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Não me canso de ouvir esta palestra:

Nela, Ricardo Goldenberg defende que existem duas psicanálises, que vou interpretar a minha maneira.

  • Uma psicanálise sólida e vertical – uma em que o analista é o centro, aquele que sabe o que o paciente tem ou pode ter, ou sentir, ou ser. Aquela em que o paciente acaba virando a cara do psicanalista, que nos leva a uma redução da diversidade do mundo, que tem o poder de enquadrar o sujeito no sistema e não criar um sujeito que vai questioná-lo, por que precisa procurar o seu lugar no mundo. Seria a psicanálise de enquadramento.
  • Uma psicanálise líquida e horizontal – em que o analista é um parceiro do analisando, no qual o (im)paciente procura se descobrir, mas que parte de algo indefinido, no qual o terapeuta procura deixar o paciente se descobrir, através de seu próprio movimento. Nessa linha, o eu e a realidade são líquidas, incertas e nunca serão conhecidas. Aqui se amplia a diversidade. Seria a psicanálise do desenquadramento.

A diferença é que na primeira há uma fantasia de que existe um “eu” fechado, a ser descoberto, através do auto-conhecimento e que se a pessoa olhar bastante para lá, com a ajuda do psicanalistas vai chegar a se descobrir. A segunda defende que o ser é algo incerto e que é a relação com o outro e a realidade que vamos nos descobrindo.

  • Seria algo como um Eu definido, em que eu vou atrás, pois um dia acho.
  • E o outro Eu indefinido no qual eu me jogo em um rio em que nunca haverá uma chegada.

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Isso nos remete a uma discussão filosófica na qual de um lado temos um pensamento de que a realidade existe lá fora, assim como um EU aqui dentro e que há um esforço para se chegar a isso e esse trabalho é individual.

Tal visão é usada para o fortalecimento dos centros de poder, pois há alguém que tem a capacidade de estar mais perto do seu próprio EU e da realidade e que pode me ajudar no meu caminho.

Nossa Escola é baseada nesse princípio, bem como todas as nossas organizações.

Este tipo de pensamento, a meu ver, será mais hegemônico e terá mais peso na sociedade quando vivermos movimentos do Pêndulo Cognitivo, quando houver:

  • – aumento de complexidade demográfica;
  • – e, por sua vez, concentração de poder para que se possa gerenciar esse aumento;

Na Contração Cognitiva o centro se fortalece e se dissemina essa ideia do mundo sólido, em que existe um centros poderosos que nos permitem conhecer a realidade e a nós mesmos ATRAVÉS DELES e só, por eles, que podem nos AUTENTICAR.

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O movimento do Eu líquido, ou do EU indefinido passa a ser necessário, quando a sociedade passa para uma Expansão Cognitiva, pois as organizações de plantão deixam, aos poucos, de ser as únicas responsáveis pela dinâmica das mudanças sociais, da produção de ideias e da inovação.

(Tais movimento serão também sentidos quando há movimentos sociais de concentração ou descontração de poder em função de movimentos políticos.)

Ou seja, há uma perda de poder do centro e a necessidade de que outras vozes possam ser ouvidas.

Neste momento, a corrente filosófica de um mundo líquido e de um eu indefinido passa a fazer mais sentido, pois há uma necessidade de abertura para o outro, pois há novos outros que estão criando mudanças que me afetam e eu preciso compreendê-las.

Nos momentos de Expansão Cognitiva, na verdade, começamos a ter que falar necessariamente com muito mais gente e com pessoas que não estão hierarquicamente acima de nós. Nestas fases precisamos desenvolver uma capacidade maior de comunicação, pois eu só vou me conhecer em processo, pois o mundo está também mais líquido.

A liquidez da realidade tem que significar a liquidez do meu EU e da minha percepção da realidade. Eu passo a aprender e a ter mais liberdade para ser distante dos centros de poder.

sonhador

Diria que os dois movimentos filosóficos sempre estará presentes na sociedade.

  • O Eu sólido sempre será mais aceito e difundido pelo sistema estabelecido, procurando homogenizar o mundo;
  • E o EU líquido quem quer descentralizar o poder, procurando aumentar a diversidade do mundo.

Quando aumentos a população, temos sempre um movimento de homogenização, que só é possível ser superado com novas Tecnologias Cognitivas que permitam aceitar a diversidade sem perder a capacidade produtiva.

Vivemos com a chegada da Internet um movimento de Expansão, que nos leva a poder mais e mais caminhar na direção de um Eu mais líquido, a base para a construção da nova sociedade mais descentralizada.

É isso, que dizes?

 

One Response to “O Eu sólido versus o Eu líquido diante da Revolução Cognitiva”

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