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Vamos supor que o diagnóstico é aceito: que estamos saindo de uma governança para outra.

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Sim, eu sei que é difícil, inusitado, parece maluco, mas é assim que eu vejo e muita gente começa a chegar a mesma conclusão, através não de palestras com fogos de artifício, mas pela simples e pura articulação de argumentos lógicos.

Vamos supor, então, que estamos em um longo ciclo de mudança de governança:

  • – saindo da governança impressa-eletrônica dos líderes-alfas espelhada nas redes dos mamíferos, que conseguiram gerenciar um mundo até 7 bilhões de habitantes, com ideias muito controladas;
  • – e indo para uma nova governança digital espelhada nas redes dos insetos para dar conta de gerenciar um mundo com mais de 7 bilhões de habitantes, agora com as ideias descontroladas.

Se isso é fato há que se preparar a organização para essa migração e isso não é fácil.

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Tenho feito esse trabalho experimental, pela primeira vez, na IplanRio, empresa da prefeitura do Rio, através da criação de um laboratório de inovação digital colaborativo.

O objetivo – e isso tem ficado mais claro a cada discussão – é de que é preciso experimentar uma nova governança interna e externa, na forma de conceber e executar os projetos e se relacionar com os colegas e clientes.

Percebo claramente que nós NÃO fomos educados para o novo modelo de governança.

Desde que saímos da barriga das nossas mães nosso ego-mente foram formatados para serem compatíveis com a atual governança impresso-eletrônica.

Estamos em um processo de mutação de um humano impressus-eletronicus para um digitalis.

É outra espécie!

Ou seja, temos hoje:

  • baixa capacidade de abstração, pois não foi incentivada a criatividade, mas a repetição, somos bons de memória e ruins de invenção;
  • não desenvolvemos nossa capacidade de expressar (falar, escrever,  compreender), pois a prática era mais de aceitar do que questionar. Não conseguimos trocar argumentos;
  • defendemos verdades absolutas e não percepções provisórias;
  • baixa capacidade de interagir, pois acreditamos que resolvemos tudo sozinhos;
  • culpamos os outros, pois não encaramos a vida como se fosse nossa, com nossas decisões, um baixo conceito ético em relação a nossa missão na vida.

Ou seja, nossas mentes e egos estão saindo de maus tratos absolutos.

Estamos com grande dificuldade de dar a volta por cima, pois precisamos assumir as consequências de uma governança que está acabando. É mais fácil reclamar dela e se acomodar, do que ter coragem de dar a volta por cima e ser agente para criar uma nova!

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Uma nova governança vai questionar esta base que está completamente sedimentada na atual geração, formada na atual escola, com a atual família e nas atuais organizações.

  • Mudar para um novo ambiente exige um esforço muito grande por parte da organização em aceitar a migração e dar recursos para que seja feita;
  • Por parte do incentivador da mudança que vai provocar discussões de tal forma a ir tocando nestes pontos frágeis, problematizando-os e fazendo o grupo amadurecer, não só falando mas mostrando na prática o seu esforço (o que exige um envolvimento ético no projeto);
  • E dos envolvidos que têm que se dedicar de forma intensa, pois é uma passagem que exige da pessoa e não do crachá.

Quando se fala sobre tudo isso, dá até medo e muitas vezes preguiça.

O ponto que tenho trabalhado como incentivo para as organizações e os envolvidos no laboratório é o de apontar que essa difícil migração está bem longe de um movimento opcional, de propostas de mudanças administrativas, tais como reengenharia, ou tantos outros.

A migração para a nova governança ocorre INDEPENDENTE DO DESEJO DAS ORGANIZAÇÕES, pois é uma macro-mudança da espécie, procurando se acomodar, agora que tem novos canais de expressão para reclamar e criar, a um novo mundo de 7 bilhões de habitantes, que vai usar o modelo da governança dos insetos para se auto-gerenciar.

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Os desafios e a dificuldade são evidentes.

Porém, se o diagnóstico é este quanto mais tempo uma organização se dedicar de forma consciente para esse processo, mas vai ganhar participação e liderança no futuro e vice-versa.

É preciso ir alterando o modelo afetivo-cognitivo para que se possa ter colaboradores abertos para essa nova governança e preparados para ela, o que implica em um amadurecimento coletivo que leva tempo.

Os resultados começam a aparecer de forma lenta e gradual, pois a nova governança vem para resolver problemas complexos de forma inovadora, mais barata, eficaz e com mais ética. E preciso ter olhos para ver o que melhora

Acredito que vivemos tempos difíceis, mas não menos, interessantes.

Que dizes?

Versão 1.0 – 27/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação. 

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