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Este vídeo é importante para pensar sobre o assunto:

(Este texto fará parte de um dos temas da minha palestra hoje sobre ética e meios digitais no Colégio Pedro II.)

Normalmente, vemos o ódio como algo que não existe.

A família, a escola, a sociedade são boas, não abusivas, e nós não temos motivo para odiá-las.

Será que toda família é boa? Toda escola é boa? E a sociedade é boa para todo mundo?

Quando não tomamos consciência da raiva e do ódio que sentimos, ele vai para algum lugar dentro da gente desconhecido e sai nas horas mais estranhas.

Pensar o ódio, administrar o ódio e a raiva é algo fundamental para a saúde emocional das pessoas.

O primeiro passo para nos posicionarmos no mundo é quando percebemos os abusos que sofremos hoje e ontem e tomamos a decisão de nos responsabilizar por eles.

O que chamaria de taxa de sabedoria.

Quanto mais nos conscientizamos dos abusos e dos ódios correlatos, mais temos chance de canalizar, transformar aquilo que nos foi imposto em algo que possa modificar o mundo e talvez evitar que outros sejam oprimidos como nós fomos.

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Foi Sartre que disse algo assim:

“Somos aquilo que conseguimos ser apesar daquilo que fizeram conosco”.

O que é, na verdade, um desdobramento das sugestões de Heidegger que diz:

“Não somos humanos, nos fazemos humanos” 

Eu diria que temos taxas de humanidade, quando conseguimos criar um ambiente interno em que conseguimos lidar com nossas raivas e ódios e transformamos isso em uma missão de vida para que possamos criar mudança no mundo capaz de reduzir o sofrimento nosso e alheio.

Humanizar-se não é ser uma correia transmissora do abuso, mas ser a rua sem saída do abuso para que não mais ocorra!

Assim, podemos sempre justificar nossas ações como reações daquilo que nos fizeram, no estilo blackblock:

“Eu quebro por que me quebraram antes”. “Eu responde com a violência com o que me fizeram”.

Ninguém nega que toda a sociedade é violenta e abusiva, ainda mais a nossa, na periferia do mundo.

Porém, diria que há uma baixa humanidade e sabedoria, quando não nos colocamos entre a ação e a reação.

Gosto da frase que diz:

“A ação poe ser do outro, mas a reação é tua!”

Seria o primeiro estágio da violência pura e simples, respondendo a violência. Quebrar é fácil, rápido, construir é algo que exige uma sabedoria e uma taxa bem mais alta de humanidade.

E nada melhor para os abusivos de plantão, que são PHD em violência, quando alguém toma esse caminho, pois é um campo pra lá de conhecido.

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Lembro que, por exemplo, Mandela teve todos os motivos para sair matando um mundo, em função do Apartheid e não sei quantos anos de prisão. Mas resolveu atuar e responder a violência com sabedoria.

Muitos dirão que os governos autoritários só entendem de violência, mas o problema é que quando a baixa sabedoria está a frente da mudança o que virá depois, se houver mudança, é uma neo-violência, como ocorreu em várias revoluções no passado.

Sugiro fortemente todos que estão empenhados em mudanças que vejam esse vídeo do Gene Sharp, um tipo Gandhi do século XXI, que aponta uma nova para a luta política, com a camisa da ética, da alta sabedoria e de de um grau maior de humanidade.

O método tem sido usado com sucesso por revolucionários pacifistas em todo o mundo.

Para baixar o livro.

É isso, que dizes?

Versão 1.0 – 01/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

2 Responses to “Ódio, baixa sabedoria e os blackblocks”

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