Toda vez que temos um cenário disruptivo na sociedade os primeiros pensadores apostam no conceito do pós.
- Na filosofia, vivemos na pós-modernidade.
- E na economia, na fase pós-industrial.
O pós é uma forma de identificar algo novo, mas que não temos condições ainda de qualificá-lo.
A qualificação de uma época precisa de uma teoria que a sustente, que consiga identificar as forças principais que estão gerando mudanças e que possam ser impactantes o suficiente para formar uma nova era disruptiva em relação à anterior.
Muitos economistas e depois mais gente na sociedade optou, por exemplo, de chamar o nosso momento atual de “Sociedade do Conhecimento“.
A lógica é de que vivemos três etapas no passado: a fase agrícola, a industrial, a pós-industrial que precisava de um nome e, por isso, a chamamos de conhecimento.
A justificativa é o aumento vertiginoso dos produtos intangíveis na sociedade que aumenta o esforço do conhecimento nas organizações. Ou seja: mais e mais um produto precisa de mais massa cinzenta para gerar valor, em relação ao que era exigido no passado.
A sociedade do conhecimento é hoje, digamos, a teoria econômica que vingou de forma hegemônica, o que nos leva, por exemplo, à criação da metodologia da Gestão do Conhecimento, pois se temos trabalhadores do conhecimento, é preciso saber gerenciá-los.
O problema do teoria da Sociedade do Conhecimento é, por um lado, de nominação dentro da própria economia e, por outro, de considerar a economia como a força principal das mudanças na sociedade, não é, como veremos.
Houve, sem dúvida, alguma taxa relacional de conhecimento no mundo agrícola, no mundo industrial e agora no mundo pós-industrial, tanto que a era das navegações em 1500 foi toda baseada nos estudos feitos nas primeiras Universidades, vide Sagres.
Uma caravela levava dentro dela uma considerável taxa de conhecimento para chegar ao seu destino!
Podemos dizer que há um gradativo aumento das taxas de conhecimento do ser humano sobre aquilo que ele produz.
Inegavelmente, aumentamos isso do mundo agrícola para o industrial e mais ainda agora, mas isso não caracteriza o momento atual como “do conhecimento”.
O aumento de produtos intangíveis é algo que vem subindo ao longo do tempo, pois fomos sofisticando os meios de troca: primeiro para suportes eletrônicos (exemplo filmes, fotografias, música) e depois da digitalização da sociedade.
Além disso, como o aumento das cidades, mais e mais estamos tercerizando aquilo que fazíamos em casa, aumentado a necessidade de consumo de serviços.
Havia o conhecimento agrícola, o conhecimento industrial e agora temos um novo ambiente de conhecimento pós-industrial, em que as taxas vão progressivamente aumentando.
O problema que temos aqui é interessante, pois a economia, diferente do que achávamos, não é a que traz as causas, mas as consequências de algo maior.
E este é o principal impasse de analisar a nossa sociedade com o viés econômico.
Não é, a meu ver, a economia a força principal, a locomotiva da história, a economia é consequência de outras forças que a obriga a se aperfeiçoar – é apenas um dos vagões do trem, a ferramenta para atender a estas demandas. Que sofre mudanças quando forças maiores do que elas se movimentam.
A conceituação de nosso tempo como a sociedade do conhecimento não sobreviverá, pois é uma teoria pouco eficaz. Tanto é que não conseguiu englobar a chegada do Digital e todas as mudanças que estão aí presentes.
Não acho que a Gestão do Conhecimento (a filha dessa teoria) esteja conseguindo entender a ajudar a lidar com o mundo digital de hoje em dia.
Portanto, é preciso rever e, a meu ver, rejeitar a teoria da sociedade do conhecimento, primeiro, e depois a metodologia da gestão do conhecimento para avançarmos.
Nos meus estudos a força principal e maior – em qualquer espécie de seres vivos e sociais – é o tamanho da população. O ambiente produtivo será cada vez mais sofisticado, quanto maior for a complexidade demográfica, incluindo a taxa de uso do conhecimento. Uma coisa é produzir para uma aldeia outra para uma megalópolis.
Ou seja, não é a economia que determina as macro-mudanças da espécie, a meu ver, mas a demografia que força todo o resto a ser compatível com ela. Todo o resto que virá depois se relaciona com esse volume, que vai forçando mudanças em toda a sociedade.
Quanto mais formos, mais sofisticado teremos que ser em produzir a nossa sobrevivência, embutido mais e mais conhecimento para fazer mais com menos.
Assim, se quisermos ser precisos temos que nos colocar hoje como a sociedade dos 7 bilhões de habitantes, que demandará uma sociedade compatível com esse volume, tanto do ponto de vista social, político e econômico. Todas as mudanças que assistirmos nos século XXI serão, a meu ver, ajustes da espécie para o salto de 1 para 7 bilhões que demos nos últimos 200 anos.
Portanto, antes de sermos econômicos, somos uma espécie viva que se movimenta e vive crises em função do número de membros da espécie. E a economia é apenas uma ferramenta determinada por essa força maior e não o contrário!
Estamos aprendendo ainda com a chegada da Internet, que antes de mudanças econômicas, sociais e políticas, acontecem mudanças com a massificação de novas Tecnologias Cognitivas, que criam a base de uma nova era: um novo Tecno-código que condiciona e permite que todo um conjunto de mudanças sejam feitas na sociedade.
(Atualmente estamos passando do Tecno-código oral-escrito para o dos algoritmos.)
Depois da demografia, portanto, a segunda força principal das macro-mudanças da espécie é Tecno-cognitiva. Ou seja, seremos aquilo que a demografia exige, alterando, em primeiro lugar o Tecno-código, que nos possibilitará recriar a nossa Tecno-sociedade, incluindo a economia.
E esse misto de demografia e tecno-códigos criam modelos de governança compatíveis com a complexidade exigida. Nossa Governança é a única de todos os seres vivos que muda muito rapidamente.
Podemos dizer, assim, que
Somos a sociedade de 7 bilhões de habitantes, que agora para resolver a sua nova complexidade demográfica inventou o mundo digital para sofisticar a nossa forma de Governança, que nos permitirá sobreviver e conseguir apontar saída para as nossas crises.
Portanto, somos a sociedade 7.0 de habitantes.
Sob esse ponto de vista, podemos dividir a espécie em três momentos:
- – O mundo oral – tecno-código da palavra – agrícola – menos de 1 bilhão, governança de líderes-alfas hereditários;
- – O mundo escrito – tecno-código oral-escrito – agrícola-industrial – mais de 1 bilhão, governança de líderes-alfas hereditários e agora rotativos;
- – O mundo digital – tecno-código oral-escrito-algorítmicos colaborativos – produtos e serviços intangíveis – mais de 2 bilhões líderes alfas rotativos e ainda mais rotativos.
Com estes parâmetros, temos uma visão bem mais clara das forças principais e podemos descrever a nossa sociedade como a digital de 7 bilhões, produtora de bens e serviços intangíveis, migrando de uma governança de líderes-alfas rotativos para um modelo muito mais dinâmico, através dos algoritmos colaborativos.
É isso, que dizes?
Belo artigo. Uma dúvida que tenho sobre as plataformas digitais é se são uma opção sofisticada para melhorar a governança da espécie ou se são a única saída disponível. Dito de outra forma, é inovação, ou é a única maneira dessa sociedade funcionar? Não seria apenas uma forma de administrar o estrago? Veja que não tenho certeza, estou mesmo levantando questões.
Bom, Luiz, vamos lá.
A nossa tecno-sociedade vive em Ambientes Cognitivos que são condicionados por Tecno-códigos.
Estamos saindo dos Tecno-códigos orais-escritos para os orais-escritos-algorítmicos.
Estes novos Tecno-códigos não funcionam sem que estejam em um ambiente digital e estes em plataformas que permitam a ação de um gestor, de robôs e de colaboração.
Ou seja, da mesma maneira que a escrita precisava do livro, agora precisamos destes ambientes.
Note, entretanto, que os algoritmos não são novos, pois já eram usados pelas organizações para processar dados, o que temos de novo são os algoritmos colaborativos, que se somam aos outros e aumentam a geração de dados da sociedade para as organizações.
Sem plataformas, os problemas complexos continuarão a ser tratados com os Tecno-códigos anteriores, que se tornaram obsoletos em função de dois fenômenos:
– o aumento demográfico, dos últimos 200 anos, que venho criando latências;
– a massificação de novas tecnologias cognitivas disruptivas, que conseguem transformar estas latências antigas em soluções.
Que dizes?
Enfim, que objetivos necessários para ter sucesso nesta ideologia?
De acordo com texto e resposta, pode se deduzir que para adequar ao objetivo os recursos necessários, devem prover:
1-Disponibilizar um meio de interação colaborativa e em tempo real, aonde ações cognitivas tornam capazes de definir e conduzir as estrategias , criando soluções adversas para varias fases e etapas, de qualquer situação ou necessidade.
2- A dinâmica das informações do meio, possibilita a formação, construção e origem… portanto originalidade, a outras necessidades não percebidas mas necessárias. Realimentando a cadeia
3-A interação e utilização dos creditos (criptomoedas) conforme importancia e capacidade de dissiminação da contribuição realizada
4-Por fim, a centralização dos dados, deve prover uma igualitaria distribuicao, alimentando sistemas distribuidos autonomicos e provendo um sistema justo de permuta de dados , por valor da informação e capacidade de transformacao obtida pela interacao agregada