Muitos dizem que a ciência é neutra.
O papel do pesquisador e do professor seria o da neutralidade.
Mas isso não é humano e por causa disso que a neutralidade torna-se uma falsa neutralidade.
Todos temos uma preferência e ela é baseada em algumas “verdades próprias” que precisam ser trabalhadas. O papel da ciência é justamente discutir as verdades próprias e quanto mais elas estiverem em cima da mesa, mais ela avançará!
Todo pesquisador/professor tem uma preferência por um dado ponto de vista sobre um fenômeno ou problema.
Ao contrário do que parecer ser o “bom” caminho, deve defender e escancarar o seu ponto de vista, apresentar a sua trajetória, por que optou por ele, quais são os argumentos que o sustentam e por que não optou por outros.
Assim, ele se posiciona sobre um determinado ponto de vista e pode se abrir para:
- – contra-argumentos;
- – e aprimorar as suas escolhas, ou mudá-las.
A apresentação sem subterfúgios da defesa de um ponto de vista, acredito eu, é um atalho para que as pessoas possam concordar, ou não, com os argumentos, ver a sua consistência e ter que se posicionar também diante dos fatos.
Vivemos uma crise do pensamento e do diálogo, na qual um dos motivos é justamente essa falsa neutralidade em que a defesa do ponto de vista é feita de forma sutil, sub-liminar, no qual os argumentos não são discutidos à luz do dia.
Há uma hipocrisia no fazer científico que acaba nos levando a não debater o que é para ser debatido.
A ciência, acho eu, é feita justamente da defesa de argumentos diante de um determinado fenômeno ou problema.
Quanto mais estes argumentos puderes ser trocados em um espaço de diálogo eficaz, mais rapidamente e com mais qualidade teremos o avanço do agir e pensar sobre eles.
Por fim, diria que a ciência é justamente o conflito de pontos de vistas de pessoas não neturas. Obviamente, que o dogmatismo é algo que atrapalha o debate, mas até ele ficará mais evidente em uma ciência não neutra.
Que dizes?