Nascemos e somos, assim, domesticados para nos aculturarmos e somos semi-hipnotizados para seguir o senso comum. Ou seja, quem não reflete sobre o que pensa e sente, repete o que já existe e vice-versa.
Versão 1.0 – 11 de dezembro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
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(Post a partir dos debates com a Dig 9, turma de Gestão Estratégia em Marketing Digital da Facha, na cadeira que ministro “Conversão 2.o”)
Talvez a maior consequência da ditadura cognitiva que acaba é a realidade tóxica.
A realidade é e sempre será algo filtrado por alguém, por um aparato de mídia de plantão, como vemos na figura abaixo:
Somos seres dependentes desse ambiente cognitivo, sem o qual não sobrevivemos.
Nascemos e somos, assim, domesticados para nos aculturarmos e somos semi-hipnotizados para seguir o senso comum. Ou seja, quem não reflete sobre o que pensa e sente, repete o que já existe e vice-versa.
Temos uma tendência a agir, conforme a maioria, pois nos sentimos menos sós.
Em uma ditadura cognitiva, no qual um ambiente cognitivo tem as ideias fortemente controladas aumenta a taxa de intoxicação da “realidade”.
A “realidade” (sempre entre aspas por ser inalcançável) é um misto de sensações e pensamentos que temos que nos chega, através de códigos diretos e indiretos.
- Os códigos diretos são aqueles que criamos. Ex: quando estamos sozinhos em uma praia e filtramos a praia com nossas experiências;
- Os códigos indiretos são aqueles que criam para nós. Ex: quando vemos a foto ou lemos alguém descrevendo a praia e somos filtrados pela experiência dos outros.
A intoxicação da realidade é, assim, algo presente em cada ser humano com taxas variáveis.
Hoje, temos uma alta taxa de intoxicação, pois quanto mais um ambiente cognitivo é controlado, menos paramos para pensar sobre novas ideias, olhares, percepções e mais tendemos a seguir a preponderante.
Isso se reflete fortemente na escola que prepara alunos para memorizar, repetir e não criar e abstrair. Organizações centralizadas e domesticadoras e não inovadoras.
Querem falar de inovação, mas a inovação começa justamente na nossa capacidade de não aceitar a realidade tóxica!
Além da macro-intoxicação, cada um vive a sua, a partir das dificuldades de repensar a sua vida, suas emoções e seus pensamentos.
Todo trabalho terapêutico, seja ele qual for, visa criar uma reflexão sobre o que sentimos/pensamos/agimos para saber se estamos repetindo padrões/neuroses/compulsões ou se temos condições de reinventá-los para reduzir taxas de sofrimento.
Quando começamos a viver uma nova macro-primavera cognitiva com novas ideias, de fontes oxigenantes na sociedade, precisamos começar a ter espaço interno para escutá-las e trocar com elas, ou seja, nos libertarmos da hipnose cognitiva que acredita que a realidade existe e você já conhece boa parte dela.
Não, apenas você está intoxicado, parado, encaixotado na realidade que construíram em torno da sua pessoa. Seu espaço de oxigênio é limitado e curto.
O ritmo das mudanças aumenta e – para que possamos nos adaptar a esse novo mundo – precisamos nos afastar da toxina do senso comum, das verdades absolutas, da realidade sólida.
Sair da caixa é desintoxicar e conseguir nos olhar de longe para conhecer mais e mais os filtros que nos nublam a visão.
Esta é a tarefa mais difícil na passagem da ditadura para a primavera cognitiva.
Nosso ego, a forma que somos reconhecidos, a maneira que achamos que somos úteis, é toda baseada naquilo que sabemos, aprendemos, fazemos, nosso domínio sólido, que atrapalha a relação com esse novo mundo com uma taxa de liquidez maior.
Precisamos ter espaço interno para dialogar, pois temos que levar para os outros os vazios, as dúvidas, que serão preenchidas ao longo do diálogo cada vez mais presente na primavera cognitiva.
Todas as profissões, organizações vão passar por essa etapa de desintoxicação para voltar a dialogar e se preparar para a mudança constante.
Não, não é algo fácil, mas precisamos encarar esse caminho da desintoxicação se quisermos atuar nesse novo ambiente.
É isso,
que dizes?
A aula de ontem me fez lembrar de certos conflitos travados com professores de história e de geografia dos tempos de escola. Alfabetizada e formada no modelo “decora-faz prova-esquece”, não me sentia no direito de discordar dos ensinamentos passados por nossos livros, apesar das minhas opiniões contrárias quase sempre existirem.
Os capítulos sobre guerras eram os mais polêmicos, porque sempre me perguntava sobre o outro lado, sobre a outra versão.
Como estou fora dos bancos escolares há bastante tempo, não sei, mas gostaria de saber, como a história e a geografia dos livros estão sendo contadas. Será que as crianças já têm as ferramentas para a construção de seu próprio mundo, ou ainda recebem os conteúdos prontos, inclusive suas próprias opiniões?
Bruna, tb estou há muito fora dos bancos de escola. Mas, acredito, que hj, pelas características do pessoal e pela acessibilidade das informações, a contestação deve ser BEM maior.
Isso claro, dentro de um ambiente que proporcione um mínimo de interesse ao aluno para que ele cogite contestar. Em alguns casos, creio que ele deixa pra contestar com o google e chamar o professor de obtuso no facebook.
Na maioria das empresas, das instituições, o olhar pessoal é absolutamente indesejado. Veladamente proibido. Quando não explicitamente condenado…
Na maioria das empresas e instituições onde eu chego, a hierarquia é maior que qualquer outro valor.
Essas empresas e instituições, elas mesmas fazem a filtragem da “realidade”. A “realidade” válida é somente a que atende os olhos da diretoria, presidência, manda-chuvas e “topo da pirâmide”.
Dentro do meu processo de trabalho, tenho infinita dificuldade em vencer esse filtro, eu mesmo, contratado que sou pra “inovar”. Como se isso fosse algo que se chega e instala.
Muitos projetos se encerram na fase de avaliação e detalhamento, pq as imposições hierárquicas não podem ser movidas, removidas ou alteradas. Muitas vezes até mesmo a idéia de um ambiente de inovação é recusada.
E, veja, estou falando de pequenas e médias empresas. Onde normalmente o meu interlocutor e o todo-poderoso “dono”.
Ele percebe que não está funcionando. Mas não consegue vencer os seus próprios filtros e iniciar uma migração. Aí que está, na minha opinião o maior problema. As pequenas empresas, que deveriam ter maior mobilidade, estão amarradas em modelos arcaicos e não tem nas suas “cabeças” força para vencer os filtros. Mais grave ainda quando, na maior parte do tempo estou em empresas de tecnologia ou educação. 😐
Creio que, em paralelo ou mesmo antes dessa onda de inovação, teríamos de reunir empresários, os apoiadores, os incentivadores, as entidades de classe e de suporte às diversas áreas da economia e mostrar pra eles o que acontece. Como é a “realidade” que eles vêem de dentro de suas latinhas é que o mundo se movimenta. Palestras, workshops, grupos de estudo, debates, apresentação de cases e números… um ataque de argumentos, referências, demonstrações, testemunhos(!!) e dados. Muitos dados. Muito… quem sabe uma explosão causada pelo ataque massivo sobre a realidade auto-alimentada deles, consiga quebrar… ou ao menos trincar o vidro que os separa da visao… e quem sabe pela fresta da trinca, pelo brilho na faceta do vidro, consigam abrir os olhos e a mente e… ver. analisar. ponderar. julgar entender. pensar. quem sabe… mudar! Pular da latinha.
Reparo uma coisa. As pessoas empreendedoras, vivem numa caixa maior (rs). E tentar sair dessa caixa maior, para uma ainda maior. Quando a sociedade (senso comum) detecta isso, utiliza de seus “instrumentos de apoio ao empreendedor”, para pegar esse ente inquieto e coloca-lo dentro de uma latinha!!!! WTF!
Bruna, acho que continua tudo igual…mas já estamos na curva da mudança…Paulo, ampliar a latinha é preciso. Valeram visitas e comentários.
Acredito que seja mais cômodo continuarmos em nossa “zona de conforto” ou “na caixa” do que agir, pensar em um novo parâmetro de trabalho em equipe. Mesmo porque a maioria das escolas nos ensina isso mesmo: decorar ao invés de entender; ouvir atentamente ao discurso vertical do professor, ao contrário de que questionar e pensar por si só em um outro universo. Assim como na sala de aula, em nosso ambiente de trabalho temos que saber dialogar (e ter essa liberdade) com coordenadores/ chefes/ líderes e com colegas para o objetivo comum: o aprimoramento do trabalho como um todo. Isso, claro, sem acharem que fazemos como anarquia e de encontro à hierarquia estabelecida pela empresa. Realmente, temos que desintoxicar não só o sistema, mas o profissional também.
Adorei o Post. Estamos cheios de “cópias xerox”, de geminóides, de clones. O homem para inovar e ser criativo precisa primeiro se desprender de rótulos e amarras, de selos, para poder mergulhar no desconhecido do Ego e emergir repaginado, desintoxicado e disposto a operar mudanças.
Ontem tive a oportunidade de perder a sua aula e ter uma aula de didatura cognitiva. Como assim? tive uma reunião de 1/2 dia aonde executivos discutiam planos estratégicos. Nada muito diferente do que acontece diariamente em milhares de dezenas de coorporações pelo mundo.
A diferença é que eu pensava digital, internet, revolução cognitiva. Entendi que o meu papel naquele grupo, por ser o único de TI e o único Digital era um papel de suporte de tecnologias que facilitem a colaboração, acompanhamento e controle destes planos. A tônica da discussão era exatamente como garantir não só as entregas destes planos mas a divulgação entre todos do grupo. E eu enxergava no Digital o meio pra manter esta transparência e garantir a exploração da interação. Hard work!
Nessa questão de escola, acho que existe um outro problema: a geração que esta na escola agora nao da importância ao que é ensinado ali, justamente por saberem que podem “aprender” tudo com outras fontes, tenho uma irmã mais nova, e percebo que eles tem bem claro que ali so serve para passar no enem/vestibular pois precisam de um diploma (outra discussão que acho valida-a necessidade de um diploma para provar sua capacidade) para, ai sim, encarar o mundo.
Quanto a aula de ontem, fiquei pensando em uma nova discussão: culpamos tanto as grandes corporações por nao permitirem que possíveis agencias e comunicologos implantem uma visão mais próxima do 2.0, mas será que essas agencias ja estão preparadas para implantarem essa nova dinâmica de circulação de idéias para seus clientes?
Fica a questão! 😉
Eu creio, mesmo com muita dificuldade, que as coisas irão mudar. Por mais difícil que seja, já que o que vejo ao redor são as pessoas compartilhando cada vez mais as ideias dos outros e dividindo muito pouco as suas próprias realizações. Ainda que o universo de hoje nos permita produzir e disponibilizar todo tipo de informação, me parece que quem faz isso de forma original é uma ínfima parcela das pessoas, que preferem ecoar mensagens muitas vezes equivocadas ou mal apuradas. Essa é a era da informação, do compartilhamento da informação, mas será já a era da produção, do ineditismo? Claro que estou me referindo ao Brasil, ao meu próprio umbigo e entendo que fora do país as coisas mudam, caminham para essa nova realidade com mais rapidez.
Roberta, cuidado com o “fotismo” que é concluir olhando para fotos do momento e não conseguir ver o filme em movimento….
Desiree, sem dúvida, as agências digitais têm que se reinventar, o problema é que não tem $$$ rolando para fazer algo diferente, pois a intoxicação é geral, e se faz mais projetos intoxicados, o que nos leva ao impasse, para sair disso, é preciso recomeçar, talvez startups para produzir projetos completamente diferentes, com baixo custo fixo, e já no modelo 2.0 em rede, seja um caminho…
É. Eu sei. Até comentei sobre isso no meu texto, mas é bastante difícil conseguir visualizar as mudanças em curto prazo. Foi isso que eu quis dizer, muito mais uma dificuldade de visualização da mudança do que uma certeza de que ela não vai acontecer. 🙂
Qto as ferramentas para a construção do seu mundo, eu acredito que existam sim. As redes sociais, google e até a biblioteca. O que falta é um ambiente que favoreça a criatividade e a abstração. E não falo só da escola, mas da sociedade como um todo. A escola responde à lógica da sociedade e do lucro. Uma boa escola é aquela que prepara para o vestibular, que mantem o mesmo modelo da decoreba. Modelo que ainda se repete em empresas públicas e privadas, como colocado nos comentários acima.
Esta pode ser a razão do desinteresse dos alunos. Os jovens de hoje, nativos digitais, aprendem de uma maneira diferente, não linear, o que torna a escola tradicional chata. A escola acaba não acompanhando o ritmo das mudanças tecnológicas e culturais e criando jovens que não criam nada de novo e original, como colocou a Roberta.
Esse vídeo fala sobre a escola do futuro > http://videolog.tv/video.php?id=391906
Concordo com a Bruna sobre a questão do ensino em que não só em matérias como Geografia e História mas em quase todas elas, esse processo de decorar para fazer a prova e esquecer, para começar a decorar outra matéria para outra prova, além de cansativo criava esse padrão onde não paravamos para questionar o que realmente estava sendo dito, se aquilo fazia sentidom e quando o Nepomuceno comentou na aula sobre a questão das taxas achei muito interessente, e fez todo sentido para mim pois toda história tem dois lados e temos que saber dosar esses lados, para tirar a nossa opinião. Sei que quando eramos mais jovens e nos contavam histórias sobre o Brasil, que hoje em dia sabemos que são bastante irreais, não tinhamos tantos lugares como se tem hoje em dia na internet para questionar esses fatos passados nos livros, o que tinhamos eram mais livros que mais pareciam CTRL + C Ctrl + V. Com a chegada da internet esse tipo de questão ficou muito mais fácil de ser resolvida, é fácil acessar milhares de fóruns e blogs falando dos assuntos mais diversificados, porém mais uma vez temos que recorrer as taxas para dosar o que estamos lendo, e agora cada vez mais, pois na internet podemos encontrar muito conteúdo equivocado. Acho que de certa forma mesmo que seja um pequeno progresso esse caminho já está nos tirando dessa direção de um estudo focado somente na memorização.
Acredito que os modelos encaixotados que temos, hoje, nos mais diversos meios da sociedade não funcionam mais. O mundo hoje é mais flexível, amigável, adaptável, tal qual uma ameba. Enquanto persistirem em propostas de modelos rígidos, incapazes de fazer uma osmose, por exemplo, e ser de fácil adaptação à diversidade de quem usa determinados sistemas, as propostas serão falidas desde sua criação… Nunca se fez tão necessário pensar fora da caixa para solucionar os problemas de uso dos sistemas atuais.