Fala-se de aumentar a colaboração, mas a colaboração atual impressa, oral ou digital sem algoritmo, tem limite, pois é feita em um ambiente que tem uma taxa limite de participação/atendimento.
Versão 1.0 – 27 de março de 2013
Rascunho – colabore na revisão.
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Recebo do Gustavo Morsch, um dos meus alunos do grupo de estudo as seguintes boas questões após assistir meu vídeo: Por que as redes sociais corporativas não estão funcionando?
Ele diz:
“Primeiro eu gostaria de diferenciar as redes sociais corporativas com o objetivo de se relacionar/comunicar com os consumidores/cidadãos e as redes que tem como objetivo a colaboração interna. Acredito que as redes que estamos falando tem muito mais um objetivo de comunicação interna do que externa e é dessa que eu gostaria de fazer algumas reflexões”.
Respondo:
A separação entre as duas redes (interna e externa) é feito dessa maneira atualmente, pois imaginamos que existe uma organização que faz, empacota, oferece e procura convencer. De outra que está vindo, que faz tudo isso junto com o consumidor.
A empresa do século XXI trabalha para melhorar a plataforma, na qual o consumidor co-cria. Quando falo em co-criar não é fazer o produto, pois a maioria não vai ter tempo para isso, mas vai ter muito mais espaço para escolha e manda “imprimir” o que ele quer, ou seja, ele terá muito mais customização e margem de escolha que temos hoje.
Ou seja, não há a divisão entre a rede interna e externa na concepção de produtos e serviços, pois o consumidor/cidadão é co-criador e não um consumidor passivo do que foi combinado internamente.
A rede interna servirá como um suporte/administrador e gerenciador em alto nível do que vai sendo co-criado para que o processo seja cada vez mais eficaz.
A proposta de separação rede de dentro e rede de fora já faz parte do modelo mental atual, tentando adaptar o que está vindo com o que temos. A tendência é termos um ambiente integrado e a rede “de dentro” ser a gestora da plataforma, reduzindo o ruído atual da comunicação oral e escrita com o consumidor e aumentando cada vez mais a comunicação química, via algoritmos, na qual o consumidor já resolve seus problemas diretamente na plataforma.
Ponto 2:
Vejo o fracasso das redes atuais com diversas causas, sendo parte dela não relacionada com a rede social em si, mas no modelo mental dos funcionários e, por consequência, a cultura estabelecida. Nesta discussão temos que levar em consideração que temos perfis de pessoas muito distintos dentro de uma empresa. Desde pessoas que ainda tem receio de usar o computador até a chamada geração Y ou Z (geracoes que ja nasceram com o computador ou a internet). Para este ultimo grupo a premissa de colaboração é muito mais forte e natural.
Note que, como discutimos na reunião passada do grupo, vai haver um tempo de adaptação e um amadurecimento tanto da organização e seus colaboradores, bem como, do consumidor.
Ponto 3:
A minha experiência em usar uma rede social corporativa (usamos o Yammer) foi excelente. Passamos a ter um espaço muito mais dinâmico para construção e compartilhamento de informações. Eu usava até muito mais do que o próprio facebook! Desta forma, não acredito que o simples fato de que as redes não estarem funcionando agora signifique que elas não possam funcionar.
Bom, aí temos uma discussão super-interessante.
Você diz: “Passamos a ter um espaço muito mais dinâmico para construção e compartilhamento de informações.“.
Este problema de redes sociais que não funcionam é típico de organizações com grande contingente de colaboradores internos e consumidores. É sobre estas que tenho afirmado que temos forte problema de adotar a colaboração de massa, pois só é possível se você mudar o modelo.
Fala-se de aumentar a colaboração, mas a colaboração atual impressa, oral ou digital sem algoritmo, tem limite, pois é feita em um ambiente que tem uma taxa limite de participação/atendimento.
Em empresas e ambientes menores/deparamentos, pode haver melhorias de comunicação com as novas tecnologias, pois a rede social vai ser um salto diante do e-mail. Porém, não se deve se iludir que estamos com esse passo já adotando o novo modelo, pode ser uma etapa de aculturação apenas.
Sim, tais ferramentas podem ajudar a quebrar barreiras, ganhar velocidade e pode até reduzir custos, mas o ambiente para que isso possa acontecer tem que ser:
- – menor, mais controlado, pois é um espaço para mais conversa;
- – entre pessoas que estão na mesma equipe ou departamento, pois os processos ganham velocidade, mas são os mesmos processos que eram já feitos.
São novas ferramentas de comunicação, de colaboração no modelo atual, mas não de colaboração de massa!!! Não são escalonáveis!
Sim, pode haver uma melhora da comunicação interna, ainda mais em organizações que já eram um pouco mais horizontais e com perfis abertos a esse tipo de colaboração.
O que o livro que cito no vídeo “Mídias Sociais na Organização” está falando é de colaboração de massa e não apenas de mais colaboração em pequenas equipes ou a atual colaboração impressa/oral/digital sem algoritmo.
E de empresas muito grandes e não de pequenas.
E aí temos a confusão e o problema de escala, basicamente, que é o que a Internet vem tentar ajudar.
- De um lado temos hoje a colaboração baseada na comunicação pelo computador, papel, fone ou oral, que tem um limite de pessoas que podem participar e vai precisar alguém que organize o caos, o que nos dá o problema do tempo de resposta do atual líder-alfa.
- De outro a colaboração de massa baseada na comunicação digital, com os rastros e algoritmos que superam o problema de limite de pessoas que podem participar, pois o algoritmo dá sentido ao caos, o que nos dá a solução para o tempo de resposta, pois as novas premissas da organização são incorporadas na plataforma e permitem a relação direta consumidor/robôs/algoritmos.
Ou seja, a meu ver, estamos incluindo com uma rede social corporativa no processo de comunicação, produção, colaboração o rastro digital, o que chamo de “comunicação química das formigas”, onde se inclui os algoritmos que é o que vai permitir escalonar o processo.
Numa rede social corporativa que podemos dizer que “está dando certo” quando podemos garantir que se multiplicarmos por muitos o número de participantes, se o ambiente permitirá escalonar e para isso precisamos mudar o modelo de gestão, pois é outro modelo de tomada de decisões.
Se a sua empresa crescer e tiver dois mil funcionários o modelo de colaboração do Yammer seria sustentável? Não haveria necessidade de sofisticar a plataforma? E como o cliente poderia participar mais desse processo? E se um concorrente lança uma plataforma que o cliente é mais pró-ativo?
Podemos pensar nesse modelo Yammer para resolver problemas das grandes cidades, justiça, organizações com milhares de empregados e consumidores, como as de celulares?
Estamos aí falando de novas ferramentas de comunicação para resolver problemas de baixa colaboração.
Quando falamos de redes sociais corporativas estamos falando de problemas de comunicação com alta taxa (quantidade) de colaboração, onde entra a colaboração de massa e que exige a mudança do modelo de gestão e de posicionamento do líder-alfa.
Que dizes?
Gostei das provocações.