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 Note que uma teoria é a análise de forças que se movem. Analisa-se cada força, a relação entre elas e os diferentes contextos. A partir de uma regra que se estabelece, faz-se um prognóstico e um diagnóstico para lidar com um dado problema. Quando se apresenta algo como se fosse uma teoria sem prognóstico e sem diagnóstico não é teoria. Podemos chamar de arte, de viagens mentais, do nome que você quiser, menos de teorias.

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Uma teoria geralmente tem algo parecido com uma fórmula.

Tal coisa, tal coisa e tal coisa quando se juntam em tal situação provavelmente ocorre tal coisa.

Uma teoria só é comprovada – de fato –  quando sai de um ambiente controlado e cria uma metodologia para interferir em um dado problema na sociedade.

O objetivo de uma teoria é gerar uma metodologia tangível (tecnologia) ou intangível (procedimentos para agir).

Obviamente, que uma teoria que não gera metodologia não serve para nada, pode jogar no lixo, pois não conseguirá ajudar a sociedade. É uma teoria, no máximo, de baixa qualidade.

Teorias vêm para reduzir sofrimentos na sociedade e quanto mais conseguirem realizar isso, através de metodologias, mas qualidade terão – vide a psicanálise, por exemplo.

Quando não chegam a esse objetivo são teorias de baixa qualidade, ou são falsas teorias, pois não geram metodologia.

Uma teoria surge, assim, de um dado problema/sofrimento que precisa ser mimimizado e que uma dada metodologia atual não consegue resolver e precisa de outra melhor.

Uma teoria é, portanto, uma fazedora de metodologia, que serve para os que vão utilizá-la resolver um dado sofrimento.

Quanto melhor a teoria, melhor será a metodologia que nela está baseada e vice-versa.

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E como podemos melhorar uma teoria?

Revisando as forças e isso quem pode ajudar é a filosofia.

Quando há forças que estão super ou sub avaliadas é que falta uma reflexão mais profunda sobre elas e aí entra a filosofia.

O papel da filosofia é se dedicar a estudar essas forças de forma ainda mais aprofundada.

A filosofia é quase a teorias das teorias que leva mais tempo de reflexão e se dedica a questões mais profundas, que serão úteis para os teóricos melhorarem seus estudos.

  • O filósofo, assim, conversa mais com teóricos;
  • E os teóricos conversam mais com os metodológicos;
  • E estes dialogam com os que vão fazer de metodologia uma realidade.

Se essa cadeia não é feita, algo está equivocado na ciência praticada.

Note assim que quem toca no chão é quem vai implantar a metodologia, mas é uma cadeia que cada um tem a sua cota de responsabilidade na minimização do sofrimento em questão

O ideal é que o filósofo, o teórico, o metodológico e quem parte para operacionalizar a metodologia entendam essa cadeia de relações, o que geralmente não ocorre. 

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Muitos dizem que teoria e filosofia são pouco práticas.

Acho que quem diz isso deve adorar aquela música do Zeca Pagodinho:

“Deixa a metodologia me levar” (com todas as teorias e filosofias que estão ali embutidas.)

Na verdade, não é que a teoria ou a filosofia são pouco práticas, mas a pessoa que está querendo resolver seus problemas não sabe usá-las e não entende que tudo é uma cadeia de relações – o que é algo bem diferente.

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Hoje, normalmente a sociedade não trabalha com teorias, pois a nossa taxa de abstração está muito baixa.

Trabalhamos praticamente com metodologias que têm teorias e filosofias embutidas, que nós não vemos e por causa disso insistimos em metodologias furadas, pois não temos capacidade de rever as filosofias e as teorias que nelas estão encapsuladas.

Uma análise de um tipo de fracasso em reduzir sofrimentos passa, assim, por esse diagnóstico:

  • – há algo equivocado na implantação da metodologia?
  • – há algo equivocado na teoria que gerou a metodologia?
  • – há algo equivocado na filosofia que gerou a teoria que criou a metodologia?

Há pouco espaço de discussão teórica-filosófica-metodológica e isso é muito ajudado pela  pouca praticidade da academia em realmente FAZER ciência e das organizações em USAR ciência. Não é à toa que as organizações estão resolvendo assumir o papel da academia.

A academia finge que faz teorias, mas ela apenas ou repete teorias existentes ou finge que teoriza. Um artigo, uma dissertação ou uma tese acadêmica que não faz relações de forças e aponta novas sugestões para pensar e/ou agir sobre um dado problema é acadêmica apenas na forma e origem.

É, portanto, feita dentro da academia seguindo regras, mas não no conteúdo científico, pois se não há sugestões e recomendações para aprimorar filosofias, teorias ou metodologias é algo que não serve para a sociedade.

Um teórico, assim, é aquele que se arrisca a dar prognósticos e apontar diagnósticos, pois o teórico é um incentivador e um revisor das metodologias de plantão.

Uma teoria é, assim, criadora de oceanos de cenários nos quais as metodologias vão nadar.

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Diria até que:

  • – o filósofo tem o papel de ajudar a quantificar e qualificar as forças;
  • – o teórico em juntá-las e colocá-las em contextos;
  • – o metodológico em organizá-la em um método de ação;
  • – o operacional em colocá-la para rodar.

Se algo deu errado na hora de rodar, é preciso ir subindo mais e mais até ver aonde houve o equívoco.

Assim, a ciência pura não existe, pois a ciência pura é a dedicação do estudo das forças de forma mais aprofundada. O que temos aí é filosofia ou no geral ou filosofia de cada problema.

Não seria filosofia da ciência, que estuda o fazer científico, mas a filosofia (um estudo mais aprofundado das forças) de um dado problema.

Que serão mais adiante usadas pelos teóricos para criar metodologias.

Estudos filosóficos que não ajudam teóricos também são de baixa qualidade ou não são filosofia, mas digressões.

E um estudo de problemas que não entende e não percorre essa relação entre todas estas instâncias é de baixa qualidade e, é, infelizmente, a ciência, em sua grande maioria, que temos hoje.

Por aí, que dizes?

Versão 1.0 – 28/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

One Response to “A anatomia das teorias”

  1. […] (Recomento ler mais sobre este assunto nessa discussão sobre dicotomia entre teoria e prática.) (E esse sobre a anatomia das teorias.) […]

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