Temos, antes de tudo, que entender que o Brasil é um país com baixa capacidade de lidar com complexidade.
Temos uma população votante que tem baixa autonomia de pensamento complexo.
São séculos de exclusão que nos leva a termos um povo com baixa autonomia em um mundo cada vez mais complexo.
Não estou dizendo que o povo não sabe votar. O povo sabe votar, mas vota com a sua capacidade complexa.
A complexidade é líquida e quanto mais gente formos no planeta, mas os problemas vão ganhando dificuldade para saber o que acontece se aperto “a”, pois as variantes são cada vez maiores.
Onde perco, onde ganho?
Isso não é demérito do nosso povo, mas do nosso país que aceitou e aceita essa exclusão cognitiva.
Lidar com o aumento da complexidade da sociedade cada vez mais populosa e (por consequência) tecnológica, cria um gap entre a oferta de complexidade com a demanda que temos.
Precismos mais e mais de votos mais complexos, mas esbarramos no limite da incapacidade de dar saltos.
A república foi criada na Europa e só foi possível inventá-la depois de um longo período de alfabetização da população que deixou de ter um monarca para poder escolher de tempos em tempos um ou vários representantes.
O brasileiro de maneira geral (e na AL) vota em um “rei protetor” e precisa de uma liderança forte que o proteja, com uma visão próxima a que tínhamos na Idade Média, antes da República.
Isso não é preconceito social é apenas um diagnóstico, algo que se resolve com educação para autonomia.
Assim, se não cuidarmos urgentemente do problema educacional nossa democracia, como em toda a América Latina tenderemos a assistir mais em monarcas do que em republicanos, como temos visto, gerando crises, pois os escolhidos não conseguem lidar com a complexidade do mundo contemporâneo.
O que nos leva, ao invés de resolver o problema de exclusão, a mais exclusão, correndo o risco de vivermos e exclusão ainda com menos liberdade.
Podemos pensar, então, em passagens dessa visão monárquica para a republicana e temos que ter sorte, ou sabedoria, de escolher entre os “líderes monárquicos” que tenham:
- – menos fome de poder;
- – mais altruísmo;
- – e que consigam ver o futuro digital, não repetindo a rua sem saída capitalismo x socialismo do século passado.
Marina consegue reunir, por incrível que pareça, essas três qualidades.
Ela não é sobre-humana em relação ao poder, mas tem uma formação muito religiosa, quase foi freira, e isso forjou nela um desapego a alguns instintos normais entre as pessoas e principalmente aos políticos de não querer ser um Hugo Chavez.
Marina, acho eu, está mais próxima de querer ser Madre Teresa de Calcutá.
Nela, a religião provocou algo positivo num ambiente tão corrompido como da nossa política.
Tem ainda uma grande vantagem.
Ela é estudiosa e tem uma inteligência mais articuladora do que memorialista.
Ela consegue enxergar e articular quando algo faz sentido e consegue pensar com a própria cabeça, o que é raro.
Assim, no contexto brasileiro, Marina pode, se conseguirmos construir um apoio em torno de seu nome, nos levar a fugir de algumas armadilhas do passado e do presente:
- – a saída da exclusão pelo socialismo cego da luta de classe e do controle das liberdades, em nome da igualdade, que campeia pelas nossas paragens;
- – a saída da exclusão pelo mercado, que acaba sendo concentrador e cego para a necessidade de dar um salto de qualidade na vida da população.
Marina é a única.
Uma joia rara.
Suas ideias ainda não se espalharam pelo Partido Rede como um mantra, estão ainda se espalhando.
Marina consegue enxercar a luz digital no final do túnel.
Está antenada como que tem de mais moderno em termos de democracia.
Isso não é pouca coisa para o Brasil e para a América Latina – e o mundo.
Marina pode começar a experimentar uma nova saída (e talvez única) inovadora, empreendedora e tecnológica para sair do impasse da exclusão social, sem perda de liberdade.
É uma saída para voltada para o futuro e não para o passado.
Isso vale ouro e tem que ser preservado e incentivado.
É isso, que dizes?