Note que toda a dominação da Idade Média foi feita pela Igreja.
Os padres eram homens acima do bem e do mal.
Não casavam, não trabalhavam.
Passava-se a ideia de alguém que podia ser o representante de Deus na terra.
A ideia de super homem, ou do super líder, ou do líder bom para todos os males também acompanhou os reis e continua a criar a fantasia das sociedades modernas. Ou seja, muda-se a época, mas procura colocar um manto de sagrado em pessoas de carne e osso para exercer a dominação.
Quanto menos autonomia de pensamento e de vida tem um determinado cidadão ou cidadão mais terá a necessidade de acreditar no super homem acima do bem e do mal para que ele passe a representá-lo.
As instituições, leis, normas, regras são conceitos abstratos.
Pessoas são de carne e osso.
É mais fácil ser iludido por pessoas.
Assim, pessoas com menos autonomia de pensamento e isso não quer dizer grau de escolaridade somente, apesar de isso ajudar, precisam de super homens.
A democracia moderna só foi capaz de se instalar na sociedade depois de um forte movimento de autonomia de pensamento, motivado pela escrita, disseminada pelo papel impresso.
A base do pensamento marxista, por exemplo, é motivada pelo mito do super homem ou do novo homem.
O homem bom acima do bem e do mal.
O mundo os homens bons e justos.
E isso nos leva necessariamente a acreditar nas pessoas e não nas instituições e leis e ordem que possam restringir a atuação das pessoas.
A aposta no super homem sempre vai tirar das pessoas a capacidade de construir instituições fortes, pois vai se passar para alguém o poder de mediar os conflitos.
Tirando raras exceções, o homem bom não existe, mas o ser humano se aproveita dessa ingenuidade para colocar suas perversões para fora.
O mito do homem bom, como do padre, acima do bem e do mal, a mãe do povo, o pai do povo, o líder eterno, blá, blá, blá, nos levam a tirania.