Versão 1.0 – 26/08/13
Estamos saindo de uma ditadura cognitiva.
Um período na história de forte controle das ideias, que já dura cerca de 200 anos, desde a Revolução Francesa.
Conforme tenho estudado estamos no final do antigo modelo de governança da espécie passado (do líder alfa de baixa rotatividade) e passando agora para um ainda mais rotativo, com lideranças muito mais dinâmicas.
Ao final destas etapas de fim de governança, nos encontramos agora como no passado em um momento de alta taxa de decadência dos princípios coletivos em detrimento dos individuais. Isso se explica pelo controle que as organizações passaram a ter na sociedade e, por sua vez, o baixo grau de controle da sociedade sobre as organizações.
Assim, as organizações nestas fases estão:
- mais voltadas para elas mesmas;
- com autoridades sem uma narrativa convincente para se manter onde estão, pois fiam-se no controle das ideias para se manter onde estão;
- baixa taxa de meritocracia;
- critérios de validação dos esforços de cima para baixo (é a autoridade que diz quem está bem) e não de baixo para cima (o consumidor/cidadão com poder de indicação).
Estamos, assim, saindo de uma fase na qual os esforços para reduzir o sofrimento da sociedade não dão Ibope.
A produção de conhecimento nestas fases reflete essa conjuntura.
A produção acadêmica de maneira geral acaba por atender às demandas das organizações intoxicadas por autoridades com baixa meritocracia, que tendem a validar projetos distantes da solução dos sofrimentos sociais, pois tudo é feito para manter as falsas autoridades nas suas posições.
A redução do sofrimento, que deveria ser uma medida ética para balizar a relevância dos projetos, não é valorizada.
Assim, nestes momentos é preciso abandonar os antigos modelos para se dedicar a um novo, pois abre-se um novo ciclo de demanda/oferta de projetos de conhecimento que deverão atender a um novo modelo de organização, dentro da nova governança da espécie que surge, que tem uma forte carga em direção à redução de sofrimento da sociedade.
Os critérios de validação de conhecimento passados perdem o sentido ético, pois estão voltados para os projetos de baixa taxa de redução de sofrimento das falsas autoridades de plantão.
Assim, é preciso pela ordem:
- – definir projetos, perguntas, problemas que tenham forte impacto na redução de sofrimento;
- – tais projetos serão construídos de forma alternativa e deverão ser balizados – de sua eficácia ou não – não mais pelas falsas autoridades, mas por aqueles que se está procurando um determinado conjunto de sofrimento;
- – a leitura, avanço do pensamento, descobertas devem ser balizadas pela eficácia na melhoria do pensar e fazer ações que reduzam o sofrimento.
Ou seja, o que importa no seu projeto, na sua pesquisa, não é mais o que as autoridades dirão deles, pois elas, de maneira geral, perderam o senso ético da redução de sofrimento, mas aquilo que as pessoas que você está comprometida em reduzir o sofrimento dizem/acham/sentem/se beneficiam dele.
O seu público-alvo de redução de sofrimento passa a ser a sua nova autoridade de validação e não mais as antigas autoridades!!!
O conhecimento será feito/produzido com eles, para eles, de uma forma mais anárquica, menos estruturada.
Não me pergunte como você fará pesquisa nesse contexto dentro de uma organização atual. Há brechas e em alguns casos deve ser feito fora delas, através de projetos alternativos, até pensando em crowdfunding.
Por enquanto, é isso.
Que dizes?
Vou tentar aplicar isso na empresa onde trabalho. Veremos como funciona.