Vivemos a passagem da topologia da dependência do líder-alfa para a da inteligência coletiva dos formigueiros.
Versão 1.0 – 13 de dezembro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
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Quanto mais converso com meus alunos, mais vejo o tamanho do desafio que temos pela frente.
Temos que compreender uma mudança topológica do mundo, conseguir digeri-la e adotar práticas para poder lidar com ela.
Ufa, não é pouca coisa.
Nunca na história (desta humanidade como dizia o Lula) tivemos a chance de perceber a mudança dessa natureza (topológica cognitiva) e ter de lidar tão rápido com ela, pois cada vez as mudanças nas topologias estão ficando mais rápidas (se podemos dizer que séculos são rápidos, no caso da última).
Digamos que vivemos hoje a passagem na placa-mãe da sociedade de uma topologia para outra.
Uma topologia cognitiva define basicamente como nos organizamos como espécie em todos os sentidos: decidimos, produzimos, conhecemos, aprendemos.
Vivemos a passagem da topologia da dependência do líder-alfa para a da inteligência coletiva dos formigueiros.
Em termos de topologia já tivemos três, conforme sugeriu Pierre Lévy: oral, escrita e digital.
Podemos dizer, assim, que estamos nos primórdios da topologia cognitiva 3.0, mais dinâmica e compatível a um mundo de 7 bilhões de pessoas, que vive em megalópoles.
Muitos dirão que há tempo para se preparar, mas há dois problemas aí:
- – projetos que estão sendo feitos de redes sociais corporativas estão fora de foco e vão ser dinheiro jogado fora ( e os projetos estão aí em desenvolvimento);
- – e a coisa agora está sendo muito mais rápida do que as anteriores, por causa da densidade e capacidade de inovação dos polos principais, todo cuidado é pouco, vide indústria da música.
Vejamos:
Detalhemos.
- Note que há por baixo da sociedade uma topologia que define a forma de trocarmos informações.
- Podemos apontar, conforme nos sugeriu Pierre Lévy, estras três etapas, que passam pela oralidade, escrita e agora a digital.
- Cada uma necessária pelo crescimento da população, que força uma sofisticação topológica, que forma a placa-mãe da sociedade.
- Podemos notar que as topologias têm fases, primeiro são beta-testadas em grupos menores e depois se massificam.
- Se relacionam com o ambiente presencial, quanto menores os conglomerados, mais podemos horizontalizar, quando aumentam, é necessário verticalizar. Na nota topologia, estamos tentando horizontalizar a explosão demográfica, por isso estamos adotando o modelo das formigas.
- O modelo topológico da espécie humana adotado té aqui é mais próximo das matilhas, com uma maior dependência do líder-alfa/
- A sofisticação da topologia, com novas tecnologias cognitiva, significa necessariamente o aumento de troca entre os indivíduos para manter a espécie funcional.
As topologias cognitivas atingem a toda a sociedade e é sobre ela que a gestão vai ser modelada. Assim, não é a gestão que define a topologia cognitiva, mas o contrário.
Veja o modelo abaixo, que segue um pouco as topologias passadas.
- Note que na rede centralizada, todos dependem muito mais do centro, do líder-alfa, com pouca interação entre as pontas.
- No segundo modelo, divide-se um pouco o papel das pontas, mas ainda há uma forte centralização, que vai entrando cada vez mais em crise, conforme o tamanho da espécie vai aumentando, pois perde-se tempo ao se depender de um ponto específico.
- E, por fim, na distribuída, que é o modelo mais próximo da topologia 3.0, apenas administrada, através de rastros digitais.
A passagem de um modelo de 2 para 3 é hoje impossível, pois precisamos do líder alfa para definir critérios de decisão e organizar o fluxo.
O que a topologia cognitiva 3.0 permite, através da rede digital, é a criação de trocas, a partir de rastros digitais, similar ao das formigas, que vai retirando a necessidade da supervisão do líder-alfa, cada vez mais trocamos com os pares palavras e rastros, o que vai nos permitindo consolidar um novo modelo de gestão mais eficiente do que o anterior.
Vide os modelos de gestão do Taxibeat, Mercado Livre, Estante Virtual, todos baseados no Karma Digital, rastros, nos quais quem compra ajuda a mostrar onde e quando comprou e alguns classificam a qualidade do atendimento, ajudando aos que vem depois a tomar decisões melhores e mais seguras.
Essa é a grande mudança, pois conseguimos administrar muito mais gente, com um modelo de gestão muito mais barato, pois formiga humana ajuda formiga humana.
Assim, a topologia define a gestão e não o contrário.
Nosso problema é que a atual topologia está nas camadas mais profundas do nosso cérebro e precisamos criar métodos para conseguir vê-las e poder modificá-las. Isso é a parte mais difícil.
Toda a estrutura social, incluindo a escola, prepara e está moldada para o modelo ineficaz da matilha, sendo hoje o formigueiro a aberração, causando forte estranhamento.
É possível migrar com menos sofrimento?
Sim, difícil, porém cada vez mais necessário.
É isso que dizes?
Achei muito interessante na aula de ontem quando você falou sobre o vácuo entre sentimento/pensamento x realidade. Como você disse, estamos vivendo um problema muito sério, pois saudável é quem consegue se afastar e “ver” de fato o seu próprio pensamento, mas hoje, o que mais acontece, é não conseguir fazer isso. É entrar no piloto automático e absorver tudo sem criticar. Compartilhar conteúdos “copiados” como se seus fossem e sem perceber. É uma apatia do pensamento próprio. Um comodismo generalizado. Devemos reaprender a pensar? Tudo hoje vem mastigado, e pensando mais a fundo, não só a informação, mas também na educação, por exemplo. Os pais hoje, segundo várias matérias que li (vou procurá-las), parecem não deixar mais que seus filhos tomem as suas próprias decisões, tenham atitudes mais fortes ou pensem com as suas cabeças. De novo tudo mastigado, entregue de bandeja. Conversei com uma amiga professora da Escola Parque e ela disse que os alunos estão perdendo o senso de responsabilidade e nisso são acobertados pelos pais, que cada vez mais passam a responsabilidade de todos os aspectos da educação para a escola.
Outro tópico super interessante foi quando discutimos sobre a nossa percepção sobre o mundo. Sobre como ela é histórica, baseada somente naquilo que conhecemos, experimentamos e estudamos. Aqui voltamos para a questão que já falei, da falta de crítica, já que não conseguimos nos libertar do antigo para descobrir o novo, realizar e produzir realmente diferente e com inovação. Somos condicionados pelas ideias que estão na sociedade e estas ideias são pré-internet, são da “matilha”.
Realmente vejo essa mudança para o formigueiro, ainda que lenta e gradual. Consigo agora perceber esse movimento acontecendo em coisas pequenas, mas que não tem mais volta.
Taxa de esperança subindo… 🙂
Achei muito interessante a ligação que conseguimos construir em sala de aula sobre o universo vivido no filme de Martinho Lutero, e nossa real situação onde mais uma vez estamos no começo da ascensão da curva onde o controle das idéias no ambiente cognitivo começa a ser descentralizado, criando o rompimento da base com o questionamento dos princípios.
Em um mundo onde as organizações vão ser obrigadas a se adaptar a um novo sistema onde o callcenter será o meio de tudo e a estratégia será baseada no diálogo, e não teremos mais uma estratégia fixa. Hoje em dia o callcenter tem sempre uma resposta pronta uma forma de enrolar o cliente. Um sistema que não está funcionando mais. As empresas terão que treinar profissionais de comunicação que irão virar ferramentas de diálogo pois irão conversar e mudar conforme a conversa for acontecendo.
Roberta, o outro artigo sobre taxa de abstração junta com este, veja lá..-> http://nepo.com.br/2012/12/14/a-baixa-taxa-de-abstracao/
Thais, isso é o que penso….valeu visita e comentário…