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Quanto maior o controle de ideias, maior será o véu e menos as pessoas terão consciência dele. E vice-versa: quanto menor o controle, mais fontes independentes de ideias, menor será o véu e mais teremos consciência dele.

Versão 1.0 – 27 de setembro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Temos a ilusão da verdade.

Consideramos, pela pela ordem que:

  • – ela existe;
  • – é possível chegar a ela;
  • – e que a nossa “verdade” foi construída apenas por nós.

O filme “Matrix” é uma boa metáfora sobre o que é a verdade e o que vou chamar de “véu cognitivo“.

  • Há uma “realidade” que interessa a alguém, que nós “engolimos” e aceitamos como nossa.
  • Esse véu é maior ou menor coletivamente, conforme o ambiente de controle de ideias.

Quanto maior o controle, maior será o véu e menos as pessoas terão consciência dele. E vice-versa: quanto menor o controle, mais fontes independentes de ideias, menor será o véu e mais teremos consciência dele.

Uma Revolução Cognitiva tem esse poder mágico de, uma hora para outra, massificar novas fontes de ideias e romper gradualmente, conforme avança, com os véus de plantão.

O que era verdade absoluta passa a ser questionada, pois há um radical aumento da taxa de troca de informações e a confrontação com novas ideias inusitadas.

E o mais interessante: a sociedade, passamos a perceber, que  é do jeito que vemos –  com seus modelos, interesses, verdades, ajustes, modelos de gestão – por causa do controle das ideias e do véu existente.

Quando há um descontrole das ideias, as verdades que estão embutidas naquele véu vão se esmaecendo!

Há, em paralelo, um amadurecimento afetivo, pois é preciso saber escolher, por si só as fontes em um mundo mais “desfiltrado”.

  • Na última Revolução Cognitiva, questionou-se o poder do rei, o fato dele ser escolhido por Deus e ter sangue azul, verdades absolutas.
  • Hoje, questiona-se o lucro como fim em si mesmo, o direito que temos de sermos humano-centrados, entre outras absolutas verdades.
  • Lá, se falava da república, agora falamos de uma democracia digital.
  • Lá, se falava de um sistema econômico mais dinâmico, hoje falamos no capitalismo social, ou pós-capitalismo mais humano e mais eficiente, baseado em coletivos inteligentes e robôs informacionais.

Na figura abaixo, procuro demonstrar como a sociedade estrutura seu modelo de gestão, a partir do controle das ideias:

  • As organizações sociais estruturadas, ao longo do tempo, se apoderam dos canais de fluxo de ideias e passam a ter uma alta taxa de controle sobre elas;
  • Criam com esse controle um véu cognitivo que estabelece um senso comum na sociedade;
  • Por dentro desse véu estão alguns interesses velados, que não teriam tanta lógica se houvesse mais debate, novas fontes de ideias e um aumento da taxa de troca entre as pessoas;
  • Cria-se um senso comum, que é algo como a média daquilo que acreditamos ser razoável, ou a verdade, que não podemos questionar, porém só se sustenta com a alta taxa de controle específica;
  • E, por fim, esse conjunto de aparatos (controle + véu + interesses + senso comum) estabelece um equilíbrio de uma gestão social, ou representação, que é aceita por todas como a melhor possível, não por ser a melhor, mas por ser a disponível e sem alternativas.

Vejamos agora o que ocorre em uma Revolução Cognitiva:

  • Entram novas fontes de ideias na sociedade, que passam a representar novos interesses, com um aumento radical da taxa de troca de ideias entre as pessoas;
  • O véu cognitivo começa a se esmaecer, com a construção de outro senso comum;
  • Novos modelos de gestão mais dinâmicos são apresentados e testados, que são agora viáveis, em função da nova tecnologia cognitiva (antes não eram possíveis);
  • Construindo um novo modelo de organização, baseado em novas filosofias, a partir de novos interesses.
  • Por tendência, estes novos interesses representam melhor os anseios da sociedade, que estão mais frescos, do que os anteriores, representando um retorno a determinados princípios deixados de lado em função do forte controle passado.

O que temos que perceber – e isso é a grande ajuda do estudo das Rupturas Cognitivas – que somos o que somos, pois fomos condicionados pela taxa de controle das ideias e pelo véu cognitivo que foi criado e aceito como se fosse a nossa verdade.

Todo o modelo social e de gestão é fruto disso.

É sobre essa base que ele foi estruturado.

Quando há uma mudança radical nesse equilíbrio, todo o resto se modifica, pois o véu se esmaece e algumas verdades que eram insustentáveis à luz do dia, vem abaixo.

Por aí,

que dizes?

8 Responses to “O véu cognitivo”

  1. Tatiane disse:

    Me parece que para ocupar o papel de transformadores neste processo, e acredito ser este o intuito, é necessário um autoconhecimento dos nossos próprios véus.

    Assim como falamos do véu cognitivo em referência a sociedade, temos que nos lembrar que fazemos parte desta mesma sociedade, ou seja, será necessário avaliar e encontrar nossos véus e trabalhar a redução ou ao menor aumentar a nossa taxa de consciência a respeito da origem e do contexto de cada um de nossos véus, para que possamos ser melhores agentes de transformação.

    Meus esforços hoje se enquadram em duas linhas em parelo

    1) Autoconhecimento
    2) Elaboração de novos modelos intermediadores 2.0 que possam suprir de forma mais 2.o a demanda dos seres humanos.

    Entendo que sem o primeiro, terei muitas dificuldades em alcançar o segundo.

    Outro ponto que observo é com relação a uma sociedade 2.0 : Acredito que chegaremos lá. O grande desafio é que no meu ponto de vista, temos poucos “Luteros”, uma grande quantidade corporações e outros grandes controladores de ideia e uma incrível MASSA POPULACIONAL 1.0
    Que anda pra lá e pra cá conforme é guiada e que a meu ver ainda não atingiu a latência necessária para que suas taxas de véu diminuam.

    Será que existe alguma forma de aumentar a latência? De estimular que esse processo seja acelerado por injeção de estímulo de latência?

    Iniciativas como o vídeo : http://www.youtube.com/watch?v=eqPjWycMO0E&feature=youtu.be
    podem incentivar e estimular uma massa que ainda prefere compartilhar e curtir que “A culpa é da Rita” ?

    Um abraço para quem pediu pra acordar quando setembro acabasse …

  2. Claudia Mattioli disse:

    E o véu está puindo…. É assim que enxergo o véu pós revolução cognitiva. É o consumidor 2.0, algumas vezes já tendo a experiência de compra ou de utilização de serviço em uma empresa também 2.0.
    Os consumidores trocam ideias, experiências com o mundo, têm claro o seu direito, e correm atrás dele. As empresas não podem mais terem como premissa somente a lucratividade, exatamente pela mudança de perfil e de comportamento do novo consumidor. Elas precisam em primeiro lugar priorizarem a prestação do serviço ao cliente (o seu encantamento)e como resultado, obterem a lucratividade pela sua fidelização.
    Neste novo modelo de empresas 2.0, também faz-se necessário o investimento e a busca pela inovação, que traz consigo novos interesses, mais oportunidade de trocas de ideias, e um senso comum entre as pessoas. E o véu nesta história, onde os personagens e as falas são tão claras? Está esmaecendo.Claudia

  3. Clara Matos disse:

    Esse véu pode ser compreendido como uma alienação, um controle de ideias, que gera uma ilusão, uma imagem distorcida da realidade. A tendência (esperamos!), com essa revolução cognitiva, é que a “taxa” desse véu cognitivo diminua cada vez mais e possa reduzir esse grande controle de ideias, aumentando assim o senso crítico da população em detrimento ao senso comum. Está cada vez mais clara a importância de valorizar o capital humano, a opinião do consumidor. É o capitalismo social em ascenção.

  4. Verônica Vasque disse:

    Concordo com o texto. O livro 1984 também é uma ótima metáfora para essa discussão – a alienação gerada pelo controle de ideias e por um véu social de que se tem (tinha) pouca consciência. Com a revolução cognitiva e o advento da internet, em especial, os canais de expressão foram democratizados. Portando, mais pessoas tiveram acesso às novas fontes de ideias, trocaram informações e aumentaram suas taxas de senso crítico. Notável. Esses primeiros passos da descentralização de poder e do descontrole de ideias me faz enxergar um caminho para a “consagração” de uma verdade mais crítica e aceitável. Os blogs independentes, que se dedicam a informar e/ou a divulgar opinião, estão aí para servirem de exemplos. Ganhando cada vez mais credibilidade, atenção e acesso dos internautas. Além disso, em tempos de eleições, canais alternativos, como as redes sociais, são espaços-chave para novos modelos de gestão de campanhas. A candidatura do Freixo é um ótimo exemplo que vem ganhando voz graças à essa “Revolução Cognitiva”. Mas ainda há um longo caminho a se percorrer…(com reticências).

  5. […] Internet, como tenho dito aqui, rompeu um modelo secular de controle de ideias da mídia impressa e eletrônica, através do […]

  6. Carlos Nepomuceno disse:

    Bom, Tatiane, acho que as latências existem.

    O que podemos fazer é ampliar os canais para que as latências tenham espaço para fluir. Este é o papel de um agente de mudanças 2.0.

    Grato a todos os outros que comentaram, concordo 100%.

  7. […] Internet, como tenho dito aqui, rompeu um modelo secular de controle de ideias da mídia impressa e eletrônica, através do […]

  8. Fernanda Salvador disse:

    Sobre o véu que existe em cada um de nós, realmente acho que nunca seremos totalmente livre de véus. Com o passar do tempo, vamos substituindo um véu por outro. Tenho observado também que muitos casos, as pessoas se sentem, hoje em dia, ameaçadas em dizer o que sentem de verdade. E “fingem” tirar alguns véus, que na realidade nunca serão extintos. Infelizmente ainda vivemos num mundo cheio de hipocrisia, preconceito e falsidade.
    Podemos aproveitar o tema acima, para ser usado no nosso dia a dia, com ser humano e não somente como profissionais.

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