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 Uma alta taxa de abstração é fundamental para o diálogo, para a troca, para a inovação e para a colaboração, infelizmente não é o que temos como padrão hoje depois de décadas de ditadura cognitiva.

Versão 1.0 – 14 de dezembro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Uma das grandes dificuldades que temos hoje ao ensinar, fazer consultoria, dar palestras é combater a nossa baixa taxa de abstração.

Ela é fruto da ditadura cognitiva que termina com o fim da era cognitiva impressa/eletrônica e o início da nova primavera digital. (Uma ditadura cognitiva, ao contrário de uma social, não tem um ditador de plantão, ela é condicionada pelas tecnologias de comunicação/informação disponíveis.)

Nesse contexto, temos uma escola reprodutora  e não criadora de conhecimento, o que nos leva a um aumento radical  do nosso piloto automático, que aposta tudo na memória e pouco no aumento da taxa de abstração.

Esse diagnóstico nos leva aos seguintes sintomas:

  • Temos a ilusão que a realidade existe;
  • Que a ciência estuda a realidade e não a percepção da realidade;
  • Que é possível com estudo chegar na realidade  como se ela fosse algo parado  e quem se mexe são as pessoas em direção à ela;
  • E, por fim, a incapacidade de criar, de inovar e sair das caixas: o eu e a realidade estão colados.

Só conseguimos criar, quando podemos olhar para como olhamos!

Gosto da frase:

“Ver diferente é a condição necessária para continuar a ver”Gaston Bachelard;

Gleiser no livro Criação Imperfeita quebra com essa ideia da realidade final ou definitiva ao sugerir que ela é histórica, inatingível, pois só conseguimos ver aquilo que medimos, a cada fase da evolução humana.

A realidade é datada!

Nossa capacidade de medir é condicionada por mentes e máquinas que se debruçam sobre ela. A realidade, assim, seria muito mais versionada (ou seja tem versões) do que achamos  e a cada época se modifica. A ideia de uma realidade sólida é fruto dessa incapacidade de abstração. A de uma realidade líquida, construída pela diálogo, vai ganhando forma, conforme a taxa de abstração vai subindo.

Assim, a ciência não é o estudo da realidade, mas o estudo das percepções que temos da realidade.

Como vemos na figura abaixo:

ciência

(Por isso, a filosofia – que é o estudo de como pensamos –  acaba aparecendo ao nos aprofundarmos em um dado problema, pois ajuda a analisar nossos modelos mentais. E o estudo das ciências é o estudo também dos modelos mentais que constroem as nossas percepções.)

Hoje a realidade (por isso entre aspas e mutante) é uma, amanhã será outra, a partir de nossos avanços (e também retrocessos), o que nos leva a ideia de que estamos em um movimento  e tudo depende de nossa capacidade enquanto grupo humano de avançar e individualmente de abrir espaço entre o eu e a percepção da realidade.

A variação da taxa de abstração

Podemos dizer, assim, que somos mais ou menos oprimidos quando conseguimos perceber a realidade como um movimento, como o qual nos relacionamos, como algo vivo. Quanto mais a realidade é sólida para uma pessoa ou um grupo, mais oprimido estamos por ela!

Podemos tentar sugerir que existiriam, assim, três camadas  humanas ao sentirmos/pensarmos o mundo:

realidade_eu

 

  • O eu que é como nos vemos;
  • Um espaço entre o eu e a realidade, que é minha percepção da percepção que tenho da realidade, um espaço vazio para olhar e ver como sinto e penso, ou seja uma capacidade de olhar de fora, de me ver pensando e sentindo, como se fossem dois – o que é a única forma de poder mudar;
  • E a realidade mutante, que está fora de mim, como algo observado e que me faz mudar as minhas percepções, a partir das trocas que estabeleço com fatos, experiências, pessoas, ideias, etc.

Note na figura abaixo que quanto maior for a minha capacidade de observar a percepção da percepção que tenho da realidade, mais aumento a minha taxa de abstração, pois eu consigo olhar para o que penso sobre a realidade, quase de fora,  não tendo a ilusão que estou vendo a realidade diretamente, o que abre espaço para a troca e o conhecimento não-dogmático, para a capacidade de ver e não ser “domesticado”.

Veja abaixo:

eu_realidade

 

Podemos chamar essa medição de taxa de abstração.

Quanto mais eu consigo olhar como olho/sinto o mundo, mais tenho capacidade de conversar, debater, aprender, pois mais sei que estarei sempre conversando sobre percepções e trocando percepções – de uma realidade inatingível.

Uma alta taxa de abstração é fundamental para o diálogo, para a troca, para a inovação e para a colaboração.

Uma pessoa que não consegue dialogar sobre a percepção da realidade tem uma baixa taxa de abstração, pois juntamente cola o seu eu na realidade, acreditando que tudo que ela vê É A PRÓPRIA REALIDADE.

Pessoas dogmáticas/fanáticas têm essa características, como demonstrado na figura abaixo:

eu_realidade2

O problema é que com uma ditadura cognitiva, como essa que termina agora, atingimos MUNDIALMENTE  uma baixíssima taxa de abstração com pouca capacidade de criar projetos diferentes dos atuais. 

Estamos muito próximos da figura acima.

Os efeitos das ditaduras na nossa visão de realidade

Assim, podemos dizer que individualmente quando fazemos psicanálise (ou outro método terapêutico qualquer), participamos de espaço de reflexão/ação, criamos espaço de nos olhar de fora através, por exemplo, da meditação, começamos a aumentar a nossa taxa de abstração.

A taxa de abstração é individual e cada um tem maior ou maior grau, dependendo do dia, semana, mês, ano, crises, fases e conjuntura da vida, etc. Além de algo que é genético, que leva a algumas pessoas terem um cérebro mais abstrativo do que os demais, tais como Einstein, Freud e Darwin, por exemplo, que conseguiram olhar a realidade muito mais do alto e fazer muito mais conexões inusitadas do que a maioria das pessoas.

Porém, há também a taxa de abstração coletiva e a relação desta com a da circulação das ideias e destas com as ditaduras sociais ou cognitivas.

Podemos lembrar que o primeiro ato de qualquer ditadura (a história está aí para comprovar)  é a de impedir a circulação de pessoas e ideias.

O objetivo é construir uma noção mais única da realidade, reduzir a taxa de abstração e fazer com que as pessoas aceitem as coisas como são, “deixem a vida nos levar”, reduzindo a entrada no ambiente cognitivo de novas ideias, que vão levar às pessoas a questionarem a sua noção da realidade.

A realidade será mais e mais aquela que os controladores dos fluxos determinar, pois não há nada que faça a contra-posição e que obrigue as pessoas a olhar como elas pensam. Isso ocorre de forma periférica e muito pontual.

Ditaduras trabalham fortemente para reduzir a taxa de abstração. Não é à toa que a arte e a filosofia são logo atacadas, pois vão na direção contrária.

Já existem vários estudos sobre  ditaduras sociais e até os efeitos destas nas sociedades e nos indivíduos.

  • São análises que estudam como um regime político em um dado país ataca a circulação de ideias e pessoas, a partir de uma ideologia autoritária e as consequências que causam.
  • Porém, não temos ainda estudos sobre ditaduras cognitivas, aquela em que um ambiente cognitivo global prejudica a circulação de ideias e pessoas, a partir de uma tecnologia restritiva, como é o caso das utilizadas nos ambientes cognitivos da escrita impressa e mídia eletrônica, que estão migrando, aos poucos, para outra etapa.

Podemos observar, assim, que  nos últimos séculos, a partir de 1800, fomos, aos poucos, mais e mais centralizando os fluxos das ideias, reduzindo, pela ordem:

  • o tempo cada vez mais longo da chegada de novas fontes na sociedade;
  • o que nos leva à redução da meritocracia;
  • redução dos pontos de vistas;
  • pasteuriza-se, assim,  as ideias circulantes;
  • cria-se uma baixa taxa de abstração e, portanto, de inovação.

O resultado disso é que reduzimos bastante a taxa de abstração das pessoas, que estão começando – bem no início –  a sair dessa ditadura cognitiva com a nova liberdade de circulação de ideias trazidas pela Web 2.0. Elas começam a ser demandadas para sair da caixa, mas justamente foram preparadas para continuar e nem ver que a caixa existe!

Vemos isso em todos os lugares.

As pessoas têm muita dificuldade de ouvir e receber novas ideias, ainda mais se elas forem bem diferentes daquelas que estão empacotadas na sua cabeça e coração. Não há espaço abstrativo para colher a novidade.

Estamos tão colados na realidade, como se ela fosse única e imutável.

Somos filhos da ditadura cognitiva que termina. Questioná-la é questionar as próprias pessoas, pois a realidade é a própria pessoa!

O eu e a realidade se misturam, como se fossem únicos, eis a gravidade do problema, que impede que surja o novo e a inovação!

Os efeitos da baixa taxa de abstração na capacidade de inovação

Uma baixa taxa de abstração coletiva, mundial, como é o caso nos leva a situações interessantes (e trágicas), a saber:

  • – as pessoas se voltam mais e mais para objetivos menores, individuais e pouco coletivos;
  • – se agarram ao prazer imediato, tal como em adquirir bens materiais;
  • – perdemos nossa capacidade de planejar no longo prazo, apenas no curto;
  • – aumenta-se, assim, a taxa de adoração material e reduz-se o espiritual (aqui entende-se como projetos coletivos da humanidade).

Como a realidade é imutável, pois é única e sólida, perdemos a capacidade de propor projetos coletivos, o que nos leva a nos voltar para o próprio umbigo, fortalecendo-se o individual em detrimento do todo.

Perdemos nossa capacidade de abstrair, de inovar, de sair da caixa para uma caixa maior (que seria mais espiritual = coletiva).

E o mais interessante que quando estamos com essa baixa taxa de abstração é justamente nesse final da ditadura cognitiva que mais precisamos dela, pois tudo começa a mudar, a inovação começa a ser algo bem difundido, como foi depois da revolução cognitiva do papel impresso, que nos levou à renascença.

Estamos, portanto,  amarrados, dogmaticamente e dramaticamente, em uma caixa pequena, apertada, escura, com pouco ar, pois nosso eu colou na realidade.

É um dilema grave.

Precisamos abstrair, inovar, criar, voar mas não conseguimos, pois fomos educados em um índice muito baixo de abstração e isso atinge também a geração y, que apesar de estar já no novo ambiente de forma integral, ainda é obrigada a frequentar a escola da ditadura cognitiva passada e ir para o mesmo espaço intoxicado dos ambientes organizacionais.

Por isso, tenho procurado nos meus encontros promover um intenso debate, apresentando uma realidade líquida e participativa, para abrir portas, que sempre existem esperando chaves, para aumentar essa taxa da abstração – prisioneira nesse velho castelo cognitivo que começa a ruir.

A batalha é essa.

É coletiva e mundial.

Pergunto: vais ajudar a aumentar a sua taxa e dos demais?

Tá dentro?

Que dizes?

29 Responses to “A baixa taxa de abstração”

  1. Thais disse:

    Fico curiosa para saber o que teremos que fazer ou o que terá que acontecer para que a gente possa ver uma mudança signigicativa no atual metódo de ensino. Para ver esse aumento na taxa da abstração, e fugir desse padrão onde aprender = memorizar.

  2. Paulo Chagas disse:

    Já tirei notas baixas por ter tido a ousadia de responder o que entendia e não o que queriam que eu respondesse. Tive muitas dificuldades em mostrar aos filhos e agregados que o importante era o poder e liberdade de raciocinar com tudo aquilo que nos rodeia. A abstração e o conhecimento de si próprio foram temas das muitas reuniões de baixo da goiabeira com que toda a família faz até hoje. Agora vem você e fala tudo aquilo que eu queria falar e não sabia falar da maneira que sentia. Claro que existem pontos que precisarei de tempo, afinal de contas dos meus 59 anos de vida, oficialmente vivi apenas alguns meses tateando intimamente nesse mundo 2.0.
    Carlos, não posso dizer o que você é e faz nos conceitos do meu aquário, mas posso dizer que você é um cara Batuta.
    Já estou dentro e já estou alargando muitos aquários.

  3. Leandro disse:

    “Ver diferente é a condição necessária para continuar a ver” – Gaston Bachelard

    É enorme o número de pessoas que não querem, ou não conseguem, continuar vendo!
    Depois de muito escutar meu Pai falar sobre coisas que eu não conseguia entender o porque eram ditas, eu hoje vivo com a certeza de que vejo a vida da forma que ele me ensinou, desde quando eu não entendia o que ele me dizia!!

    Te amo Pai!

  4. Carlos Nepomuceno disse:

    Thais,

    você pergunta: “Fico curiosa para saber o que teremos que fazer ou o que terá que acontecer para que a gente possa ver uma mudança signigicativa no atual metódo de ensino. Para ver esse aumento na taxa da abstração, e fugir desse padrão onde aprender = memorizar.” Fiz um vídeo sobre isso, talvez ajude a refletir -> http://www.videolog.tv/cnepomuceno/videos/871786

  5. Carlos Nepomuceno disse:

    Paulo, você diz: “Carlos, não posso dizer o que você é e faz nos conceitos do meu aquário, mas posso dizer que você é um cara Batuta.
    Já estou dentro e já estou alargando muitos aquários.” O papo debaixo da goiabeira é algo bem legal, mas gera um impasse, pois, como o tempo, todos já chegaram ao limite das novas ideias, por isso, que conversar com outros papos de goiabeira, expande a mente, valeu, grato pela força e incentivo, muito bom num país que não gosta de pensadores.

  6. Carlos Nepomuceno disse:

    Leandro, por aí, grato pela visita e comentário.

  7. Bruna Neves disse:

    Quando saí dessa aula, nenhuma “tempestade cerebral” me ocorreu. Mas, o meu domingo compensou o hiato da última aula para ontem. rs
    Algumas das minhas elucubrações de fim de semana: em um universo de sete bilhões, não é possível que ninguém (ou quase ninguém) ainda não tenha enxergado a nova “realidade”.
    Para facilitar um pouco, decidi reduzir a amostragem. Peguei a população brasileira que, com mais de 190 milhões de cabeças pensantes, ainda não conseguiu vislumbrar o novo cenário.
    Foi aí que comecei a ficar confusa. O que ou quem poderia aumentar a nossa taxa de abstração? Seria capaz de perceber e passar por esse processo sozinha?
    As aulas estão sendo ótimas para pensar e saber que É PRECISO MUDAR, mas também é assustador saber que essa onda pode me engolir, caso não acorde.
    A minha “taxa de esperança” está oscilando loucamente. rs

    • Desirée disse:

      Só complementando!
      Eu acho que tem gente por aí que já enxergou tudo isso, e acho que nós (nossa geração) vai ser a primeira a tentar REALMENTE mudar as coisas. Mas também acho que a ditadura que estamos/estavamos vivendo nos prendeu de uma maneira que é dificil enxergar além. Acho que é uma sensação de “tenho medo do que vem depois” que faz as pessoas travarem e assim elas acabam não saindo do lugar, muitas vezes por medo do desconhecido.

    • Carlos Nepomuceno disse:

      Bruna, há uma certa confusão.

      Note que mais gente, exige mais produção, mais inovação, melhor comunicação/informação e um novo
      modelo de gestão, nova topologia. É uma cadeia.

      Existe duas coisas aí.

      O momento de passagem: para ver a mudança é preciso sair da casca de tartaruga e ver mais de cima, coisa
      que não temos capacidade cognitiva de fazer e nem “tempo para perder”, em algo tão relevante, brinco sempre:
      vivemos a sociedade do conhecimento, mas não temos tempo para parar para pensar.

      O momento de consolidação: a chegada de uma primavera cognitiva nos levará a um mundo de muito mais ideias
      borbulhantes e vamos precisar de um novo modelo mental mais aberto e menos fechado.

      A população é provocadora das crises, mas não ajuda nada olhar para ela depois que a crise se instala, é outra coisa, que dizes?

      • Bruna Neves disse:

        Depois da aula de ontem as coisas começaram a clarear um pouco mais.
        O papel do apicultor é fundamental nessa mudança. Na minha opinião, da tríade apresentada na aula, o apicultor e a colocaboração são os principais agentes desse movimento. Claro que o robô tem a sua função/importância, mas sem os outros dois agentes, ele não conseguiria se sustentar.

  8. Alexandre disse:

    Excelente artigo. Você tocou no principal problema da nossa sociedade, que cada vez mais quer impor a ditadura cognitiva e uma abordagem pragmatica muito imediatista.Isto é resultado da paralisia provocada pelo excesso de informação e pela falta do recurso cada dia mais escasso que é o nosso tempo disponível. A mídia condiciona cada vez mais a processarmos informação pronta e/ou irrelevante e nos preparamos para pagar por informações de melhor qualidade. Temos que cuidar que o mesmo não ocorra no ambiente Web 2.0, aonde se percebem sinais de gradualmente consolidar o ambiente Web em apenas no uso do Facebook e simplicar as opiniões em apenas a dar LIKE. O seu blog NEPÔSTS mostra claramente como a Web pode contribuir a resgatar a prática da abstração.

    • Carlos Nepomuceno disse:

      Alexandre, não tínhamos informação e nossa cabeça era informacional-carente e assim
      foi educada. Hoje com a abundância já resolvemos boa parte do problema, temos informação à vera, o que falta agora é nos prepararmos para um novo modelo mental, que possa lidar com esse excesso, que caminha para algo mais abstrato, que só uma nova escola pode permitir. valeu. Saudades de nossos papos abstratos…

  9. Juliana Melo disse:

    Qdo vc fala sobre as consequências da baixa taxa de abstração fico pensando se não é da natureza do homem o individualismo, a competitividade, o egoísmo… Como o estado natural proposto por Hobbes. Sempre tive uma visão bem pessimista do homem. (Talvez, esteja misturando as estações. Tive essa discussão sobre o tema ontem durante o almoço).

    Será que a gente consegue ser mais como as formigas? Se bem que, na suas colonias, as formigas operárias são as que trabalham e levam alimentos para a formiga rainha, que fica em “casa” reproduzindo. Por outro lado, elas entendem que não conseguem viver sozinhas.

    • Carlos Nepomuceno disse:

      Juliana, são duas coisas.

      A eficiência da sociedade em ser melhor possível, em termos materiais.
      E a capacidade de ser melhor possível, em termos espirituais, projetos coletivos.

      As coisas se misturam, acredito que estamos vivendo o início de uma primavera humana, que vai
      aumentar a taxa de humanidade e de organização social, que marca o fim de uma ditadura cognitiva.

      Volto a sugerir a trabalhar com taxas, nós mudamos a cada dia, nada é absoluto. concordas?

  10. Roberta Pontual disse:

    A Juliana aí de cima tocou em um ponto que comentei ontem na aula: eu sempre tive dificuldade de visualizar a mudança acontecer em um curto espaço de tempo, mas depois de todas as aulas e, principalmente da aula de ontem, realmente acredito que a mudança é inevitável de matilha para formigueiro. No entanto, continuo questionando, como a Ju e o Beto na aula de ontem, se essa realidade acontecerá rápido no Brasil. Assim como o Beto questionou ontem em aula, não acho que o Brasil já tenha maturidade social para encarar agora uma grande mudança nos paradigmas da sociedade. Acho que isso está mudando gradualmente, com a população entendendo o seu poder, mas ainda acho que a mentalidade da esperteza ainda está muito entranhada na nossa população e ao meu ver, o real compartilhamento só poderá ocorrer quando as pessoas entenderem e pensarem na coletividade e não no seu próprio umbigo e em como “se dar bem”. É isso ainda é difícil, já é uma mudança cultural profunda. Tenho curiosidade em ver quando que esses dois mundos realmente vão se chocar e como vai ser.

    • Carlos Nepomuceno disse:

      Roberta, tudo certo, mas você está tirando o seu corpo fora, você está fazendo uma pós e é alguém que está tendo contato com esse novo mundo e seu papel, acho eu, como profissional, que procura significado, é ver como pode atuar e agir, com quem conversar para apressar a chegada desse novo mundo e reduzir sofrimentos daqueles que sofrem com o modelo da matilha. Que dizes?

  11. Roberta Pontual disse:

    Não tô tirando o corpo fora não. 🙂 A cada dia mais tento imprimir o modelo formigueiro, apesar de ainda encontrar muita resistência. Além do trabalho, no meu dia a dia, procuro agir de maneira cooperativa, pregando e praticando o não egoismo. Penso ser uma pessoa bastante voltada no outro e procuro demonstrar quando vejo situações cotidianas que demonstram total falta de educação e sentido de cooperação. Falo, reclamo, mas as pessoas, muitas vezes demonstram apatia, conformismo. Dificuldade extrema de sair do lugar comum, de pensar, de usar a lógica e a inteligência. Acredito muito na máxima que a minha liberdade termina no exato momento em que começa a do outro. Respeito, acima de tudo. Apenas acho que isso ainda falta muito no nosso país. Não tiro o corpo fora e continuo fazendo o que acho o certo, apesar de não sentir muito retorno. Faço isso pois acredito, realmente, que cada um pode, e deve, fazer a sua parte e que só assim as coisas poderão mudar. Eu apenas apontei coisas que acontecem, dificuldades e obstáculos no caminho, mas eu, pessoalmente, não utilizo esses apontamentos como desculpa para não fazer o que acredito. E continuo achando que o segredo (segredo nenhum, convenhamos) para mudar o mundo é a educação, sempre ela, no sentido mais amplo e atual da palavra.

  12. Carlos Nepomuceno disse:

    Roberta, minha provocação é profissional, agora você é uma formicultura 2.0 de carteirinha e juramento na Praça XV….;) que farás?

  13. Roberta Pontual disse:

    rsrsrsrs. Conversamos mais sobre isso na aula de hoje!!!

  14. Mariana S disse:

    Concordo com a Roberta, Nepo. Enfrentamos em nosso dia a dia uma falta absurda de cooperação e muita resistência para as mudanças. As pessoas não gostam de sair da sua zona de segurança e acham que seguir com o modelo de hoje é mais do que necessário para caminhar para frente. A mudança da matilha para formigueiro é inevitável, mas
    acredito que acontecerá muito mais na ‘porrada’ do que de uma forma madura, consciente.

  15. Mariana S disse:

    É isso ai, Nepo. Tem que formar cada vez mais formiculturas 2.0. Já estou lá, junto com Tiradentes, para fazer o juramento. =)

  16. Juliana Melo disse:

    Penso que as taxas desse individualismo, como a gente conhece, tende a diminuir, principalmente, com as novas gerações, e, também, com pessoal mais 2.0 e com os formicultores, claro. Após a aula de ontem, penso que o modelo colaborativo ñ é fruto de uma preocupação com o coletivo, mas sim entender que colaborar é imprescindível para o seu próprio bem estar, crescimento e evolução. É em benefício próprio que vc colabora.

  17. Daniela disse:

    Eu concordo com a Ju, no sentido pessimista da história toda. Estamos fazendo uma grande movimentação para o fim dessa ditadura cognitiva, mas apesar disso,ainda tem uma coisa martelando na minha cabeça… Quem pode garantir que após essa descentralização, tudo isso não se torne novamente uma ditadura cognitiva (2.0, é claro). Penso muito na história do formigueiro, mas não somente no que diz respeito à colaboração… penso que depois daquele incêndio mostrado no vídeo, todos voltaremos a andar em fileiras. Minha taxa de esperança está da metade pra baixo.

  18. Acredito sinceramente na imposição forçada e planejada, essa ditadura cognitiva que adestra as pessoas, nunca foi interessante aos regentes. Até então, não se viam vantagens em se ter uma População (Maioria de qualquer espécie) pensadora e colaborativa. Mas será um choque muito grande e gradativo ao ver novas ideias com cunho totalmente diferente dos padrões ultrapassados.

  19. Natasha Sauma disse:

    Acredito que vamos nos libertar da caixa, mas isso ainda vai levar um tempinho. Muitas pessoas tem medo de impor suas ideias.
    Concordo com tudo o que o Alexandre disse e acho que a sua forma de conduzir as nossas aulas já mostra essa mudança e já cria novos pensadores voltados para essa mudança.

  20. Natasha Sauma disse:

    Anotações da aula do dia 12.12.12

    Senso Comum
    A ideia que temos do mundo é CONSTRUIDA. É o que nós observamos e não a realidade.
    A realidade foi feita a partir do que tínhamos antes da internet, por isso o nosso pensamento não é atual e não consegue acompanhar essas mudanças.
    Livro: Midias Sociais na internet
    90% das ações de redes sociais NÃO estão dando certo, pois as pessoas não estão colaborando.
    Pensamos ainda pré-internet. Tudo (ciência) em um paradigma anterior.
    Quem começa a falar um pouco sobre é Pierr Levy em Cyber cultura. Ele muda a percepção. É importante ler e saber sobre as teorias dele.
    Temos percepções pré internet. É como nós pensamos atualmente. As empresas não tem o conhecimento do web 2.0 de fato.
    O nosso modelo mental não foi feito para a gente pensar.
    Modelo da escola: REPETIR e não PENSAR
    Modelo das aulas do Nepo: faz pensar, dialogar e trocar ideias.
    Não adianta montar estratégias de rede social corporativa usando os paradigmas anteriores da internet.
    Só vamos melhorar quando pensarmos no atual.
    – Capacidade cognitiva
    Alta taxa de abstração
    Não se deixar levar pelo senso comum

    Pier Levy olha pra trás e observa. Analisa as mudanças parecidas anteriormente, mas olha pra frente, não vai viver no pensamento pré-internet.
    A mudança que estamos vivendo é muito grande que está vindo por baixo da sociedade e não percebemos ainda.
    Mudanças que acontecem quando uma tecnologia cognitiva tem poder.
    A ideia do Pier Levy está nesse ambiente cognitivo.
    A gestão vai ter que se adaptar à antropologia.
    Livro: Midias sociais nas organizações
    O que está acontecendo?
    O mundo vai mudar por causa de uma tecnologia. Um grande exemplo do inicio das mudanças é o Taxibeat trabalha com a questão corporativa. O formigueiro.

    Revolução cognitiva
    Problemas complexos – alto volume de dados/inconstância
    Vai acontecer muitas mudanças, mas ainda falta. Antes pensamos em resolver as coisas por si só, porém o que vai prevalecer é a ideia da colaboração.

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