A indústria de notícias é uma que mais sofre diretamente e mais fortemente a chegada da Internet, pois esta mexe com algo básico daquela indústria: a maneira de controlar e distribuir informação.
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Todo dia saem notícias de seminários sobre o futuro do jornalismo.
A indústria de notícias é uma que mais sofre diretamente e mais fortemente a chegada da Internet, pois esta mexe com algo básico daquela indústria: a maneira de controlar e distribuir informação.
(O novo modelo de controle altera a gestão de todas as organizações, mas umas terão mais tempo, outras menos.)
Destaco o artigo do Valor, de 10/09/2012, no qual depois de muito texto, de uma página inteira do jornal, no último parágrafo temos o seguinte desfecho:
A relevância das redes sociais para o jornalismo, entretanto, não é um consenso. Para Ryaad Mynty, chefe para mídias sociais da TV Al Jazeera, todos os cidadãos são produtores de notícia e as empresas têm de criar a cultura da participação. “Os meios não são os primeiros a dar as notícias; são as pessoas. Nós as recolhemos, organizamos e distribuímos para todo mundo.” A opinião, que reserva ao jornalista um papel secundário, não encontrou muito respaldo na plateia.
Note que nesse parágrafo temos um tema para vários seminários, nele está contido:
– cidadãos são também produtores (ou reprodutores) de notícia;
– cultura da participação;
– Modelo de jornalismo: . “Os meios não são os primeiros a dar as notícias; são as pessoas. Nós as recolhemos, organizamos e distribuímos para todo mundo.”
– A opinião, que reserva ao jornalista um papel secundário, não encontrou muito respaldo na plateia.
No âmago dessa discussão, voltamos ao tema principal, colocado neste post.
É a rede social digital que vai se adaptar ao atual jornalismo ou é o jornalismo que vai se adaptar à rede social?
Vivemos um momento de crise de percepção, típico quando nos defrontamos com um problema complexo, no qual todos têm uma opinião apaixonada pelo tema.
Diria que temos que ver o cenário em três dimensões distintas para não nos atrapalharmos.
- O que aconteceu ontem?
- O que acontece hoje?
- E o que vai acontecer amanhã?
Sabemos, a olhos vistos, que o jornalismo, como a gestão, não pode mais ser vista no modelo das práticas que eram válidas até 2004, antes da forte participação dos consumidores/cidadãos nas redes sociais digitais.
Ou seja, há uma necessidade de mudar.
Isso me parece consenso.
As questões na mesa são:
- Mudar para onde?
- E quando?
- De que forma?
Quando Ryaad Mynty, chefe para mídias sociais da TV Al Jazeera fala da cultura da participação, ele introduz algo diferente do que é hoje consenso na indústria da mídia.
A sociedade, através do Governo Aberto, mais transparência, já aceitou que vai se abrir um pouco mais para a sociedade, dialogar mais.
Porém, a ideia da participação e da colaboração não é um consenso.
E é justamente esse o impasse da visão que temos pela frente.
Hoje, estamos na fase da interação maior e não da participação maior.
Ainda consideramos que o modelo de intermediador passado não estará completamente modificado no futuro.
No presente, não está claro de que iremos ampliar a participação dos consumidores/cidadãos/leitores no modelo de controle da gestão/informação, que são unha e carne, como defendi aqui.
Quando se fala em participação tem-se a impressão que o “o jornalista terá papel secundário”.
Ele terá um novo papel, nem secundário, nem primário, pois a demanda por significado é cada vez mais primordial na sociedade.
O problema é que não chegamos ainda ao novo modelo e nem conseguimos sair do atual, vivemos um limbo entre duas etapas.
O impasse é de que precisamos de um novo modelo de controle/gestão, no qual há um reposicionamento e gradual do papel do profissional de informação/comunicação.
Olhar o presente para um público pré-Revolução Cognitiva nos dá uma visão deturpada, pois é para os jovens e suas expectativas que temos que observar e criar projetos.
O impasse está justamente como harmonizar passado, presente e futuro.
Assim, surge a ideia de um modelo de gestão de inovação (que nada mais é do que gerenciar mudanças) que possibilite continuar a operando nestes três tempos em paralelo (passado, presente e futuro), sem prejuízo para a organização.
- Parte no modelo tradicional para quem ainda o consome;
- Experimentando modelos novos mais ainda na cultura sem a participação;
- E, por fim, projetos arrojados com a participação no centro do cenário.
Algo como zonas de inovação programadas, como defendi aqui.
Por aí, que dizes?
Relevante esses dados:
Jornais em papel em declínio nos EUA, apesar do crescimento on-line
http://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2012/03/06/interna_tecnologia,281744/jornais-em-papel-em-declinio-nos-eua-apesar-do-crescimento-on-line.shtml