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Temos uma grupo de 7 pessoas em uma fazenda.

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Eles por dia vão precisar de 21 pratos de comida, café da manhã, almoço e janta.

Se receberem um grupo de turistas de 60 pessoas, por exemplo.

Teremos por dia 201 pratos de comida por dia (7+60).

Um prato de comida na mesa exige uma logística de:

  • Comprar os ingredientes (partindo do princípio que não o produzem);
  • Prepará-los;
  • Servi-los;
  • Arrumar tudo depois.

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Se passarem um fim de semana prolongado 4 dias, teremos: 804 refeições, sem falar em todo o resto: dormitório, banheiros, água, luz, comunicação, etc.

A complexidade da fazenda sem turistas é uma e com turistas é outra, pois a quantidade de dados a ser processado nas duas situações é infinitamente maior para que todos possam se sentir bem.

Assim, podemos dizer, apenas pelo exercício lógico e matemático, que quanto mais pessoas estiverem em um determinado local, teremos necessariamente mais problemas de logística, o que aumenta a complexidade.

Peguemos, então, o planeta que agora é uma grande aldeia conectada.

Em 1800, tínhamos 1 bilhão de habitantes e hoje temos 7 bilhões, vejamos o que pesava e o que pesa para todos nós estes valores em termos apenas de alimentação:

  • 1800 = 1 bilhão = 3 bilhões de pratos de comida ao dia – 90 bilhões ao mês.
  • 2014 = 7 bilhões = 21 bilhões de pratos de comida ao dia – 630 bilhões ao mês.

Note que isso é como juro composto, pois o aumento da complexidade se dá na quantidade e no aumento da escala e ainda na qualidade, pois nem todo mundo come igual ao outro.

Como mostra o gráfico abaixo:

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No livro de Clay Shirky “Here Comes Everybody”, na página 27, ele apresenta o seguinte gráfico – See more at: http://nepo.com.br/2013/09/26/complexidade-demografica-e-mudancas-cognitivas/#sthash.T0ReZzaB.dpuf

Quanto mais gente, mais complexidade qualitativa e quantitativa.

Ou seja, a complexidade humana não é imóvel.

Somos a única espécie animal que consegue superar o problema de aumento do “bando”, pois reinventamos nossa tecno-ecologia. Inventamos no primeiro momento novas tecnologias e no segundo alteramos a nossa Tecno-Cultura para que possamos lidar com o aumento da Complexidade Demográfica.

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Obviamente, que o modelo social (incluindo a educação), político,  e econômico não será o mesmo, conforme aumentamos a população, pois a cada nova etapa da complexidade, nós temos que nos reinventar.

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Todas as análises humanas e filosóficas que procuram saber quem somos, devem passar por compreender que, como animais, estaremos sempre procurando lidar com a sobrevivência e o que vai nos definir a cada momento da história é estar mais ou menos afinados com a complexidade de plantão.

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E, conforme a complexidade, vamos construindo Ambientes Cognitivos mais sofisticados para que possamos lidar com ela.

  • Quando éramos menos de 1 bilhão, podíamos viver apenas da escrita e da escrita impressa;
  • Na escalada, tivemos que massificar o rádio e a tevê;
  • Passando de 3 bilhões, inventamos a Internet;
  • E quando chegamos ao pico de 7 bilhões criamos a Internet colaborativa.

A cada uma destas etapas fomos reinventando o que chamo de Governança da Espécie, que nos permitiu ir sofisticando nossos ambientes sociais, políticos e econômicos, de forma incremental na maior parte das vezes e radical, como estamos fazendo agora.

Não conheço outra teoria mais consistente que esta – com dados concretos – que nos permitam entender a chegada do mundo digital e seus desdobramentos: refazer nosso ambiente social para que ele se torne mais compatível com a atual complexidade.

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Só conseguimos levar o aumento demográfico até aqui, pois tivemos que criar um ambiente hiper-centralizado em termos de produção e ideias, de baixa diversidade humana, nos levando a um conjunto de crises, incluindo de princípios e valores humanos.

A sobrevivência estava acima de tudo. Não, não acho que é uma crise do capitalismo, mas é uma crise da limitação da espécie: crescemos demais e não tínhamos instrumentos para gerenciar esse crescimento com mais eficácia, permitindo mais diversidade e mais princípios.

Hoje, começamos a ter a chance de poder sobreviver com mais diversidade. É o que o potencial do novo Ambiente Cognitivo Digital permite.

O problema principal é que a cabeça da nossa geração, incluindo das atuais lideranças ainda está trabalhando nos limites cognitivos do século passado e não mais do que podemos construir neste novo.

É uma luta dentro de um sub-aquário, dentro de um aquário que cresceu, mas que seus integrantes não se deram conta.

É isso, que dizes?

One Response to “A Complexidade Móvel”

  1. […] Complexidade Móvel – Diga-me a complexidade demográfica que temos e te direi o homo sapiens que fabricaremos – 26/07/14, veja aqui. […]

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