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  Prever que vai fazer sol amanhã, baseado na metereologia, não é ser otimista, mas apenas ter confiança que os métodos que prevêem o tempo são cada vez mais fidedignos.

Versão 1.0 – 27 de setembro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

No meu último post, tive alguns comentários dos meus alunos do módulo “Conversão 2.0” do curso “Estratégia em Marketing Digital“, turma XI, do IGEC/FACHA.

Um deles escreveu:

“Peço desculpas, mas lamentavelmente não consigo ser otimista suficiente”.

Nele, defendo que estamos vivenciando o aumento da taxa de princípios sobre a taxa de interesses individuais.

Acredito que seria melhor dito:

A queda da taxa de interesses de poucos sobre os demais e o aumento da taxa do interesse dos demais sobre poucos.

Chego a conclusão de que tudo que pode ser medido, não é pessimista ou otimista, mas apenas dados que refletem algo mais próximo da realidade.

Vamos aprofundar.

Acredito que é de fácil comprovação que hoje o cidadão/consumidor passe a contar com formas de avaliar melhor o produto, serviço e o passado de cada organização.

Podemos apontar que nos últimos 10 anos vimos surgir:

  • ferramentas de busca –  (Google, Bing, etc) que nos permitem pesquisar sobre qualquer assunto, entre eles o produto, serviço e o passado de cada organização;
  • ferramentas de troca de ideias entre conhecidos –  (Facebook, Twitter, Orkut) que nos permitem saber a opinião dos nossos amigos/conhecidos sobre qualquer assunto, entre eles o produto, serviço e o passado de cada organização;
  • ferramentas de troca de ideias entre desconhecidos – (Reclameaqui, entre outros, ver lista aqui), que nos permitem saber a opinião dos nossos amigos/conhecidos sobre sobre qualquer assunto, entre eles o produto, serviço e o passado de cada organização;
  • ferramentas de comparação de preços –  (Buscapé, Bomdefaro, etc) que nos permitem comparar qualquer produto e até serviços;
  • ferramentas de publicação individual –  (Blogger, WordPress, entre outros) que nos permitem escrever e ser lido sobre qualquer produto e até serviços;
  • ferramentas de compra a distância – o que permite fazer negócios longe do nosso local de trabalho e moradia (Todos os sites de comércio eletrônico do Brasil e fora dele);
  • ferramentas de compra de produtos usados – o que permite comprar o que outros já usaram, sendo mais um competidor e uma alternativa ao novo (Estante Virtual, Mercado Livre, Livronauta);
  • ferramentas de compra de desconhecidos – o que permite comprar o que outros já usaram, sendo mais um competidor e uma alternativa ao novo (Mercado Livre, Livronauta, Estante Virtual).

Pode-se levantar a estatística disso, mas digamos que:

  • – este conjunto de ferramentas tem sido cada vez mais utilizado;
  • – pessoas têm trocado cada vez mais;
  • – mais gente entra na Internet a cada dia;
  • – e isso não é algo que volta para trás, ou vai arrefecer, pelo contrário, isso tem ido para o celular e está cada vez mais presente na vida do cidadão/consumidor.

Alguém pode contestar estes fatos?

Não seria, assim, otimista afirmar, mas apenas constatar, de que as organizações viviam em um ex-ambiente em que havia uma relação desequilibrada entre a sua taxa de poder determinar  regras, verdades, produtos e serviços para a sociedade e a resposta desta em questionar. Certo?

Mais: que essa taxa vem caindo ao longo do tempo, em função destas novas ferramentas.

É real isso ou otimista?

Os dados estão aí.

Ao analisar essa nova relação de poder entre organizações de plantão x consumidores/cidadãos podemos dizer que hoje há um aumento do poder de escolha, de decisão, de pressão, de denúncia, de troca que antes não havia.

Assim, podemos afirmar, sem ser otimista, que existe um fato novo no mercado: o consumidor/cidadão ganhou poder.

Talvez, isso já seja consenso.

O que não é consenso é:

Essa nova co-relação de forças trará um ciclo virtuoso de interesses coletivos em detrimento de interesses individuais, como ocorreu na última Revolução Cognitiva do papel impresso? (Ver mais sobre isso nesse post.)

E aí teremos dois pólos.

  • De um lado, os interesses individuais de alguns, que insistirão em tentar impor seu projeto;
  • Do outro, o interesse de mais gente, de um coletivo maior, que não aceita mais a antigas  taxa  de desigualdade.
Um grupo menor só consegue manter seus interesses. ao longo do tempo, em detrimento da maioria de duas formas:
  • – Ou controla pela força física;
  • – Ou pelo controle das ideias circulantes, asfixiando, ou se utilizando de forma competente dos meios que passaram a dominar reduzindo o fluxo das ideias circulantes.
A outra alternativa de controle, a mais nobre, quando há esse despertar da sociedade, via nova mídia,  é sair dos modelos clássicos e partir para um controle baseado na negociação, na troca, na conversa e no convencimento pelo exemplo e atitude, para onde estamos indo.
  • Seria o controle dos princípios, que é o que tem aumentado a taxa atualmente.
Ou seja, você não vai impor ao mercado/sociedade aquilo que você quer ou deseja, apenas baseado nos seus interesses de grupo menor, mas terá que negociar com ele para que o outro lado também seja ouvido e atendido.
Não por que se quer, mas como meio de sobreviver no novo ambiente, que assim exige.
Para isso, você tem que se apresentar como alguém que não está apenas vendo o “seu lado”, mas também o da sociedade/mercado.

Para você poder criar essa relação é preciso que mostre que seus objetivos, atitudes, posicionamento esteja voltado – de fato – para esse interesse do coletivo acima do individual.

E aí temos o resgate dos princípios, que nada mais é do que uma taxa maior do interesse coletivo em detrimento do individual.

Ou seja:

Quanto mais a taxa de interesse individual ou de pequeno grupo conseguir se impor na sociedade em detrimento da maioria, mais teremos naquele momento uma maior taxa de interesses privados, particulares, em relação à sociedade.

E o contrário também é válido.

Quanto mais a taxa de interesse coletivo ou de mais gente  conseguir se impor/ ou limitar  na sociedade o poder de uma minoria, mais teremos naquele momento uma maior taxa de interesses coletivos da sociedade, gerais, em relação aos grupos menores.

Isso não é um otimismo, pois é algo que pode se mensurar.

Tudo que é passível de mensuração, assim, sai da ideia de otimismo x pessimismo (que é algo que se baseia em subjetividades, opiniões) e entra na mensuração, nos dados que podem ser levantados e analisados e é para isso que a Ciência deveria existir.

(Nosso estranhamento é fruto da novidade: somos condicionados pelo controle e descontrole da mídia de forma que não sabíamos que novos espaços democráticos surgem pelo descontrole de uma nova mídia que chega – isso é muito novo e recente.)

Portanto, o que afirmo é o seguinte.

Em uma Revolução Cognitiva, há um empoderamento maior da sociedade que impede que as organizações de plantão continuem a exercer seu modelo produtivo/ideológico da mesma maneira, voltadas para si. Este interesse de poucos estava  intoxicado por um modelo de uma alta taxa de controle de ideias, em função de uma mídia na qual se conseguia ter uma boa taxa de controle. A mídia perde força, o modelo baseado nela, idem.

Tal situação, continuada ao longo do tempo no modelo mais controlado, faz com que as organizações se voltassem mais para os seus interesses particulares (projetos individuais/de pequenos grupos) do que para algo mais coletivo projetos mais amplos/de grupos maiores).

Ao falarmos de princípios, portanto,  estamos defendendo que o projeto de grupos maiores, não necessariamente da maioria, estabelece princípios mais abertos e que o que for gerado deve ser compartilhado por mais gente, em uma relação de troca mais satisfatória para ambos os lados.

Estamos, na verdade, fundando uma nova democracia baseada  em novos valores, a partir dos quais haverá uma nova relação entre as organizações e o cidadão/consumidor menos desigual que a atual.

Isso não é uma linha contínua, o que seria otimismo,  mas um reajuste, que pode durar por um período e estabelecer um novo patamar de troca social, um novo reequilíbrio entre as duas forças, que irão variar conforme as novas organizações  digitais consigam controlar a circulação de ideias da mídia que desponta.

E isso não é pessimismo, mas apenas a constatação que é um vem e vai.

Portanto, diria ao final que só podemos chamar de otimismo ou pessimismo algo que não pode ser medido.

Prever que vai fazer sol amanhã, baseado na metereologia, não é ser otimista, mas apenas ter confiança que os métodos que prevêem o tempo são cada vez mais confiáveis.

Grato aos meus alunos por me inquietarem.

Que dizes?

 

4 Responses to “Reflexões acerca do otimismo 2.0”

  1. Sarah Costa disse:

    Me pego otimista ao ler relatos sobre tais discussões.
    Acredito que a história não tem um curso determinado. Existem sim, mensurações e projeções respaldadas no ocorrido anteriormente, conhecendo o ambiente atual.
    Mas existem pessoas, como nós, que buscam entender isso, e que serão mediadoras da mudança e protagonistas do momento que virá.

    Aberto ou novamente fechado?
    É justamente toda a subjetividade que envolve esse campo que torna indeterminada qualquer previsão. E a busca pelo entendimento do processo(passado) nos garante essa posição de mediadores.

    Somos soldados do xadrez, o desempenho pessoal determinará os jogadores estratégicos, um bispo ou um soldados que, ainda unidos, prosseguirão na busca do objetivo comum.
    A batalha está lançada e a janela aberta. Nosso conhecimento não deve nos fazer querer pular e sim apreciar a paisagem.

    O resgate de princípios, a constatação dos fatos, os projetos dos grupos maiores, o coletivo e o individual. Esse é nosso cenário.

    Transformemos o desespero em força para sermos protagonistas e não coadjuvantes do que virá.

  2. Fernanda Salvador disse:

    Já que a palavra chave em questão é “otimismo”, vou dar a minha opinião sobre o assunto, me manifestando da seguinte forma, me vejo otimista, sim! Percebo que estamos caminhando por um mundo mais desenvolvido e com um poder de informação maior, o que nos auxilia no conhecimento e nos nossos direitos e deveres.
    Só precisamos ajustar o poder público e privado para que resgatem princípios básicos de desenvolvimento e manutenção tecnológica para a população.
    E todos nós temos importância para a construção de uma nova história.

  3. Rogério Campos Rocha disse:

    Show!!!
    Obrigado Mestre…

  4. Clara Matos disse:

    “Estamos, na verdade, fundando uma nova democracia baseada em novos valores, a partir dos quais haverá uma nova relação entre as organizações e o cidadão/consumidor menos desigual que a atual.”

    Excelente afirmação!

    Concordo também com a Sarah quando ela afirma: “Nosso conhecimento não deve nos fazer querer pular e sim apreciar a paisagem.”

    E complemento ao achar que devemos aproveitar esse conhecimento adquirido para agir estrategicamente com o objetivo de equilibrar essa relação empresa/consumidor.

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