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A prática não é antônimo de teoria. Isso é típico de um período das trevas do pensamento contemporâneo. O outro lado da prática é o pensamento, agir e pensar. Quando agimos estamos pensando. O outro lado da moeda da teoria é a metodologia, que tem dentro dela a teoria embutida. Essa falsa dicotomia teoria e prática é extremamente venenosa em um mundo que pede mais qualidade de reflexão, pois tira das pessoas a capacidade de rever metodologias, a partir de revisões teóricas.

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Quando temos um problema, precisamos de um método de análise.

Todo problema é um problema prático, que quando vai se sofisticando vai se tornando teórico, ou mesmo filosófico, veja aqui o triângulo do conhecimento.

Ou seja, ao termos um dado problema, querendo ou não, desenvolvemos uma metodologia para atacá-lo.

Se vamos trocar um pneu, a forma que fazemos isso é uma metodologia.

O que podemos dizer é que uma dada metodologia de trocar pneu é mais ou menos eficaz, dependendo da pessoa, do carro, das ferramentas que temos, do local onde a operação será feita.

Quando uma metodologia já começa a apresentar baixa eficácia para solucionar o problema a que se propõe, ela precisa ser revista. Assim, paramos para pensar sobre a metodologia.

Hoje, pouca gente é capaz de rever metodologias, pois criamos essa falsa separação enter teoria e prática. Nós torcemos o nariz ingenuamente quando falamos em revisão teórica e deixamos que alguém, que nem sabemos quem é, faça isso por nós.

Os resultados podem ser desastrosos.

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Quando pensamos sobre a metodologia, estamos olhando para o processo de como fazemos a troca de pneus. Estamos trabalhando, portanto, na revisão da metodologia e não mais como uma ferramenta invisível, mas estamos tornando a metodologia algo visível, estamos tangibilizando a metodologia para aperfeiçoá-la.

Uma metodologia, assim, é uma ferramenta de solução de problemas, criada por alguém, que foi difundida, mas que nela está contida uma ideia da melhor forma de resolver um dado problema, que pode ser mais ou menos eficaz, conforme contexto, quem a utiliza, etc…

O que podemos chamar de revisão metodológica, que já pede um pouco de abstração, pois uma revisão desse tipo não visa mais apenas resolver o problema, mas aperfeiçoar a metodologia pouco eficaz traz, dificultando aquela solução.

Isso não é algo acadêmico, mas humano, quando estamos diante de qualquer problema.

Note, entretanto, que a metodologia partiu de uma dada teoria, pois tivemos que conhecer todos os elementos, as forças que regem a troca de pneu.

  • – o peso do carro;
  • – o equipamento necessário para levantá-lo;
  • – o tamanho dos parafusos;
  • – as ferramentas necessárias para tirá-los e colocá-los.

As teorias estudam as forças em movimento para que possamos atuar para modificá-las, alterá-las, usá-las a nosso favor. Assim, antes de uma metodologia, temos uma teoria, que pode conter alguns equívocos, que ao se rever a metodologia, devem ser levados em conta para o ajuste e pensar em novas metodologias.

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Neste caso, a metodologia quando tem problemas, pode nos levar a uma revisão teórica, pois temos que subir um degrau para resolver o problema prático.

Veja, então, que a revisão metodológica, em algumas situações, passa necessariamente por uma revisão teórica, o que não é algo pouco prático, ao contrário, a revisão teórica nos leva a uma melhor revisão metodológica, que é algo extremamente relevante, dependendo do caso.

Digo o mesmo da questão filosófica, que é algo bem mais raro, mas em alguns momentos uma teoria foi baseada em um preceito filosófico.

Exemplo:

Tenho discutido aqui sobre Internet, na questão da tecno-espécie. Se somos uma tecno-espécie, temos que rever o papel da tecnologia na sociedade, alterando diversas teorias agregadas e, por sua vez, metodologias.

Ou seja, dentro de uma metodologia, há uma teoria e, dentro dela, uma filosofia.

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O que é cruel nessa falsa dicotomia teoria e prática tão difundida, é a dificuldade que criamos na sociedade diante das metodologias, que passam a ser dogmas, vindos dos gurus, que temos que aceitar e não questionar o que tem ali embutido.

Ou seja, como queremos “coisas práticas” e “cases para imitar” estamos aceitando as metodologias sem entender as teorias e filosofias que as geraram, nos incapacitando a sermos nós a fazer a revisão teórica e filosófica necessárias quando algo dá MUITO errado.

Vamos precisar de quem as criou, um pacote fechado, para inventar uma nova e pagarmos por ela, tudo de novo.

Podemos dizer que essa falsa dicotomia teoria e prática faz parte de mais uma das polarizações que tenho desenvolvido no mapa do pêndulo cognitivo.

Quando alguém me fala que filosofia e teoria não são coisas práticas, eu sempre respondo que depende muito do problema que o interrogante tem pela frente. Se é alguém que só aperta botão, eu diria que são problemas que não afetam a sua vida, mas são extremamente práticos, pois implicam na metodologia que ele terá que usar, muitas vezes, sem condições de questionar.

Por aí,

que dizes?

Versão 1.0 – 14/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

One Response to “A falsa dicotomia entre teoria e prática”

  1. […] (Recomento ler mais sobre este assunto nessa discussão sobre dicotomia entre teoria e prática.) […]

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