Tenho me esforçado bastante para compreender o que ando e muitos andam fazendo por aqui. Note, como disse aqui, que não estamos mais descobrindo para publicar, mas publicando para descobrir.
Veja que um blog é um espaço privilegiado para produzir diariamente novas ideias, que entram em contato com várias pessoas, que interferem de alguma forma nessa produção.
Eu tenho um canal privilegiado para compartilhar com mais gente minhas ideias. Fico imaginando pesquisadores do passado com uma ferramenta dessas.
Assim, não dependo mais de algum espaço, instituição, pessoas para ir ao público.
Eu vou direto.
E isso tem uma relevância GIGANTESCA de como pensamos a produção do conhecimento no século XXI.
Assim, quebra-se algo que era fundamental no ambiente cognitivo passado: a filtragem para publicar.
Muitos dirão que essa filtragem garantia o melhor dos mundos, mas isso foi se perdendo como o aumento radical da população de 1 para 7 bilhões nos últimos 200 anos, ou de 3 para 7 nos últimos 50, que são saltos nunca antes visto na espécie.
- Mais gente, mais diversidade.
- Mais diversidade, mais complexidade.
- Simples assim.
(Note que o método atual foi um avanço há 200 anos, mas não é mais eficaz para um mundo que cresceu de complexidade.)
Eu posso dizer algo, pois já fiz tese de doutorado e publiquei dois livros.
Sei exatamente que o que se fala está em Marte e o que se faz está aqui na Terra.
Há hoje uma evidente crise dos filtradores de plantão.
Uma editora precisa fazer volume para fazer dinheiro.
São vários autores por mês e o tratamento para cada um deles virou uma espécie de pizzaria de livros.
O que emplacar ou já emplacou tem tratamento vip, os demais estariam melhor ou estariam na mesma se tivessem publicado sozinhos.
Acreditar que há um filtro que agrega algo ao trabalho é se iludir.
O mesmo digo da academia, que cada vez mais tem se tornado conservadora, pois qualquer artigo que foge ao padrão assusta aos pareceristas, que tendem a ir no que conhecem, já que são tantos artigos e tão pouco espaço para publicar.
O autor e o pesquisador estão só por absoluta falta de tempo disponível de quem teria que filtrar, pois o volume a ser analisado pelos filtradores de plantão é cada vez maior. O tempo se estica, o que explica hoje um livro demorar 6 meses para ser publicado e um artigo acadêmico chega a um ano, estão velhos antes de serem lidos.
Assim, a produção das percepções na sociedade precisa mudar completamente a sua forma para sair da crise demanda x oferta.
Estamos indo para a meritocracia dos insetos, como detalhei aqui.
Ao invés de filtrar para publicar, coloca-se na roda o texto e espera-se que os recursos da interação digital permitam que o uso direto da relação de consumo do que se publicou defina a qualidade e a relevância do trabalho.
É uma proposta, inapelavelmente, tecnológica.
Não é que temos a opção de ser assim, VAI SER ASSIM, temos que agora ver quanto tempo demoramos para começar a experimentar e sedimentar algo que garanta, de novo, a qualidade na complexidade, como já tivemos no passado.
Tal mudança nos leva a sair de uma validação por pares, gestores, autoridades para uma validação por uso.
- Uma é feita da organização pela própria organização.
- A segunda é feita de quem usa a organização e espera dela solução de problemas e sofrimentos.
É o que vai nos permitir resgatar as organizações que se tornaram servidoras delas mesmas, com forte prejuízo para a sociedade. Tal método podemos chamar de método interativo, que tem como base o resgate da interação com quem tem problemas.
Expanda isso para a política, justiça, escola e temos aí a tecno-sociedade digital do século XXI (sempre fomos tecnos agora precisamos ser tecno-digitais).
Que dizes?
Versão 1.0 – 19/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.