A inovação disruptiva se trabalha com uma taxa de abstração muito maior, pois é preciso criar algo que não está sendo visto, do nada, uma criação em cima de conceitos, latências, coisas intangíveis.
Ao longo dos últimos anos, tenho aprendido à duras penas a preparar pessoas para pensar e criar projetos disruptivos.
Não é algo simples ou rápido.
Note que:
- A inovação incremental é algo que você trabalha em cima de algo visível.
- A inovação disruptiva se trabalha com algo invisível!
A inovação incremental, portanto, exige uma taxa de abstração bem menor, pois vê-se algo e procura se melhorar o que se vê.
A inovação disruptiva se trabalha com uma taxa de abstração muito maior, pois é preciso criar algo que não está sendo visto, do nada, uma criação em cima de conceitos, latências, coisas intangíveis.
A preparação para a inovação incremental exige, assim, motivações para que se fique mais atento para o que se está vendo e fazendo. E a disruptiva de que se desconfie do que está se pensando e refletindo.
Por isso, no trabalho de preparação para a disrupção tenho apelado para a filosofia.
O ponto principal é trabalhar a dicotomia entre percepção e realidade.
A maior parte dos meus alunos vem para a sala de aula com a seguinte visão:
- – eu consigo ver a realidade;
- – eu não tenho uma percepção, mas vejo o que acontece;
- – a realidade existe;
- – a realidade é passível de ser conhecida.
Uma pessoa que tem essa visão não conseguirá questionar o que pensa, reflete ou vê, pois há uma base de opressão muito forte, que o vai impedir de pensar fora da caixa que o colocaram, pois ele ACREDITA na caixa.
Além disso, toda a visão de mundo, que foi construída pela sociedade e a pessoa repete, é para o aluno que chega algo que ele construiu sozinho.
Ele não consegue perceber que é fruto de uma construção da realidade.
Vivemos – e isso é importante saber – o fim de um longo período de contração cognitiva e o habitante do planeta do nosso tempo sofre de macros-distúrbios cognitivos-afetivos.
Um dos principais é essa sensação forte de dono da verdade.
Note que o dono da verdade, que consegue ver a verdade sozinho, não vê necessidade de conversar com o outro para conhecer a verdade.
Ou seja, a propriedade da verdade puxa o problema da incapacidade do diálogo.
Que é um outro forte problema para lidar com a inovação disruptiva.
Ninguém consegue criar um novo mundo sozinho, sem conversa.
O que nos leva ao outros aspecto da formação: a questão dos princípios e da ética, que falarei mais adiante.
Que dizes?