Faz tempo que diagnostiquei nos meus alunos uma grande dificuldade de:
- – pensar com a própria cabeça;
- – capacidade de conversa.
Muitos dirão que são fenômenos isolados, mas eu diria que são dois lados da mesma moeda.
Se eu não consigo pensar com originalidade, tendo a confundir percepção e realidade.
Ou seja, a realidade é o que eu vejo e isso me dá um senso de dono da verdade.
E seu eu sou dono da verdade, não preciso conversar com as outras pessoas para aprimorar a minha percepção, pois a minha visão de mundo é suficiente.
O debate com o outro é desnecessário.
Quando eu começo a pensar de forma mais original, consigo ver que há muito de percepção no meu olhar e começo a precisar da conversa para aprimorar a minha percepção.
Eu vou de encontro ao outro para aprimorar a minha percepção, eu preciso do outro para melhorar e não do outro para convencê-lo ou torná-lo meu objeto.
É uma aposta em uma co-diversidade.
E começo a desenvolver a capacidade de diálogo como uma necessidade de conhecimento, pois o que eu penso sozinho não é mais suficiente para eu poder avançar.
Conversar é algo vital para quem quer aprofundar o conhecimento de forma original.
Vivemos hoje – em termos mundiais e de forma mais aguda no Brasil – uma profunda crise de pensamento e de diálogo, pois o modelo educacional que estamos saindo, por necessidade, foi abafador da diversidade.
Um conhecimento fechado transmitido de forma massificada.
Muitos dizem que o que assistimo no Facebook é resultado do Facebook, mas eu discordo.O que temos é o resultado de décadas de televisão e escola verticalizadas.
Criamos uma hipnose coletiva com baixa capacidade de pensamento próprio e de conversa.
O esforço que temos que fazer agora é o de:
– incentivar o exercício lógico do pensamento;
– a criatividade e a originalidade;
– e os espaços de diálogo eficazes.
É isso, que dizes?