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 Uma Revolução Cognitiva, da qual estamos fazendo parte, querendo ou não, entendendo ou não, entretanto, é algo bem diferente. É fazer a melhor colaboração possível, porém em um ambiente tecnológico/topológico diferente. A colaboração é trazida pela mudança da tecnologia, da topologia e não apenas pela ideologia! O esforço ideológico é muito menor, pois a Revolução Cognitiva traz a colaboração para o mundo como uma saída sistêmica.

Versão 1.0 – 27 de novembro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Se não entendermos que estamos vivendo uma mudança topológica do mundo, acabaremos  nos iludindo sobre projetos para melhorar a colaboração nas organizações.

Colaboração é algo que sempre foi desejável, na ideia de aumentar o trabalho mais coletivo do que individual.

  • Paulo Freire, na década de 60, defendia uma escola mais participativa, mudando o papel do professor, era uma proposta com alta taxa ideológica de colaboração para aumentar a troca entre os alunos;
  • O livro “Virando a própria Mesa” do Ricardo Semler defendia há duas décadas uma empresa mais colaborativa,  era uma proposta com alta taxa ideológica de colaboração para aumentar a troca entre os trabalhadores e os gestores;
  • As iniciativas do PT, já quase abandonadas, do orçamento participativo nas cidades era algo nessa linha,  pois era uma proposta com alta taxa ideológica da colaboração para aumentar a troca entre os cidadãos;
  • As redes presenciais dos Alcoólatras Anônimos (AA), idealizadas por Bill Wilson e pares, que hoje ajudam milhares de doentes é uma proposta com alta taxa ideológica da colaboração para aumentar a troca entre os alcoólatras.
Defendiam uma nova topologia, porém dentro de uma sociedade que existia uma topologia hegemônica, na qual a colaboração desse tipo era uma exceção e não a regra.
O Taxibeat quando estabelece a colaboração entre passageiros para avaliar os motoristas está propondo também colaboração, mas de outra natureza.  É uma  proposta com alta taxa tecnológica e topológica de colaboração, com baixa taxa de ideologia. É a regra do novo ambiente tecnológico/topológico e não a exceção.
  • A colaboração pela ideologia  é aquela que muda algo dentro do mesmo ambiente topológico;
  • A colaboração pela topologia/tecnológica é aquela que procura a melhor colaboração possível, porém dentro de outro ambiente topológico.

Note que os pensadores acima citados tinham uma visão de mudar algo dentro do mesmo ambiente tecnológico/topológico, seja na educação, na empresa, na política, na saúde procurando brechas para aumentar a participação das pessoas, através de uma nova visão, mas dentro de um ambiente tecnológico/topológico, no qual eles eram a minoria insatisfeita.

Era uma proposta de colaboração fortemente ideológica por não aceitar as regras do jogo.

Era algo que levava a colaboração ao limite possível do mesmo ambiente cognitivo, forçando, ao máximo, todas as possibilidade. Colaborar daquela maneira era algo opcional, que passava por uma ideologia forte, pois acreditava-se que podia se inovar de forma radical, ampliando a colaboração e tendo melhores resultados.

  • O DNA da colaboração estava ali como alternativa, procurava-se uma nova topologia.
  • Os movimentos da Primavera Árabe, dos jovens da Espanha e dos americanos já tem essa nova topologia, na qual a colaboração é a regra,  falta-lhes a nova ideologia.

É invertido, típico dos tempos que estamos vivendo: uma mudança social imposta pela tecnologia e não pela ideologia. Eis a marca estranha e pouco compreendida de uma Revolução Cognitiva!

Uma Revolução Cognitiva, da qual estamos fazendo parte, querendo ou não, entendendo ou não, entretanto, é algo bem diferente. É fazer a melhor colaboração possível, porém em um ambiente tecnológico/topológico diferente. A colaboração é trazida pela mudança da tecnologia, da topologia e não apenas pela ideologia! O esforço ideológico é muito menor, pois a Revolução Cognitiva traz a colaboração para o mundo como uma saída sistêmica.

Revoluções Cognitivas mudam os ambientes e as topologias cognitivas e estabelecem uma nova forma de comunicação/produção, na qual muda-se a colaboração não por uma nova visão ideológica, mas pelo uso adequado de uma nova tecnologia/topologia, que impõe a colaboração com algo intrínseco ao uso.

Assim, é algo bem diferente!

O problema é que olhamos para a colaboração que ocorre nestes novos ambientes tecnológicos/topológicos e queremos, num passe de mágica, adotá-la, como se bastasse dizer:

Abracadabra colaboração!

E ela se inicia.

Note que o modelo piramidal topológico que vivemos só admite a colaboração com uma alta taxa de ideologia para que possamos tirar leite de pedra, pois a topologia atual de trocas produtivas e de comunicação não foi feita topologicamente para isso.

E com o seu longo período de uso está com alta taxa de intoxicação. Os interesses já aprenderam como se utilizam do ambiente para continuarem no topo. O esforço para mudar isso é completamente desproporcional aos resultados que serão obtidos.

Para termos a nova colaboração tecnológica/topológica, é preciso criar ambientes, plataformas, para que ocorra, que muda completamente a cultura de trabalho e de comunicação que estávamos até então  acostumados.

Só teremos a nova colaboração topológica/tecnológica dentro de ambientes dessa natureza, criando a plataforma.

Assim, não vamos entrar nas redes sociais, mas criar redes sociais para poder vivenciar os benefícios da nova topologia da colaboração.

Qualquer tentativa de implantar a colaboração mantendo o mesmo ambiente é  apenas ideológica e terá que enfrentar todas as resistências que Freire, Semler, o PT e o povo do AA enfrentaram (e não foram pouca).

Não existe magia, apenas topologia.

O difícil é aceitar e encarar a mudança que isso significa.

É isso, que dizes?

3 Responses to “Colaboração: não existe magia, apenas topologia!”

  1. Bruno disse:

    Nepo, imagino que para termos a nova colaboração tecnológica/topológica é preciso passar pela colaboração ideológica.

    A tecnologia é uma abstração do mundo real. Uma rede social é a abstração da comunicação humana, por exemplo.

    Sendo assim, acredito ser lógico e necessário passar pela colaboração ideológica primeiro. Talvez, um “mal” necessário.

    • Carlos Nepomuceno disse:

      Bruno, não entendi o que seria a colaboração ideológica….ao estarmos conectados, querendo ou não, já estamos colaborando.

      A ideologia das redes vai aparecer quando alguém sugerir mudanças nas organizações, apoiada nas novas possibilidades das redes.

      Isso está latente, falta pouco.

  2. […] Carlos Nepomuceno, no artigo Colaboração: não existe magia, apenas topologia!*, é necessário criar um ambiente favorável a colaboração, mudar a estrutura de comunicação […]