empresismo (que chamam de capitalismo) no qual as ideias de descentralização dos reis estavam na moda.
Hoje, a Revolução Cognitiva Digital nos permite falar de novo em descentralização é há, assim, o surgimento de um novo ciclo liberal, que pede redes mais descentralizadas ainda.
Os inimigos agora são os que criaram um empresismo de redes centralizadas, em torno do estado.
A luta é cotra um empresismo centralizado de baixa competição, de alta regulação, no qual os consumidores passaram a ser vítimas das organizações protegidas.
Dizem que tudo que vivemos é fruto do liberalismo, mas isso é equivocado.
Aonde houver uma centralização sem a possibilidade de competição e alternância de poder econômico, não se verá redes descentralizadas e auto-gestão.
Vivemos o início de um ciclo pós-liberal, que eu chamo de liberalismo digital.
O que se quer com ele?
Descentralização para lidar melhor com a complexidade, que saltou de 1800 para cá de 1 para 7 bilhões.