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A ANATOMIA DO POPULISMO
E/OU O POPULISMO É UM TIPO DE MONARQUIA DENTRO DA REPÚBLICA

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O populismo surge onde há miséria e desigualdade social.

O populismo é quase um pedido de um conjunto da população para que olhe por ela.

Acho que os pesquisadores sociais já deveriam saber que teríamos populismo na América Latina, pois toda vez que tivermos eleições continuadas e miséria, haverá um populismo emergente.

O populismo é caracterizado quando uma figura, pessoa, se destaca em um país e passa a representar ele mesmo, na figura única, uma entidade isolada do resto da sociedade.

Ele passa a ser o “salvador” para o grupo mais carente e passa a ter uma independência acima das instituições, com a capacidade de diálogo direto com as massas, que passa a favorecer e estabelecer um vínculo assistencialista permanente.

Há uma relação direta de troca.

Mitificacao do Monarca - BRESCOLA

É um rei sobre os partidos.

O populismo é quase um resgate a uma monarquia.

O populismo seria uma monarquia dentro da república, o que acaba gerando o getulismo, o peronismo e, agora, o Lulismo.

Para dizer que o atual governo é neopopulista, assim, é preciso afirmar que há uma figura central, que é Lula, que tem mais poder do que a instituição PT e, em função disso, as decisões mais importantes a serem tomadas devem passar por ele.

Muita gente dirá que o PT e Lula não são populistas por ser um partido que veio da base, mas não existe nada puro, nem o populismo.

Podemos dizer que a taxa de populismo do Lulopetismo cresceu muito nos últimos anos, com a saída de cada vez mais gente do PT, com capacidade inovadora e em função dos problemas de corrupção, aumentando cada vez mais a taxa de populismo de Lula.

Nesse momento, temos a força de uma pessoa, acima de grupos de pessoas, como está acontecendo em toda a AL, como Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Correia (Equador), Mujica (Uruguai), Casal K (Argentina).

Ao termos a força de uma pessoa acima das instituições, voltamos a um momento similar à monarquia, que a vida de um país, apesar da atual complexidade, passa a depender muito de uma pessoa, que passa a ter muito mais poder.

Defendo a tese de que a República só foi possível com a alfabetização que houve na Europa depois da chegada da prensa e a monarquia é o governo mais compatível com o analfabetismo, pois é mais fácil de ser compreendido e interpretado.

O populismo, assim, é quase como algo natural na sequência das eleições, pois analfabetismo + democracia = populismo.

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Se tivermos a sequência de democracia, que todos esperam, um projeto de médio e longo prazo deve prever a educação para termos uma república mais consistente, como é o caso do Chile, o único país que tem ficado, até o momento, imune ao populismo.

O populismo atual se caracteriza por ser um populismo com forte viés marxista ou comunista, pois há uma antipatia pelos regimes militares e um encantamento de um setor da população, principalmente classe média, pelas ideias marxistas, ou uma social democracia mal elaborada.

Porém, note bem, não é um marxismo com um líder forte, mas um líder forte que vê no marxismo um suporte para seu projeto de poder, o que é bem diferente.

O neopopulismo latino americano é, assim, um populismo, com toques marxistas de controle, de nós contra eles, de luta de classes.

O problema da monarquia, como do neopopulismo, é a força que uma pessoa passa a ter, o que vai criando um semi-poder absoluto, um inchamento do ego, e uma arrogância e uma ganância de se manter no poder pelo poder.

A qualidade dos líderes populistas também conta muito, pois são pessoas com uma visão estreita do mundo, sem amplitude, com baixa capacidade de previsão de médio e longo prazo.

Assim, toda a esperteza que existe deles, e elas existem, é uma esperteza de sobrevivência e de conseguir reunir forças para se manter no poder dentro de um conjunto de ações que consideram estar fazendo o “bem” para os seus súditos.

Sempre com uma visão de curto prazo, cercado de pessoas medíocres, o que acaba gerando crises, pois há ações que precisamos de ações de médio e longo prazo.

(Muitas crises que vão estourar no governo Dilma 2 são efeitos de ações que deveriam ter sido feitas no Lula 1 e 2, Dilma 1, mas não foram).

Mais ainda.

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Aonde o PIB é estatal na América Latina o discurso e prática marxistas avançam e onde o PIB é privado o movimento ficam mais encolhido como no Brasil, algo como Valter Pomar do PT chama de “estratégia defensiva”, diante da defesa aberta do “socialismo do século XXI”.

Diria que o socialismo do século XXI se resumiria a governos semi-monárquicos, baseado em um líder forte, com um viés fortemente assistencialista, muito controle, redução, ao máximo de alternância de poder, com fortalecimento de grandes corporações para produzir um capitalismo de estado.

Nada além disso, com um resultado bastante medíocre em termos dos desafios do século XXI.

Nenhum país da AL resolveu partir para o modelo cubano, apesar da Venezuela estar bem perto. O perfil dos novos regimes se aproxima de um capitalismo de estado Chinês da década passada, mas com uma liberdade muito grande para a corrupção.

O neopopulismo tem um problema sério de entrega pela qualidade mesmo de suas propostas e de seus líderes, que vão afastando as pessoas mais inovadoras e capazes de seu círculo. Cria-se, ao longo do tempo, um círculo de mediocridade, que vai levando o modelo populista a cada vez mais apostar em uma máquina eleitoral eficiente, passando inclusive por sobre as regras do jogo.

O que tem acontecido é que não podendo defender realizações, procura-se apostar na fumaça:

  • – aposta-se cada vez mais no marketing e propaganda em cima do que não existe;
  • – tenta abafar as críticas, controlando canais;
  • – manipular os dados da sociedade;
  • – restringir o contraditório para abafar a sua dificuldade de entrega.

A Venezuela vive isso com forte intensidade. Argentina, idem. E o Brasil pós eleições de 2014 colocou um pé forte nesse caminho.

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O neopopulismo, acho eu, era algo inevitável para a AL, pois não há ainda um setor social-democrata que tenha conseguido resultados ao tempo das urgências.

Estamos pagando o preço, pela ordem:

  • – da ditadura;
  • – do sonho marxista que estava no armário;
  • – das desigualdades sociais e do analfabetismo;
  • – de um sistema produtivo com baixa taxa de inclusão social.

O neopopulismo com viés marxista é um vôo de galinha diante da complexidade brasileira e do século XXI. Nosso problema é o custo que vamos pagar e a alternativa que conseguiremos criar para superar essa difícil etapa, pois não estamos apostando em projetos de longo prazo.

Falta uma visão de país, diante dos grandes desafios do século XXI!

Há que se ter uma oposição muito unida e lúcida, com um projeto consciente dos desafios a serem enfrentados, que deve apontar uma saída que seja mais eficiente para o país, que consiga fazer dos setores mais pobres, uma alavanca de progresso e não massa de manobra.

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Este é o desafio.

Há muito trabalho pela frente.

One Response to “O populismo é um tipo de monarquia dentro da república”

  1. ANTONIO OLÍMPIO disse:

    É a mais pura realidade e fica difícil a oposicão tomar as rédeas do poder, uma vez que as classes menos favorecidas, depois de receberem uns minguados reais, ficam com medo de perderem esses já falados trocados, não sabendo eles que continuando com esse pensamento nunca vão sair desse estado de pobreza.

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