Noto com os meus alunos que temos uma ideologia na qual tudo se justifica em nome de estar trabalhando e vivo, como se não houvesse, por outro lado, uma demanda por algo mais significativo para se deixar um legado, quando a consciência da mortalidade passa a existir.
Não existe nada mais definidor na vida de cada ser humano e de toda a sociedade do que nossa relação com a morte.
Podemos dizer que a visão da morte define a vida.
Se eu vou viver em outra vida, a atual é apenas uma passagem da qual não preciso me esforçar/preocupar muito.
Diria que em contrações cognitivas há uma venda descarada da ilusão da imortalidade.
Vivemos num limbo do presente sem futuro.
Todos colocam a morte como algo não determinante nas suas atitudes.
Fingi-se que estamos aqui para sempre e a luta pela sobrevivência/prazeres é o único propósito.
O caminho de uma vida mais ou menos significativa passa por essa reflexão sobre a morte, pois se a minha grande missão no mundo é apenas sobreviver a qualquer custo, ou me agarrar em coisas irrelevantes, não preciso de nada mais.
Noto com os meus alunos que muito se justifica em nome da ideologia de estar trabalhando e vivo, como se não houvesse, por outro lado, uma demanda por algo mais significativo para se deixar um legado, quando a questão da mortalidade vem com força.
Diria que esse é o conflito principal do ser humano.
- O quanto ele vai emergir no mundo esquecendo da morte?
- Ou colocá-la presente para a sua tomada de decisões de todos os dias?
Note que as pessoas que costumam falam em vida significativa tendem a trabalhar com a morte como um fator muito mais presente.
Obviamente, que a morte pode nos levar também a uma vida entregue aos prazeres mais imediatos. Se vou morrer, vamos aproveitar.
Não se trata de questão moral, mas da ética que cada um tem para si e para os outros.
E a morte exerce um papel fundamental nisso tudo.
Uma vida mais significativa é a tensão entre o que eu tenho que fazer para poder viver e o que que posso e quero fazer, a despeito do que eu tenho que fazer.
É a luta entre as brechas de sobreviver e TAMBÉM viver.
E se vivemos em uma sociedade em que o esforço em deixar um legado é pequeno, temos um problema grande para quem vai ficar por aqui depois de nós.
Uma expansão cognitiva aumenta a interação entre as pessoas e essas questões mais existenciais vem à tona.
Que dizes?
É isso que dizes?