Versão 1.0 – 25/09/2013
Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.
Há três tipos de redes produtoras de verdades:
- Uma rede que produz verdades de forma centralizada, ou mono-monoteísta – é aquela em que se tem um centro produtor de verdades mais centralizado, baseado em um tipo de tecnologia cognitiva, que tem baixa taxa de interação e retroalimentação, que por sua característica controla os canais de construção de verdades. Ex: redes de rádio e tevê;
- Uma rede que produz verdades de forma descentralizada, ou mono-politeísta – é aquela em que se tem um centro produtor de verdades mais descentralizado, baseado em um tipo de tecnologia cognitiva que permite a descentralização dos canais e, assim, alcança taxas maiores de interação e retroalimentação, que por sua característica não controla mais os canais de construção de verdades. Ex: Facbeook e Youtube.
- Uma rede que produz verdades de forma distribuída, ou poli- politeísta – é aquela em que não há um centro produtor de verdades, baseado em um tipo de tecnologia cognitiva que permite a descentralização das redes e, assim, alcança taxas maiores de interação e retroalimentação, que por sua característica não controla mais as redes e os canais de construção de verdades. Ex: P2P, E-Mule.
(Senti necessidade também de trabalhar aqui com o conceito de redes de verdade hegemônicas e anti-hegemônicas. Ressalvo ainda que o uso de monoteísmo e politeísmo é uma liberdade poética, pois para mim tem facilitado a explicação de algo monovox e polivox, o que seria algo complicado de usar. Vamos amadurecendo)
Veja a tabela abaixo:
Podemos ainda qualificar da seguinte maneira:
Veja as definições:
- As redes hegemônicas – são aquelas que são produzidas pelas redes hegemônicas das verdades constituídas. Quanto mais tempo de uso houver das mesmas redes, baseadas na mesma tecnologia cognitiva, mais estas verdades serão consideradas verdadeiras, no sentido de inquestionáveis. Tal hegemonia dependerá também da taxa de interação e retroalimentação que a tecnologia cognitiva permitir;
- As redes anti-hegemônicas – são aquelas que são produzidas pelas redes contra-hegemônicas das verdades constituídas. Tais redes terão mais ascensão em crises, nas quais se procura verdades alternativas e terão destaque nas Revoluções Cognitivas, com a chegada de novas tecnologias cognitivas, que criam um processo de expansão, definido aqui no pêndulo cognitivo.
E ainda:
- As redes de verdades intangíveis – todas aquelas que nos ajudam a criar significa e tomar decisões;
- As redes de verdades tangíveis – todas aquelas que são resultados da nossa tomada de decisão, tal como produtos e serviços.
Por fim, podemos ter por setores:
Abaixo algumas digressões sobre o tema:
A partir dessa análise das redes de produção da verdade, podemos considerar, mergulhando no passado, que o papel impresso é/foi uma tecnologia que permitiu a criação de uma rede informacional mais descentralizada, como também o telefone, o celular, a Internet (que hoje permite também a distribuída, em alguns casos).
Assim, aquilo que mais usamos e adoramos o Facebook podemos conceituar como uma rede descentralizada de canais, sem um forte controle sobre o conteúdo de cada um, porém todos os canais dependem daquele centro para existir e se moldam a ele. (O que lhes dá a prerrogativa em controlar o conteúdo ou usá-lo conforme contexto). O Facebook se assemelha à chegada do telefone fixo, pois todos podiam falar o que queriam com seus amigos, mas eram dependentes, em alguma instância, do centro que lhes dava/tirava (em caso de não pagamento por exemplo) a autorização para uso, bem como permitia (conforme contexto) que alguém (ou a justiça, o estado) a grampeá-lo.
Os canais (perfis dentro do Facebook) funcionam dentro da rede descentralizada, mas são dependentes dela para existir. Se desligarem o Facebook vai ter gente babando com abstinência no meio da rua. 🙂
Há assim uma liberdade semi-controlada na criação e uso dos perfis no Facebook e canais do Youtube do que vai se colocar neles. Esse controle se expressa em várias censuras do Google na China, no Youtube aqui no Brasil, como foi no caso recente do DesceaLetra. E regras que os usuários acham absurdas, mas têm que aceitar sem discussão para continuar a ter o privilégio para usar um canal em uma rede que não é sua, de um centro topologicamente monoteísta controlador e definidor de regras de cima para baixo.
Como vemos, podemos enriquecer todo esse debate se colocarmos tais redes e sistemas de controle no contexto cultural de produção da verdade (monoteísmo/politeísmo), topologias de rede e mudanças da governanças da espécie, conforme aumentamos a população, criando a necessidade de redes cada vez mais complexas e, por causa disso, menos controladas! (Conceitos visto no blog e de forma mais sequencial no meu novo livro.)
Não há dúvida que saltamos de uma rede centralizada para uma descentralizada, tal como o Youtube ou Facebook, que se estruturaram no mesmo modelo de uma companhia telefônica do século passado e isso é um salto topologicamente e culturalmente relevante, mas provisório, pois a liberdade exercida vai criando novas demandas que esbarra no monoteísmo topológico da rede com suas limitações, pois nela está contido a governança da espécie passada, incluído aí todos os seus vícios pelo tempo de uso da governança, leia-se fortemente o sistema financeiro e sua lógica pouco politeísta, que passa, aos poucos, a ser o controlador das decisões da rede, desbancando os ideais dos fundadores.
Talvez possamos dizer que o mundo comece a procurar, ainda de forma muito sutil, uma governança, que seja mais poli-politeísta, na topologia e na construção da verdade, que nos levaria para uma sociedade topologicamente mais distribuída.
Pelo que vemos, hoje nem maturidade emocional e nem cognitiva para algo desse tipo, que seria o esforço filosófico, teórico, metodológico e educacional que teremos que fazer daqui por diante.
Se analisarmos, aliás, no fundo foi o que ocorreu na passagem do monoteísmo da escrita manuscrita para a impressa, que nos legou o capitalismo e a república, que levou 350 anos de construção. Agora, estaríamos saindo da governança monoteísta tanto na topologia, quanto na cultura de produção da verdade, sendo o atual estágio da Internet descentralizada apenas uma passagem para começar a construir o novo modelo de uma governança poli-politeísta na forma e no conteúdo.
Uma governança poli-politeísta sem centro, sem controle do conteúdo, do canal e também do interruptor?
Isso é/será possível?
Podemos dizer assim que o Facebook/Youtube são redes na sua forma monoteísta com canais culturalmente politeístas, em constante tensão e conflito, principalmente daqueles que estão em uma anti-narrativa a procura de uma nova Governança politeísta, que quer poder controlar também o interruptor da rede e dos canais, para poder se sentir capaz de controlar seu próprio conteúdo!
Se analisarmos o passado a chegada da rede descentralizada do papel impresso foi algo similar, que quebrou o modelo da rede fortemente monoteísta centralizada da igreja/monarquia, que mantinha o púlpito como um centro difusor das ideias fechadas da bíblia, interpretada pela alto clero (debatida via papel manuscrito fechado a sete chaves) e divulgada pelos padres.
A massificação da nova tecnologia da prensa, via papel impresso, abriu a possibilidade para a reforma protestante, depois de 50 anos pós-Gutemberg.
A Reforma Luterana foi, assim, o primeiro movimento que tinha no conteúdo o início de uma luta por um monoteísmo mais light que pudesse dar aos canais o direito de interpretar de novas maneiras a bíblia (coisas que o judaísmo já fazia séculos antes com o “Wiki-Talmude” (leiam Bonder – Portais secretos), além de traduzi-la para o alemão, quebrando o código (a procura de um código mais livre).
Tais conexões demonstram de forma mais evidente a consistência da teoria e filosofia tecno-cognitiva ao estabelecer a ligação profunda entre a cultura da produção da verdade (monoteísmo/politeísmo) e as topologias das redes nas história aliando a elas as lutas sociais, econômicas e políticas de cada época, apesar, até aqui, do fator tecnológica ter ficado meio invisível para seus atores.
Note que a luta por uma rede mais descentralizada ou toda luta por um monoteísmo mais light começou com a chegada da nova topologia do papel impresso e nos levou, depois de vários capítulos (Reforma Protestante, Revolução Inglesa e Americana) para a Revolução Francesa, quando o modelo monoteísta mais light de gerir a sociedade sai do âmbito cognitivo-informacional para ser ele o novo modelo de rede/governança da sociedade.
Era um modelo culturalmente e topologicamente mais sofisticado para lidar com a nova complexidade demográfica, de um salto de 400 mil para 1 bilhão de pessoas no mundo (1400-1800), gerando forte pressão e oportunidades para os modelos produtivos e econômicos.
Ou seja, a rede descentralizada começou fazendo nossa cabeça, como previa MacLuhan, moldou nosso cérebro e depois, ao longo do tempo, fomos procurando adaptar a antiga topologia da governança da sociedade à nova topologia da rede que construímos primeiro em nossas cabeças, exercitando novas formas de troca de informação!
Esta tensão, na época, entre um mundo socialmente em rede centralizada para um novo em rede mais descentralizada (que foi a passagem do feudalismo/monarquia papal para o capitalismo e a democracia republicana) levou 350 anos, no qual vários pensadores, filósofos, revolucionários lutaram sempre em paralelo, através dos novos canais disponíveis, criando novos modelos mais descentralizados de redes informacionais e querendo que estas saíssem da cognição para a governança da espécie.
Podemos considerar, assim, que vivemos hoje a passagem de um monoteísmo hard para um monoteísmo light ou um pré-politeísmo cultural, mas não ainda social, pois a mudança agora está se dando apenas na cognição das pessoas, em redes descentralizadas, mas com forte controle e influência da governança anterior. Há algo em ebulição no cérebro destes usuários deste novo ambiente mono-politeísta, que fará que queiramos mais adiante transformar essa nova topologia informacional em um novo modelo de governança, provavelmente muito mais aberto do que imagina hoje nossa vã e intoxicada filosofia monoteísta.
Não, não seria uma visão otimista do mundo, pois na visão dialética do pêndulo cognitivo teríamos esse movimento de expansão para lidar com a atual complexidade demográfica, estabeleceríamos novos modelos de governança que seriam, como o tempo de uso, apreendidos pelos novos donos do poder (quem seriam eles?), voltando a um movimento de contração, pois é da natureza humana se acomodar enquanto outros abocanham o poder.
- Como se daria um controle em uma rede distribuída?
- Conseguiremos ter uma governança distribuída?
- Perguntas variadas…
(Augusto de Franco é um dos que pode ajudar bem nesse debate).
É isso,
que dizes?
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