Quando inventamos nossa primeira tribo, criamos um chefe e, na sequência, começamos a criticá-lo.
Falar mal do chefe, das autoridades, do governo é, ao mesmo tempo, um esporte, um hábito, um prazer, um desejo, algo que faz bem tanto para as pessoas quanto para a sociedade.
É nessas críticas costumeiras que vamos melhorando a maneira de pensar sobre o que queremos em termos de governança. Claro, que só reclamar não leva a lugar nenhum, é preciso também participar, mas de qualquer forma nada mais humano do que reclamar e poder fazer isso.
Viva a Democracia!
Quando se reclama de um governo, entretanto, não está se reclamando necessariamente do país, que são duas entidades diferentes.
Eu posso não gostar de um governo de um determinado país e não ter absolutamente nada contra o conjunto de pessoas que moram nele. Posso até achar que escolheram mal ou aceitam o seu representante, mas uma coisa é:
- – tomate;
- – outro o extrato de tomate.
Há momentos na história que há tentativas de se confundir país com governo, governo com pátria. Pensamento com dogma, dogma com heresia.
Tivemos isso na ditadura militar, quando o projeto de poder era um bloco e nos legou aquela famosa frase: ame-o ou deixe-o. Ou mesmo no final da Idade Média quando a Igreja definiu o monopólio do amor à Deus e todas as verdades sobre a terra a partir do Papa.
Não aceitar o que o Papa dizia era fogueira na certa.
Assim, quando temos em qualquer época a tentativa de juntar pátria-governo, país-governo, projeto de governo com pais estamos diante de um projeto autoritário, pois é dado o direito a todos de discordar de um dado governo, ou de seu projeto, sem estar ferindo o país, ou um grupo dentro dele.
O PT, ou parte do PT, ou um grupo forte dentro do PT, seguindo ou fortemente inspirado na doutrina marxista de luta de classes se define como um grupo em favor do proletariado (no passado) e dos pobres (no presente).
E define o país em dois grupos os pobres que são excluídos e os ricos que os excluem.
E faz, assim, uma definição de projeto de governo em defesa de um país dos pobres e um governo dos pobres, para os pobres, com os pobres contra os ricos.
Até aí podemos chamar isso de um nicho e uma bandeira da política – sem problema.
O problema quando se tenta vender que são os ÚNICOS que ´podem ajudar este segmento e iniciam um projeto de caça-as-bruxas de quem não concordar com essa tese.
Isso é feito de uma forma tão repetida e está tão enraizado dentro da ideologia dos que sobraram dentro do PT que se acredita que nenhum outro projeto de governo a favor dos pobres, ou de país, seja possível, a não ser o projeto do PT. Existe um marqueteiro que cria isso, mas, o pior, que tem muito mané que REALMENTE acredita nisso.
Assim, falar mal do governo hoje passou a ser com o que foi na ditadura, de que o esporte nacional de criticar o governo, que é da própria espécie, é algo que vai contra a a pátria dos pobres, contra o pobre, pois o PT é o pobre e falar mal do PT é não gostar de pobre.
A hipnose é a seguinte, criando-se um neologismo:
PT_pobre_Brasil, PT_defesa_uníca_dos_pobres, PT_Brasil_pobre é algo que não se separam. Querem criar uma haghtag #PT_pobre.
Notem que vivemos hoje um momento de conjuntura política completamente diferente de 2002, quando o PT começou a sua jornada como governo federal, o que juntou um novo governo como uma nova agenda.
Foi um casamento feliz, que ocorreu em diversos estados da nação, via vários Governadores, que assumiram junto com o PT, tendo como eixo o ataque direto à exclusão social e melhorias dos serviços públicos.
A exclusão social no Brasil – que vem desde 1500, era uma bola que estava quicando na frente do gol, pois:
- – tivemos primeiro que limpar a área da ditadura para resgatar um modelo arcaico de democracia;
- – lidamos com o problema grave da inflação, que aumentava ainda mais esta exclusão;
- – chegou o momento de ter políticas mais ativas contra a miséria absoluta;
- – tendo agora uma outra pauta relevante que é tentar melhorar os serviços públicos de educação, saúde (incluindo saneamento), mobilidade e segurança.
A ideia de que o PT é o único partido no Brasil que procura reduzir o problema da exclusão social é vendida dentro da ideias de que todos os outros nada fizeram.
Porém, é preciso ver a agenda que existia e analisar como essa agenda foi tratada nos Estados, em paralelo ao governo federal do PT, pois nem todo governo estadual do Brasil, felizmente, é do PT.
Se analisarmos os projetos dos dois candidatos de oposição, tanto o Eduardo Campos e Aécio Neves, em Pernambuco e em Minas, temos que analisar seus governos para ver se eles foram contra os pobres.
Se sim, faria sentido o discurso do PT-pobre-Brasil.
Se esse discurso fosse verdadeiro, só teríamos no Brasil governadores do PT, pois os pobres, que são a maioria em Pernambuco e Minas teriam rejeitado os dois candidatos.
Porém, ambos tiveram governos foram reeleitos e bem avaliados, com boa taxa de aprovação dos cidadãos, que viram neles governadores que assumiram as agendas do país: contra a exclusão e na melhoria dos serviços públicos, com altos e baixo, como é de todo governo.
O que ser quer, assim, vender com esse discurso primário de criar novas palavras no dicionário?
“PT-pobre-Brasil” versus “Eles-Elite-Não-Brasil”
Tal proposta é apostar ainda mais na incapacidade de lidar com cenários mais complexos de uma grande parcela da população brasileira.
É uma visão simplista, dogmática, arcaica e maniqueísta para fácil compreensão, mas que escamoteia várias discussões relevantes que estão em pauta hoje.
Qual a melhor forma de promover a exclusão e melhorar os serviços públicos?
Existem as experiências de vários Estados nessa direção, pois ninguém no país hoje, prefeito, governador ou presidente será eleito, ou reeleito, sem que coloque estes pontos em destaque.
Ou seja, o PT se aproveitou do momento bom da economia mundial para vender a ideia que é o partido que melhor sabe trabalhar com a economia (escondendo claro os insucessos da Dilma).
E quer transformar uma agenda nacional de combate à exclusão, que é a bola da vez em todos os Estados e Municípios) como propriedade sua, tentando vender uma ideia de que ninguém está nessa agenda. Pior: que o único que tem direito à essa agenda.
A realidade, entretanto, mostra que todos que querem fazer política no Brasil vão estar nessa agenda, senão não serão eleitos. E isso não é uma agenda do PT, mas a agenda imposta pelo próprio avanço natural da democracia adolescente do país.
Ou seja, querem criar um mito de que falar mal do governo é uma heresia contra os pobres e que querer um outro governo é ir contra a entidade sagrada: “PT-pobre-Brasil”.
Isso é um discurso autoritário, oportunista, maniqueísta e muito pouco conscientizador, pois não se quer discutir projetos, na base da discussão racional, mas apostar tudo no voto emocional, levando nossa democracia para o fundo do poço, onde ela parece que consegue ir cada vez mais fundo.
Note que o PT é o único partido na disputa atual com esse discurso segregador.
Ou seja, eu devo, quero e preciso falar mal do governo.
E não quero que ninguém venha me impedir, pois isso não é uma heresia!
É um direito e ninguém vai tirar.
É isso, que dizes?
FORA DILMA, LULA E SUA CORJA DE LADROES.
O BRASIL NÃO MERECE VIVER NAS MAOS DESSES INCOMPETENTES. BASTA DE ROUBO E DE MEXER NOS DIREITOS DOS OUTROS.