Versão 1.0 – 29/08/13
Ontem, fiz mais um interessante exercício da diferença de percepção e realidade com os alunos da Veiga. (Veja o vídeo completo aqui.)
Há uma intoxicação Matrixiana (o filme Matrix detalha bem), no qual se apresenta o extremo da invisibilidade das interpretações. O filme se passa em um período que vou chamar de “Contração Cognitiva”, explico mais abaixo, no qual as interpretações ficam invisíveis.
Veja o desenho.
No desenho mostro que entre a realidade e a nossa percepção existe uma taxa (medida pela régua) que varia de visibilidade ou invisibilidade das interpretações. Quanto menos se vê as interpretações mais intoxicada está a pessoa do que podemos chamar de uma realidade real, na qual não se consegue ver as interpretações mais exposta à manipulação pelas autoridades de plantão que constroem a realidade na subjetividade alheia, a partir de seus interesses, que podem até ser contrários ao que carrega aquelas ideias!
Quando pergunto qual a diferença entre percepção e realidade normalmente se acredita em uma realidade real e não interpretada.
- Realidade real – existe e vamos um dia chegar nela. Existem autoridades que detém a autoridade e podem interpretá-la para nós;
- Realidade interpretada – independente se existe ou não, o ser humano nunca vai chegar nela a não ser por interpretação. Ou seja, que é possível se tocar na realidade e que não existe interpretação entre nossa percepção da realidade e ela em si. E que as autoridades podem estar equivocadas na sua interpretação.
A figura abaixo representa bem a visão de quem está na Realidade Real:
Note que o espaço de observação da interpretação é pequeno, pois se acredita que se vê a realidade de forma “pura”.
Essa visão é – apesar de estarmos em pleno século XXI – resultado do que estamos chamando de “ditadura cognitiva e seus efeitos“. Diferente do que achava antes, não vivemos evoluções filosóficas, mas períodos de controle e descontrole de ideias, o que nos leva a uma visão não evolucionista do pensamento humano, detalhei mais isso aqui.
(Obviamente que há escalas diferente entre as pessoas, mas estamos colocando uma visão global e geral como uma tendência.)
Teríamos assim dois macro-movimentos cognitivos um de expansão e outro de contração das ideias com reflexos na capacidade de ver, ou não, a realidade interpretada:
- Expansão cognitiva – a partir de uma tecnologia cognitiva descentralizadora (fala, escrita, computador) na qual ficaria mais evidente a taxa de interpretação, com um aumento do uso da filosofia pela sociedade, pois percebe-se que o mundo é interpretado;
- Contração cognitiva – , a partir de uma tecnologia cognitiva centralizadora (rádio, tevê, jornais de grande circulação) na qual ficaria menos evidente a taxa de interpretação, com uma redução do uso da filosofia pela sociedade, pois percebe-se cada vez menos que o mundo é interpretado.
Vivemos hoje o final de um período de contração de ideias, que já dura quase 200 anos e estamos no início do processo de expansão em função da chegada da Internet. Nossa capacidade de observar a interpretação e dos interpretadores do mundo é muito baixa.
Por isso, fala-se muito em sair da caixa.
A caixa nada mais é do que a incapacidade de ver a interpretação que temos do mundo, olhar para ela e conseguir superá-la, questionando a existente e procurando colocar algo no lugar.
Sair da caixa, então, como foi em Matrix é a tomada de uma pílula vermelha que olha e questiona a Realidade real e passa a perceber a Realidade interpretada.
No momento que se aceita que a realidade é interpretada abre-se a possibilidade de ver – de fora – a realidade, vendo os códigos, o que nos leva a possibilidade de criar uma nova interpretação, saindo da caixa da realidade real.
Ou seja:
- Sair de Matrix, a pílula vermelha, é a capacidade de ver a interpretação.
- A interpretação da realidade é a base da organização social e da estrutura de poder.
- Na interpretação aceita – e invisível – se esconde os interesses e o modus-operandi.
- Na caixa, assim, existe uma caixa de interesses.
Mas isso vou falar em outro post.
Que dizes?
[…] A invisibilidade das interpretações […]
[…] A invisibilidade das interpretações […]
[…] preciso sair da percepção da realidade real para a realidade interpretada, veja mais sobre isso aqui. Ou sobre o conceito da […]
[…] Somos condicionados pelo ambiente, não gostamos de pensar com nossa própria cabeça, e esse modelo nos leva a sucessivas crises, que é justamente o momento em que nossos hábitos (de agir e pensar) se deparam com fatos da vida, que precisam de um novo entendimento. (Desenvolvo mais a ideia do que é a realidade aqui.) E falo disso também aqui. […]