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Esta é a pergunta que muitas pessoas se fazem.

Por que queremos o tempo todo usar novas tecnologias?

Não seria isso algo anti-natural?

Apresento a seguinte figura que acredito ajuda a entender por que vamos mudar radicalmente a sociedade, principalmente quando aumentamos fortemente o número de habitantes.

Abaixo, um modelo de como vivem todos os animais vivos do planeta:

tecno_especie

Note que todas as espécies sociais precisam manter uma relação entre estas três forças: tamanho do grupo, capacidade de se comunicar e governar. É um conjunto integrado que tem que funcionar para que a espécie possa sobreviver a contento.

Assim, em qualquer espécie se há  ao longo do tempo um ajuste sistêmico para que a população flutue dentro de sua capacidade de comunicação e governança.

Os outros animais têm, assim, uma limitação genética da capacidade do tamanho de seus grupos, pois não conseguem inventar um novo modelo de comunicação e de governança, pois estes estão gravados dentro do seu DNA.

São modelos estáticos que variam pouco entre os diferentes grupos.

Eles não têm a capacidade de reinventar estes modelos, diferentes de nós.

tecno_especie2

Assim, não podemos aplicar a lei biológica de limitação dos bandos das outras espécies para o ser humano, pois a nossa “naturalidade” é uma “tecno-naturalidade”.

Nossas bases naturais, ou a forma que somos, é algo que se modifica, conforme vemos a figura abaixo:

tecno_especie3

 

Assim, temos a seguinte ordem de processo:

  • Complexidade Demográfica cresce, pois nós nos reproduzimos sem preocupação de limites;
  • Tal fato, cria uma latência de novo modelo de produção;
  • Que nos leva a uma latência de um novo modelo de inovação;
  • Que nos leva a uma latência de um novo modelo de comunicação;
  • Que nos leva a uma latência de um novo modelo de Governança.

Podemos ver abaixo, então, dois movimentos:

tecno_especie4

 

 

  1. Complexidade Demográfica é a força principal, que faz uma pressão primária em todo a sociedade ao longo do tempo;
  2. Tal força, gera latências em todos os lados do Pentágono, criando uma necessidade de mudança e ajustes ao longo do tempo.

Estas latências vão se transformando em iniciativas de mudanças, que vão surgindo de forma incremental, pois os os problemas vão ficando cada vez mais complexos, conforme a população aumenta.

tecno_especie5

 

Note que a latência (em azul) começa a se transformar em ação (vermelho), começando um processo de alteração natural em cada um dos lados do Pentágono.

Isso tudo acontece dentro de um mesmo Paradigma Cognitivo.

Uma Revolução Cognitiva se caracteriza quando surgem novas Tecnologias Cognitivas, que introduzem um novo elemento dentro do sistema, que é o alargamento radical das possibilidade de Produção, Inovação, Comunicação e Governança.

Como vemos na figura abaixo:

tecno_especie6

Ao se introduzir novas Tecnologias Cognitivas, há uma sofisticação do cérebro e a criação de novos códigos de comunicação humana mais sofisticados, o que nos permite lidar com mais complexidade demográfica e até podemos dizer, nos dá mais fôlego para continuar o aumento demográfico.

Muda-se, assim, o epicentro da produção de cultura da espécie (o cérebro),que permite que se possa resolver os problemas de cada um dos lados do Pentágono de uma forma nova, criando novos Modelos, tanto de produção quanto de inovação, bem como de Governança, que se inicia por um novo Modelo de Comunicação (onde estão embutidos produção de conhecimento, registro, etc).

Estes núcleos começam a se expandir, pois conseguem resolver os problemas de forma melhor: fazendo-se mais com menos.

E vão se expandindo.

Portanto, um novo ciclo civilizatório, ou Era Cognitiva, como gosta Pierre Lévy,  só ocorre quando há a chegada de uma nova Tecnologia Cognitiva, que possibilita um novo Ambiente Cognitivo e permite que todos os limites dos parâmetros anteriores sejam rompidos.

 O que era latência e ação no Paradigma Cognitivo passado, se transforma em uma nova ação transformadora, pois criamos um novo Ambiente para Produção, Inovação e Governança.

E passamos a ter na sociedade modelos antigos e novas de produzir, inovar, comunicar e governar, como vemos abaixo:

tecno_especie7

 

Este é o momento que estamos passando agora, um novo modelo de Comunicação, que permite a superação de velhas barreiras e cria a possibilidade de uma revisão geral da sociedade para lidar melhor com a pressão primária trazida pela nova Complexidade Demográfica, que foi crescendo de forma radical nos últimos 200 anos, de 1 para 7 bilhões.

É preciso ainda compreender que temos o que vou chamar de  Pirâmide do Poder na sociedade.

demo4

Como vemos abaixo:

tecno_especie9

 

demo5

Este fenômeno é muito estudado na Ciência Política, mas tem um ingrediente novo quando se trata de uma Revolução Cognitiva.

Há, com a Revolução Cognitiva, a ascensão de uma nova versão da Espécie Humana empoderada de novas capacidade de lidar com a complexidade,  tanto em termos de capacidade Cognitiva, como de instrumentos,  que começa uma disputa para o exercício da Governança de toda a espécie.

Como vemos abaixo:

tecno_especie8

 

Os que se mantém na Velha Ordem Cognitiva têm uma limitação para lidar com a complexidade e começam a receber a competição de quem tem melhor condições, trazendo a Nova Ordem Cognitiva.

O que se assistirá no Século XXI é a disputa de poder entre a Velha e a Nova Ordem Cognitiva, no fundo entre duas versões diferentes da espécie humana.

A competição é injusta e temos apenas uma questão de tempo, pois, por tendência, quem lida melhor com a complexidade tende, como o tempo, chegar ao topo da Pirâmide de Poder, pois conseguirá responder melhor aos sofisticada dos problemas apresentados.

Foi assim e a meu ver será assim, mesmo que demore mais ou menos tempo.

É isso, que dizes?

Neste vídeo, falo mais sobre isso:

http://youtu.be/TKNKELZ_QL0

4 Responses to “Por que e como vamos mudar radicalmente o nosso mundo?”

  1. […] Nova Ordem Cognitiva – capaz de lidar com mais eficácia com a complexidade demográfica da vez – 14/07/14, aparece aqui; […]

  2. Oi Nepô

    Sem querer ser chato, mas começando do princípio, que evidências você tem que o seu modelo lá de cima é aplicável a alguma outra espécie animal, que dirá a TODAS? Tirando de barato que seja aplicável a nós, diga-se.
    Receio que essa sua afirmação

    Os outros animais têm, assim, uma limitação genética da capacidade do tamanho de seus grupos, pois não conseguem inventar um novo modelo de comunicação e de governança, pois estes estão gravados dentro do seu DNA.

    não possui qualquer fundamento no que sabemos sobre genética, DNA, e Evolução. Genes atuam no indivíduo, não no conjunto de uma população, portanto não me parece sequer possível a existência de uma adaptação dessa natureza (limitante do crescimento populacional). Menos ainda uma adaptação supostamente tão bem sucedida a ponto de existir em todas as formas de vida, mas não nos humanos.
    Me parece que faz mais sentido buscar fatores de limitação do crescimento populacional no próprio ambiente (predação, clima, oferta de alimento, etc.), para o que existe grande acúmulo de evidências. Não por acaso durante a maior parte da nossa história como espécie (200 mil anos aprox.), nosso crescimento foi muito lento, quase vegetativo, só “disparando” há cerca de 200, o que coincide com grandes melhorias sanitárias, de saúde, controle de doenças, etc., além de maior acesso a alimentos.
    Que dizes?

  3. Carlos Nepomuceno disse:

    Oi Nepô

    Oi Eneraldo, boas questões o que demonstra um nível de curiosidade muito legal.

    “Sem querer ser chato, mas começando do princípio, que evidências você tem que o seu modelo lá de cima é aplicável a alguma outra espécie animal, que dirá a TODAS? Tirando de barato que seja aplicável a nós, diga-se.
    Receio que essa sua afirmação”.

    Nenhuma evidência, essa discussão não é teórica (estudo das forças a partir de fatos objetivos), mas filosófica (especulações que procuram repensar premissas básicas sobre o ser humano pela lógica), na linha comparativa que muitos filósofos fizeram sobre animais – seres humanos.

    Ou seja, tem que ser vistas como hipóteses especulativas do que comprovações. Esse é o papel da filosofia e aqui trata-se disso.

    Refiro-me mais às espécies de animais que vivem em grupo – vou tentar deixar mais claro isso.

    Tais digressões filosóficas são para balizar uma discussão e futuras pesquisas de campo, são hipóteses, que ma parecem consistentes do ponto de vista lógico, se partirmos do problema a ser pensado: mudanças de mídia na história..

    Uma filosofia não trabalha com evidências, mas procura ser mais lógica, algo que mostra uma certa coerência com as demais. É o que se espera dela para depois irmos para as teorias. E trabalho de campo.

    “””

    Os outros animais têm, assim, uma limitação genética da capacidade do tamanho de seus grupos, pois não conseguem inventar um novo modelo de comunicação e de governança, pois estes estão gravados dentro do seu DNA.

    não possui qualquer fundamento no que sabemos sobre genética, DNA, e Evolução. Genes atuam no indivíduo, não no conjunto de uma população, portanto não me parece sequer possível a existência de uma adaptação dessa natureza (limitante do crescimento populacional). Menos ainda uma adaptação supostamente tão bem sucedida a ponto de existir em todas as formas de vida, mas não nos humanos.””””

    A comunicação no caso dos animais vem como todas as outras coisas a partir do gene. Um canário canereia, um lobo lobeia, um elefante elefanteia. Há modelos de comunicação em cada espécie que são relativamente fixas e no ser humano ela se modifica no tempo. Somos a única espécie que muda – em pouco tempo e de forma consciente nosso modelo de comunicação, essa é a comparação aqui proposta.

    É uma discussão, volto a dizer, filosófico especulativa, que a meu ver faz sentido como ponto de partida.

    Não há nenhuma pesquisa de campo que comprove o que está sendo dito, pois parte de questões mais amplas para criar um quadro e uma lógica. Do ponto de vista lógico me parece bem provável. Talvez haja autores da biologia que estudem a relação comunicação-animais-governança, vi algo assim nas formigas, donde comecei a especulação.

    Entenda que o fenômeno novo exige novas visões que começam sempre com revisões filosóficas. Não podemos usar o que temos do passado para algo tão novo e tão diferente como o estudo da Internet.

    Volto a dizer o que estamos construindo é uma filosofia seminal para desdobrar outros aspectos, algo que foi feito por vários filósofos no passado, tal como Rosseau e Marx.

    A pergunta que se coloca na relação governança-comunicação das outras espécies nos permite perguntar e especular com mais propriedade: por que os lobos e os elefantes têm um tipo de tamanho de grupo mais ou menos fixo, menores que as zebras e os gnus e menores do que as formigas?

    E por que os rastros das formigas aparecem nas plataformas digitais, tal como o curtir e os comentários? Agora que saltamos para uma nova complexidade? Isso faz um certo sentido, é uma hipótese.

    O que difere entre eles, a meu ver, é o modelo de governança e comunicação. É uma hipótese que forma um quadro – me parece lógico, mas para ver a lógica você teria que ter mais tempo para se aprofundar no conceito da tecno-espécie intuído a partir da da escola de Toronto, que já tem 70 anos de estrada e tem coisas bem interessantes.

    “”””Me parece que faz mais sentido buscar fatores de limitação do crescimento populacional no próprio ambiente (predação, clima, oferta de alimento, etc.), para o que existe grande acúmulo de evidências. Não por acaso durante a maior parte da nossa história como espécie (200 mil anos aprox.), nosso crescimento foi muito lento, quase vegetativo, só “disparando” há cerca de 200, o que coincide com grandes melhorias sanitárias, de saúde, controle de doenças, etc., além de maior acesso a alimentos”””.

    Sim, o que nos leva ao estudo dos efeitos das mudanças de mídia, de onde tudo parte – como a chegada da escrita impressa que começou a modificar esse parâmetro, onde a ciência, incluindo a medicina tiveram um hiper upgrade.

    Esse artigo de cima faz parte de um amplo processo de debate e construção da Antropologia Cognitiva e da Filosofia Tecno-cognitiva, que é uma casa com diversas paredes, tijolos, janelas, portas, etc…

    Se tiver interesse de ir mais fundo, posso te dar um passo a passo para poder entender melhor como cheguei nestas afirmações e posso te dizer que são muito primitivas em relação ao que faremos mais adiante, mas são mais eficazes do que as teorias que vejo por aí se quiser algo mais consistente sobre o fenômeno Internet.

    Não podemos perder de vista isso: o desafio aqui é entender a Internet de forma ampla, por isso arrisca-se a saltos filosóficos no escuro, o que faz parte das novas áreas de estudo.

    Essa afirmação:

    “só “disparando” há cerca de 200, o que coincide com grandes melhorias sanitárias, de saúde, controle de doenças, etc., além de maior acesso a alimento”

    É algo que está dentro da teoria – como consequência da revolução cognitiva do papel impresso. Ou seja, isso é consequência de algo maior e não causa. É algo, inclusive, que está por aí como resposta, mas que considero insuficiente e é por isso que estamos tentando algo mais sofisticado.

    Vários autores colocam essa mudança econômica e política na conta do papel impresso, tem um capítulo inteiro da minha tese de doutorado sobre isso.

    Para poder realmente questionar com mais propriedade, infelizmente, há que haver um tempo maior de dedicação para:

    a) entender o problema a ser estudado – o que se está tentando entender e ajudar a sociedade a minimizar, sem isso estaremos com objetivos diferentes e com visões diferentes;
    b) o passo a passo da teoria – dos pontos iniciais aos mais complexos;
    c) as suas virtudes e espaços abertos para discussão, que existem e precisam muito de pessoas que possam fazê-lo.

    Assim, as cartas estão na mesa.

    Passa ou continua no jogo?

    Que dizes?

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