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A defesa pela liberdade pode ser um veneno.

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Sempre foi assim.

Liberdade é algo como um remédio, que depende da dose.

Por isso que os pensadores clássicos defenderam a ideia da liberdade com limites justificados.

Ou seja, não se pode tolher a liberdade, a não ser quando estamos diante de algo que fere o direito de alguém.

Se eu defendo para mim uma liberdade irrestrita, estarei, de alguma forma, oprimindo o direito do outro de ser livre. Estou impondo uma liberdade irrestrita em cima de alguém.

O dogmatismo liberal é aquele que defende a liberdade como um conceito absoluto, pois ser livre é saber negociar um ambiente melhor entre a liberdade individual e a coletiva. Este ponto melhor é sempre líquido, nunca sólido e é na capacidade de conversar e dialogar e não de impor, que se consegue avançar.

E destaco a palavra negociar.

E aí temos que criar uma espécie de “libertômetro”.

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Que é a capacidade de analisar argumentos inibidores da liberdade que são razoáveis, a luz da razão. Aceita-se limites, pois fazem parte daquilo que podemos dizer que é algo que é eficaz para a sociedade, entro de argumentos razoáveis.

Quanto mais aprimorarmos nosso “libertômetro” baseado em argumentos lógicos e racionais, mais teremos a capacidade de viver a liberdade coletiva e vice-versa.

O problema contemporâneo do liberalismo é se fechar na defesa da liberdade não argumentativa, não negociada, ou um liberalismo selvagem e radical, em que a minha liberdade é inegociável, o que deixa nesse exato momento de ser liberal, pois quero impor ao outro aquilo que eu considero “liberdade”.

Liberdade, no fundo, é algo negociado dentro de argumentos lógicos, em que aceitamos os limites em nome de um bem maior, ético. Aquele que se diz um liberal e não negocia está justamente deixando de ser liberal.

E a criação de espaços cada vez maiores para que essa negociação ocorra, baseada em argumentos, em que todos possam defender seus conceitos de liberdade, seus interesses e seus pontos de vistas.

Quanto mais espaço de diálogo pudermos criar na sociedade, mais livre ela será e vice-versa.

Assim, um liberal é um defensor do diálogo honesto e eficaz e um feroz combatente dos dogmas, inclusive aqueles que falam em nome do liberalismo.

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Ninguém é mais ou menos liberal, mas apenas sabe que tem alguma ideia de liberdade, que precisa ser negociada na sociedade para que possamos juntos analisar o que são os limites razoáveis para ela.

Ou seja, a liberdade é justamente a consciência de aceitar limites baseados em argumentos consistentes, que considero que não podem ser ultrapassados, pois estarão transpondo uma liberdade coletiva.

É uma tensão constante e, por isso, alguém que se diz filosoficamente liberal é aquele que não pode ter nunca uma visão fechada do que é liberdade, pois a liberdade é construída coletivamente pelo diálogo, como os preços, com uma negociação no “mercado das visões de liberdade”.

A liberdade coletiva é uma negociação permanente das liberdades individuais.

Quem diz que sabe o que é liberdade não é um liberal, pois está querendo impor, sem negociar, um modelo fechado de liberdade, o que gera a opressão do outro, pois esta liberdade é uma liberdade fechada, sólida, individual e dogmática e não uma liberdade aberta, coletiva, líquida e flexível.

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O liberalismo é justamente a capacidade de promover diálogos em nome da liberdade e dos argumentos para chegarmos juntos na melhor liberdade possível.

O liberal, por fim, é um promotor do diálogo honesto em torno da liberdade, em que ele é um promotor, incentivador e provocador e nunca um definidor do que é exatamente o termo.

É isso, que dizes?

One Response to “A crise filosófica do liberalismo ou o desenvolvimento do “libertômetro””

  1. […] E diria que se dá em primeiro lugar na capacidade do diálogo em torno da liberdade, como discuti aqui. […]

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