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Não existe nada mais angustiante para um ser humano de lidar com a consciência que um dia vai morrer.

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A sensação de que a existência (essa sensação de acordar de manhã e saber que continuamos aqui) e que amanhã não estaremos mais.

O trem vai e nós ficamos em algum lugar escuro e para sempre.

Não, não é fácil.

Há, assim, uma vontade louca de esquecer essa angústia e fingir que esse fato não é um fato.

Para que pensar nele?

Acredito que uma pessoa e uma cultura podem ser avaliadas em termos de maturidade na forma como as pessoas lidam com essa angústia,

Transformar essa angústia em percepção e fazer dessa percepção uma filosofia que guie, em algum nível as nossas vidas para algo com mais significado, é talvez o grande desafio de cada ser humano individualmente.

É o espaço que uma pessoa e um país têm de pensar além das nossas vidas, em projetar um futuro para além do nosso e procurar deixar um legado que vai extrapolar nossa existência.

Note que no Brasil, por exemplo, muita gente não se preocupa com as consequências de alguns de seus atos, pois sabe não estarão mais aqui – e que o que importa é o seu tempo e não dos que virão. A perspectiva de deixar legados é zerada.

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Toda filosofia que ignora a relevância de uma vida mais significativa da sociedade procura abafar essa reflexão individual da morte:

  • – ou nos convencendo que depois dela tem outra vida;
  • – ou nos levando para escapismos – viver os prazeres da carne aqui e agora.

Assim, quando a morte não entra nas nossas decisões mais cotidianas, temos uma pessoa alienada da realidade maior, de sua própria existência. Não há, portanto, uma estratégia de vida mais realista.

Toda vez que penso em algumas decisões, desde se devo ou não colocar tudo que produzo direto na Internet e se devo batalhar por um trabalho conceitual, mesmo que não tenha muito espaço no mercado hoje, penso na perspectiva  morte (próxima ou distante), que guia de alguma forma meus atos.

Ao ouvir argumentos contrário, analiso se aquela pessoa está, como eu, colocando a morte como um dos parâmetros nos seus conselhos.

(Recomendo a prática, pois é um exercício interessante para detectar vidas alienadas.)

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Um movimento de mudança, que implica em alguns riscos, passa necessariamente por uma discussão da nossa brevidade na vida e na procura de dar a esse pouco tempo algo especial, como um legado.

A estratégia de vida deve incorporar, claro, nossa sobrevivência, coisas práticas, mas deve ser feito dentro de um jogo, no qual outros fatores devem entrar também e não apenas o que todos dizem ser o mais recomendável: siga a segurança.

Abafe-se enquanto pessoa, pois um dia haverá recompensa.

Que recompensa? Quando?

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A base de uma estratégia de vida mais significativa passa, então, por procurar deixar um legado, apesar de toda dificuldade que isso implica hoje e amanhã.

É um esforço consciente para ser mais daquilo que a angústia da morte mal transada recomenda.

É isso, que dizes?

One Response to “A incorporação da morte na estratégia de vida”

  1. Felix disse:

    O que se leva da vida é a vida que a gente leva. Ela é muito frágil, mas ao mesmo tempo pode ser extremamente recompensadora. O desafio é torná-la útil e prazerosa. Atitude, fé, amor, respeito e coragem são indispensáveis. O legado vai depender do tamanho da nossa ambição e de como lidamos com tudo isso. Acredito que a felicidade advém disso, dia a dia.

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