Vimos aqui como avança a cadeia do conhecimento humano.
Quando temos fenômenos na sociedade que não conseguimos entender direito, normalmente temos uma crise filosófica.
Há algo que pensávamos sobre o ser humano, no âmbito filosófico, que não bate com a realidade.
A realidade está batendo à porta e nos dizendo que ela não está se encaixando nos nossos paradigmas.
O grande equívoco filosófico do século é nos acharamos seres naturais e não tecno-seres.
Ou nos vermos como uma espécie animal especial e não uma tecno-espécie.
Gosto dessa frase que saiu nas aulas:
“Somos naturalmente tecnológicos, pois somos tecnologicamente naturais”.
Nossa opção pela tecnologia define a espécie.
Qual a diferença? O que muda?
A filosofia que nos leva à tecno-espécie demonstra que somos muito mais influenciados pela tecnologia do que supunha nossa vã filosofia.
E isso altera tudo que vem embaixo, principalmente as teorias sociais, todas elas.
Podemos pensar a história humana marcada por momentos em que temos determinadas tecnologias que nos limitam as ações diante da natureza e momentos que superamos estes limites.
Ao superar limites, abre-se um gap entre o que não podíamos fazer e passamos a fazer, que nos permite recriar a cultura. Ou seja, a cultura é limitada e fortemente influenciada pelos momentos em que superamos barreiras ecológicas, via tecnologia.
Além disso, temos que separar diferentes categorias tecnológicas, com duas principais:
- – as tecnologias de superação de limites físicos;
- – as tecnologias de superação de limites cognitivos.
As de superação de limites físicos tem um impacto menor daquelas que superam limites cognitivos, pois o epicentro da espécie é o cérebro e quando ele supera barreiras, podemos ir mais longe para criar novas tecnologias.
Momentos da sociedade em que há a massificação de tecnologias de superação de limites cognitivos são marcantes para a nossa história.
Há dois tipos de tecnologias de superação de limites cognitivos:
- – as que concentram as ideias (rádio e televisão);
- – as que descentralizam (livro impresso e internet).
Podemos dizer, assim, que a massificação das tecnologias de superação de limites cognitivos que descentralizam ideias é o fenômeno humano mais marcante da nossa história, pois quando ocorrem a espécie entra em processo de mutação.
Se abre um gape entre os limites cognitivos pré-expansão e o potencial que podemos ter depois, todas as atividades sociais, políticas e econômicas passam a ser passíveis de alteração.
O grande equívoco teórico, portanto, que é motivado pelo filosófico, dito acima, é considerar que a nossa história é marcada por algo diferente do potencial que passamos a ter com as novas ferramentas que nos empodera.