A promessa do livro é dar continuidade a um tema iniciado no “Criação Imperfeita”, de 2010, que é a impossibilidade do ser humano conhecer a realidade.
A defesa anti-platônica de que não é possível para a nossa espécie chegar a algo que seria o real. Por quê?
Temos uma percepção da realidade motivada pelo tempo de estudo dos fenômenos e problemas e utilizamos tecnologias para nos ajudar.
Quando algo avança, o que sabíamos antes evolui.
A ideia da Ilha do Conhecimento vem dar lugar a do aquário do livro de 2010, de que quanto mais ampliamos nossa visão do que conhecemos, mais afastamos as paredes do aquário e mais há por conhecer.
Esse é o ponto central do livro, que teoricamente seria mais dedicado a isso.
Outros dois pontos povoam as preocupações “Gleiserianas”:
- – que a vida na Terra é uma raridade, pois quanto mais vemos o mundo lá fora, vemos como tivemos sorte;
- – e de que deveríamos abraçar a ciência com outra ética de respeito ao desconhecido e menos onipotência.
Ainda estou folheando o livro, mas confesso que me decepcionei um tanto, pois o tema proposto na capa (os limites da ciência) só é aprofundado em uma das partes. Ou seja, o livro não é apenas sobre epistemologia, mas fala também de conhecimentos do céu e da matéria, puxando bastante para a física e os limites do conhecimento na física.
O ponto positivo do Gleiser é o poder de síntese e a percepção do outro.
Em resumo, sabe bastante, mas consegue ser claro e não pedante, coisa rara na academia hoje em dia.
Quem leu o Criação Imperfeita e vai com muita sede ao pote, esperando a tal pesquisa profunda sobre epistemologia, vai se decepcionar.
Quem vai apenas para reforçar conceitos, com algumas pequenas novidades, vai gostar.
É isso, que dizes?